segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Feliz Natal do Econosheet

Feliz Natal para todos, um próspero ano novo também(se eu não postar aqui antes disso).

Não se preocupem, não vou fazer uma análise econômica do natal(não garanto que o Marcelo ou o Ricardo não façam). Esse post é só para as felicitações e para dizer besteiras.

Por exemplo, sugestão do autor: assistam "Esqueceram de Mim" no natal, o segundo principalmente, é o filme mais divertido de natal que eu consigo me lembrar agora. Mostra Nova York toda decorada para as festividades natalinas, mostra o Kevin subindo nas torres gêmeas(e aí dá muita saudade daquela vista pré 9/11).

Ah, ganhei um livro chamado "O Capital" do Francis Wheen, que é um cara que acha que Marx pode ser o penador mais influente do século XXI. No momento eu acho o Francis Wheen o escritor mais idiota do século XXI. Mas ele não precisa se preocupar com isso, a estupidez não tem limites, logo aparece um pior.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Heterodoxos como rent-seekers

Heterodoxos são, ao contrário do que se consideram, egoístas. Talvez a corrente keynesiana seja a mais egoísta da economia. Ao defender políticas de seguro desemprego, um keynesiano se coloca na situação de um desempregado, isso é um erro. Claro que se eu perdesse o meu emprego desejaria receber 100% do meu último salário do governo. A teoria econômica, porém, não deve ser usada, dessa maneira, para resolver problemas pessoais (vide o post sobre auto-ajuda marxista).
Todo o mundo sabe que o governo tem um orçamento, não é possível gastar mais do que se arrecada (não deveria). Quando um heterodoxo defende seguro desemprego ele não pensa quanto isso custa ao Estado, pensa apenas na sua situação pessoal.
Ao defender sua salvação pessoal um heterodoxo sabe que não é qualificado, sabe que estudou pouco (se tivesse estudado mais seria ortodoxo). O mesmo vale para qualquer outro serviço prestado pelo Estado.
Heterodoxos defendem gastos públicos porque querem cargos públicos, bem remunerados e pouco trabalho.
É preciso separar ciência e vida pessoal!

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Dicionário patriótico

Esse é um esforço do econosheet para resgatar nosso orgulho pela pátria, que atualmente está ferido pelo uso de estrangeirismos. Vamos baní-los de nomes de pessoas, de produtos e de tudo que aparecer pela frente:

Econosheet= Econofolha
Coca-cola light lemon= Coca-cola leve limão
Post-it= Coloque-o
Cream crackers= Quebradiços cremosos
CD(compact disc)= DC(disco compacto)
Investshop=Loja de investimentos
Milk Shake= Leite mexido(ou ainda podemos aportuguesar "Milque cheique")
Volkswagen= Carro do povo
Mouse= Camundongo
Pizza= ?(aceito sugestões)
Hamburger=?(idem)
Site= sítio
Brainstorm= Toró de palpite(catarinenses são pioneiros)
Happy hour= Hora feliz
Sport Club Internacional= Esporte Clube Internacional
BMW(Bayerische Motoren Werke)= OBM(Oficina Bávara de Motores)
GM(General Motors)= MG(Motores Gerais)
Johnnie Walker= João Andarilho
Sufresh= Sufresco
Croissant=?
Brownie=bolinho afrodescendente(by Marcelo)

Por enquanto é isso. Viva a liberdade tupiniquim.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

E a liberdade?

Aldo Rebelo não gosta de estrangeirismos. Acha que eles atrapalham a vida de quem não os entende. Como ele não entende o que é liberdade, ele fez uma lei para acabar com eles(aí a entrevista onde ele comenta isso):

http://www.terra.com.br/istoe/1621/1621vermelhas.htm

Estou atrasado para falar mal disso, o Diego Baldusco, meu colega que escreve no Pensando em Economia já comentou de forma brilhante no post "Welcome to the Jungle":

http://pensandoemeconomia.blogspot.com/2007/12/welcome-to-jungle.html

O Guilherme Stein já replicou no Rabiscos Econômicos, no post "Diego está brabo...". Recomendo que leiam o que os dois disseram, concordo com eles, por isso não pretendo repetir aqui.

Acredito que o maior problema dos que criam uma lei dessas e dos que apóiam-na é que possuem uma compreensão distorcida dos papéis do Estado. Uma coisa é acreditar que certa atitude é ruim, ou não gostar de alguma coisa, outra coisa completamente diferente é defender que o Estado interfira nesse assunto. Um exemplo simples: eu não gosto do S.C. Internacional, acho o Grêmio muito melhor. Tenho todo o direito de achar isso. O que seria um absurdo é eu defender que o governo proíba as pessoas de serem coloradas por não gostar do S.C.Internacional.

Vale o mesmo pros estrangeirismos. As pessoas podem gostar ou não deles, todos têm suas preferências. O problema é probir alguém que gosta deles de utilizá-los. Vitrines de lojas e propagandas são propriedade PRIVADA. Felizmente o comércio não tem uma "função social" na constituição (essa é uma das grandes imbecilidades da nossa querida cartinha de 1988). Se um vendedor quiser escrever em mandarim e afugentar 99,9% da população, que não entenderá o que está escrito, o problema é DELE. Ele que terá prejuízo, a propriedade é DELE. O governo interferir no que ele escreve na propriedade dele é uma medida completamente autoritária, que fere o direito de liberdade de expressão.

Um argumento utilizado é que muitas pessoas não entendem o que está nas vitrines e que, sabendo a língua do seu país, elas deveriam entender. Deveriam é? Onde diz isso? Se eu quiser escrever em código em uma propriedade PRIVADA, eu não posso? O mesmo vale para inglês, mandarim, japonês, russo, kingle(é assim?).

Seria melhor que tudo fosse escrito em português? Se alguém conseguir provar que políticos entendem mais de comércio do que lojistas, dá pra discutir isso.

Ah, o Aldo Rebelo não gosta de nomes estrangeiros. Ele acha fantástico o exemplo de Portugal, onde quase todos os homens se chamam "Joaquim" e "Manuel". Andei pensando, se ele conseguir o que quer, vou ter que me chamar "Cristão Lobo-Guará".

Ele diz que: "Achar que o povo só precisa de comida é um erro.". O problema é que, para ele, o povo precisa de comida e futebol. Adianta muita coisa...

É por causa de idiotas como esse que o país está assim. E é porque o país está assim que a gente adora coisas de fora, quer ir embora correndo. É uma pena. Mas quando quiserem mudar meu nome e proibir qualquer forma de cultura estrangeira, aí minhas ameaças(não sei exatamente a quem isso representa uma ameaça) de ir embora vão ter que deixar de ser ameaças. O precedente para isso está aberto.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Dinheiro e Felicidade

É comum ouvir que dinheiro não traz felicidade. É balela.
O gráfico abaixo mostra uma pesquisa sobre o assunto



Veja que maravilha a posição do Brasil, povo alegre, é?
Curioso que a Holanda é o país com o maior número de pessoas felizes/satisfeitas.

Nem precisa de muitas pesquisas, basta ver que não tem americanos migrando para Cuba, o que acontece é o inverso. E como é que fica a land of universal happiness do Fidel?

Curioso que as pessoas ainda tentam argumentar que crescimento não é importante, veja Cingapura no gráfico.

Claro que tem coisas que o dinheiro não compra, mas elas são de graça em algum país?!

É interessante notar que os países mais ricos tem, obviamente, um nível educacional mais alto, portanto, estudar pode fazer as pessoas felizes. (será?)

Duas frases de um mesmo professor sobre o assunto: "ser pobre é uma merda" e "tá, dinheiro não traz felicidade, mas prefiro ser infeliz rico que infeliz pobre."

*eu sei que existem várias pesquisas que mostram o contrário, mas quem pros que acreditam que dinheiro não traz felicidade oferto minha humilde conta bancária para liberar-vos dos grilhões de infelicidade.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Centralização e chute pra fora

Na economist dessa semana saiu uma reportagem sobre a baixa qualidade dos jogadores de futebol ingleses. É interessante.
Em 1997 a Football association transferiu boa parte da formação dos jovens atletas para os clubes de futebol. Clubes ingleses importam jogadores, é mais barato, vantagens comparativas.
O que o ministro dos esportes da Inglaterra quer? Cotas! Cotas para jogadores ingleses.
Isso é desculpa pra esconder falta de talento.
O que está errado são os incentivos dados. Qual é o objetivo de um clube de futebol? Maximizar os lucros, como qualquer outra empresa. Isso se faz ganhando jogos. Forçar os clubes a contratar jogadores ingleses é burrice, vai fazer com que fiquem piores. Não basta a seleção ser ruim, o governão quer acabar com os times ingleses também.
Se o governo quiser incentivar jovens craques, que pelo menos o faça de uma maneira menos prejudicial. Faça como a França que criou o Clarifontaine. A Inglaterra até tem um projeto de algo semelhante, mas ainda não saiu do papel.
O governo não pode exigir que as empresas dêem a educação dos seus trabalhadores e ainda criticar o modo como isso é feito.
Governão, centralização e controle dá sempre na mesma, ineficiência e soluções tortas.

Nunca imagina que diria que a Inglaterra deveria copiar a França.
PS. Não sei bigas de futebol, então pode estar tudo errado.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Top ten

Top ten things that I, Christian Wolf, would like to say to Hugo Chavez:

10- You say your government is democratic, are you nuts or just a really bad liar?

9- Do you really believe in communism or you just like being a real pain in the ass?

8- Are you related to that guy on tv?

7- Is it good to be the role model to the "perfect latin-american idiot"?

6-Do you believe that if everybody who doesn't like you was killed, the world would be a better place?

5- Do you have a project like that to make the world a better place?

4- The word is "Zevach Oguh".

3- How do you feel by turning the king of Spain into a hero?

2- Pat Robertson said that the US would save billions(that would be used in a war) if they killed you now. Will you make his profecy come true?

1- About your 12 hour speeches: "Porque no te callas?".

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Tékitoi?

Para que serve o título universitário? (além de deixar a família orgulhosa)
Serve para mostrar ao mercado as capacidades de uma pessoa. A informação não é perfeita. Meu empregador não sabe tudo que li ou não li.
Meu futuro título de economista pela UFRGS servirá para mostrar ao mercado o que li e estudei (supostamente). Um empregador vai ver meu diploma e saber que li Marx, kalecki, Arrighi e demais atrasos, por sorte fui "obrigado" a ler alguns manuais de economia, talvez tenha até lido alguma coisa de Lucas, Friedman e Gary Becker, ele não tem como saber. Se for um empregador que entrevistou diversos ex-alunos da UFRGS terei problemas, serei comparado aos alunos da UFRGS que o sujeito conhece, leitores de Marx, Kalecki e Cia.
Ainda bem que existem universidades diferentes, imagine se um economista formado por Chicago, aluno de Lucas e Gary Becker, fosse comparado de igual para igual com um aluno da UFRGS, aluno dum cara que tem o orgulho de ser um dos maiores entendidos em Marx da região sul.
Nada impede um estudante da UFRGS de ser melhor que um estudante de Chicago, com a internet, é possível baixar praticamente qualquer artigo, comprar qualquer livro. O aluno de Chicago possivelmente sabe mais economia mainstream que o aluno da UFRGS, já que certamente se aprende por osmose naquela universidade. Mas o que realmente importa é a dedicação em casa e isso independe da universidade onde se estuda. (Não levando em conta o custo de oportunidade das leituras, já que somos obrigados a ler Keynes de joelhos no milho, enquanto poderiamos ler outra coisa.
É um problema de seleção adversa, não se sabe perfeitamente se o candidato ao emprego é bom ou ruim, o diploma universitário serve como sinalização, uma garantia de ter no mínimo uma noção de determinados assuntos.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Minha chapa pro DCE

Eu não participo de nenhuma chapa das que concorrem ao DCE, apenas apóio a única delas que não pensa que eu sou fascista, nem que Karl Marx é deus, nem que o Fernando Henrique Cardoso é neoliberal. Se não tem nenhuma que defenda a que eu gostaria, prefiro votar na que não me parece totalmente lunática(quem acha que um maluco enraivescido é deus e que um sociólogo marxista é neoliberal me parece lunático).



Se eu tivesse uma chapa pro DCE, ela defenderia mais ou menos o seguinte(repito: a chapa que eu apóio, infelizmente não defende essas coisas):



1) No curto prazo, fim da educação gratuita na UFRGS pros alunos que puderem pagar. O pagamento da mensalidade deve ser proporcional à renda do indivíduo ou de sua família. o Objetivo dessa medida é acabar com o absurdo que é a classe média e média alta terem sua educação paga pela totalidade da sociedade. Devem pagar os beneficiados diretamente por essa educação



2)No longo prazo, a privatização da universidade. Os alunos que passarem no vestibular e não tiverem condições de pagar a universidade terão sua educação subsidiada por meio de bolsas. Além do mesmo objetivo da primeira medida, essa busca resolver a ineficiência dos serviços públicos. É muito mais barato e eficiente o Estado subsidiar a educação do que fonecê-la diretamente. Além disso, possibilita que alunos de baixa renda estudem em outras universidades(conquistando a bolsa, eles poderiam escolher a universidade de sua preferência).



3)No curto prazo, fim da alimentação subsidiada no Restaurante Universitário. Exceto, claro, o subsídio à alimentação dos alunos de baixa renda.



4)Fim do subsídio às passagens de ônibus e atividades culturais. Exceto, novamente, o caso dos alunos de baixa renda.

Esses são os pontos principais. Claro que ninguém votaria na minha chapa, estudantes da UFRGS adoram os benefícios que recebem, justiça social só da boca pra fora. Distribuição de renda sempre, desde que não a nossa, né?

Quanto menos melhor

Normalmente, nas campanhas políticas, os candidatos propagandeiam o que fizeram: que mobilizaram investimento pra educação, pra saúde, pra defesa dos trabalhadores, dos agricultores, dos jovens, dos idosos, das criancas, dos adultos, de deus(estão dizendo que ele é brasileiro) e do diabo(esse a gente já sabia e atualmente é ministro). No fundo ganha mais votos quem conseguiu gastar mais. É isso mesmo, tem gente que acha que investimento é diferente de gasto, é mentira, investimento é gasto sim. Em geral, se vota no cara que fez aprovou orçamento pra isso, aumentou a verba daquilo, etc.
Eu proponho o contrário, quero que votemos em quem fez menos. Ou nos que defenderam cortes nos orçamentos(vale corte em qualquer coisa, o Friedman já falou que era a favor de qualquer corte nos gastos do Estado) ou aqueles que simplesmente não fazem nada. Pode parecer absurdo, mas um político que vai pra Brasília embolsa o salário e fica coçando dá muito menos prejuízo do que aquele que se esforça pra mobilizar investimentos pra tudo quanto é coisa. O Brasil ainda é um país pobre, não tem dinheiro pra tudo e mais um pouco, o Estado gasta absurdamente mais do que deveria(quem discorda deve comparar o gasto estatal/PIB com o de países de renda per capita semelhante).
Se as pessoas seguissem essa idéia, certamente o RS não estaria afundado em dívidas. Claro que muito mais bonito do que ser responsável é fazer uma escola por esquina, mas o futuro manda a conta. Já está mandando. E é lamentável que quando aparece uma governadora que mostra algum esforço pra melhorar a situação, o pessoal cai em cima, se volta contra todos os cortes. Alguém tem que pagar a conta.
PS: o esforço feito pela Yeda é menor do que deveria ser, mas devemos dar um desconto, sabemos que ela é keynesiana. Ela deve estar preocupada com o multiplicador dos gastos públicos.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Menos universidades e hospitais, mais qualidade

Existem poucos hospitais no Brasil. Isso é bom.*
É bom que hospitais sejam concentrados, universidades também.
Não faz sentido um grande hospital e uma universidade a cada cidade.
Não dá pra ter um Albert Einstein (o hospital em São Paulo) em cada cidade. Quem são os médicos do Albert Einstein? Certamente vários deles são os melhores do Brasil. Exatamente por que grande parte dos médicos quer trabalhar lá, aumenta a concorrência.
Além disso, os melhores médicos convivem uns com os outros, trocam conhecimentos, experiências e realizam pesquisas juntos.
Outro ponto, curvas de aprendizagem, hospitais se especializam em determinadas áreas, fazem os mesmos transplantes etc. Com um maior volume de cirurgias feitas, mais rápidas, baratas e seguras serão as próximas cirurgias. Quem achar que a cidade de Palmitinho no RS tem, 1º capacidade de contratar médicos qualificados e 2º demanda (suficiente) por cirurgias cardíacas por exemplo, só pode estar louco.

Uma universidade não pode existir no meio do nada, não no Brasil. Não dá pra ter unipampa em cada esquina, ou coxilha. Não dá certo. Será sempre uma unipampa, nada além disso. Não é possível ter um departamento de economia como o de Chicago em cada esquina. Os melhores alunos vão atrás dos melhores professores, que se concentram em alguns centros, como Chicago. Lucas é o que porque estudou lá, viveu lá, cercado dos melhores professores e colegas.
Nem é preciso ir tão longe. O RS não sustenta nem 1 excelente curso de economia. O da UFRGS é, provavelmente, o melhor, porém há muitos péssimos alunos e poucos bons professores, por sorte o marxismo não tomou conta de tudo. Há excelentes professores na UFRGS (os liberais), assim como a UFSM ou qualquer outra universidade do RS tem, porém eles estão diluídos, não é possível formar um centro de pesquisa forte, com tradição, como a PUC-Rio ou a EPGE-FGV.

Fazendo uma comparação simples, não adianta uma orquestra com apenas 2 bons músicos ou um time de futebol com um excelente atacante mas que não faz a bola chegar até ele.

*Na verdade os hospitais são péssimos e estão sobrecarregados, claro, tudo da rede pública, sem investimento.

Saúde e educação são importantíssimos, mas não dá pra querer ter uma Harvard e um Albert Einstein em Bossoroca.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Em 1999, o economista Robert Barro esteve em Porto Alegre, no Fórum da Liberdade. Foi a segunda visita dele ao Brasil na década de 90, na primeira, em 1996 ele disse que a política fiscal e monetária do governo não era suficientemente séria. Na segunda, manteve a impressão sobre isso e ficou horrorizado com a política do governo do estado do RS(ele teve a infelicidade de vir na época do governo Olívio), parece que disse que nunca mais voltaria aqui. Vou postar a parte do artigo que ele fala do governo do Olívio:
I was not surprised to learn that Brazil had made little progress in tackling its fiscal and monetary problems. But I was astounded to discover that the state in which the conference took place--Rio Grande do Sul--had joined Cuba and North Korea as one of the world's few remaining Marxist economies. The local governor, Olivio Dutra, was even a dead ringer for Josef Stalin. His economic program seemed to have been inspired by the Soviet Union of the 1950s: an end to privatization, creation of new state companies, coercive agrarian reform, governmental repudiation of contracts with General Motors Corp. and Ford Motor Co., curtailment of foreign investment, and the cessation of payments on debts to the federal government. This local program actually made Brazil's national economic policies look pretty good.
To add to the strangeness, Brazil also appears to be the only major country in the world that imposes cumbersome entry requirements on U.S. citizens. I almost did not make the trip in 1996 because of difficulty in obtaining a visa. Brazilians say the U.S. requires them to get visas to visit, too. So it's just a matter of Brazilian pride. But perhaps in this area, as well as in monetary matters, Brazilians ought to worry more about sound policy and less about nationalism.

O paradoxo do tempo

Como se sabe, o Econoseet tem dedicado vários posts aos trabalhos de aceleração espaço-temporal milton-santistas. Para maiores explicações de como funciona a aceleração do tempo ver os trabalhos de Wolf, Christian.
A idéia básica por trás da aceleração é que um segundo percorre um segunde em menos de um segundo, devido ao capitalismo.
Um problema com a teoria de Milton Santos é que a produtividade de trabalho aumenta. Se um segundo percorre um segundo em menos de um segundo, um segundo de trabalho (que é menos de um segundo) deveria render menos produto que nos tempos em que 1s=1s.
Olhando alguns dados de produtividade pode-se ver que a produtividade cresce, trabalha-se mais por segundo, ou seja, um segundo de trabalho percorre um segundo mais devagar, já que rende mais, ocorrendo uma desaceleração do tempo.
Porém o tempo não está passando mais devagar, ou está? Alguém tem essa sensação?
Chegamos a um paradoxo! Um segundo de trabalho é mais de um segundo no relógio, um segundo normal é menos de um segundo no relógio.
Estariam os relógios loucos e o tempo se dissolvendo?
Ainda falam que Marx tinha o poder de ver o futuro, começo a achar que Dalí foi o grande Nostradamus. Pelo menos fica mais bonito que um exemplar do Kapital em casa.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Comércio de órgãos

Não, o post não é sobre alguém encontrado numa banheira de gelo ou coisa assim, é sobre legalizar o comércio de órgãos. O motivo? Simples, se alguém se dispõe a vender seu órgão por X, essa pessoa atribui a esse órgão um valor igual ou menor que X e se alguém se dispõe a pagar X por esse órgão, essa pessoa atribui a ele um valor maior que isso. Sendo realizado o negócio, as duas pessoas estarão num nível de bem estar maior do que se esse não fosse realizado. Isso supõe, obviamente, que ninguém será forçado a vender um órgão, mas isso vale para qualquer tipo de mercado e geralmente funciona bem.

Claro que não seriam negociados órgãos indispensáveis para a vida. Não existe dinheiro que possa fazer uma pessoa abrir mão de viver, até porque ela não poderia usufruir desse dinheiro não estando viva. Não seria estabelecido um mercado de corações, mas é possível que se estabelecesse um mercado de rins. Como as pessoas teriam mais incentivo para doar do que tem hoje, é provavel que ocorressem muito mais transplantes, resultando em um número maior de vidas salvas.

Outro caso interessante é o dos transplantes de medula, nos casos de leucemia. Como se sabe, não trazem prejuízo para o doador, o problema é encontrar algum doador compatível. Se houvesse um mercado e remuneração para quem fizesse essa doação, as pessoas teriam mais incentivos para se cadastrarem como doadoras. Um número maior de cadastros aumentaria a probabilidade de se encontrar um doador compatível e, assim, seriam salvas mais vidas.

Cabe finalizar dizendo que essa é apenas uma visão econômica e simplificada sobre o assunto. Existem outros aspectos envolvidos em se estabelecer um mercado assim que deveriam ser analisados com cautela. Aqui pretendo apenas mostrar como o estabelecimento de um mercado pode aumentar o bem estar das pessoas e ajudar a salvar vidas.

Liberais e fascistas

Hoje eu encontrei meu professor de história , dos tempos de colégio. Como naquela época meu posicionamento não era muito diferente do que é hoje e ele dava aula de história(devo dizer que ele é menos radical do que professores de história normalmente são e que é um sujeito muto legal) nós tínhamos acaloradas discussões durante as aulas. Hoje ele me chamou, brincando, de fascista. Isso me irritou um pouco, não por causa da brincadeira e sim porque ocorre com freqüencia e porque é uma prova ímpar de ignorância. Sendo assim, cabe um post para esclarecer as diferenças entre liberais e fascistas ainda que sejam óbvias pra quem tem alguma cultura e algum bom senso.

Pode ser útil explicar as possíveis razões dessa confusão. Liberais(vou usar a palavra para designar os defensores do liberalismo econômico, não confundam com o sentido da palavra nos EUA) e fascistas são considerados direita. Ambos são anti-comunistas. A mente comunista padrão faz-ou força- o seguinte raciocínio: liberais são pessoas malvadas, que são de direita e odeiam o comunismo, fascistas são pessoas muito malvadas, que são de muito direita e muito odeiam o comunismo. Chamar de muito liberal equivale então a chamá-lo de fascista(matemáticamente, na equação "liberal=malvado+direita+anti-comunista" você multiplica por "muito" dos dois lados).

Tudo isso é verdade(o malvado depende de gostos pessoais, mas como tem gosto pra tudo, não se pode dizer que é falso) o problema são as outras características. Para começar: fascistas eram totalmente contrários ao livre mercado, adoravam o estado controlando tudo, odiavam os liberais e suas idéias. Fascistas eram ultra-nacionalistas, liberais não querem saber disso, são contra proteger indústria nacional e acham que tem que comprar produtos de quem produzir melhor e mais barato. Fascistas eram belicistas, liberais acham bobagem gastar com isso(ok, Reagan era liberal, mas economistas liberais sempre foram contra gastos muito grandes com exércitos). Além disso, o mais importante é que o regime fascista, bem como o comunista, não tinha respeito nenhum pela liberdade, que sempre foi defendida pelos liberais.

Existe uma idéia de os dois grupos buscam a manutenção do status quo. É mentira. Hitler saiu perseguindo judeus na Alemanha e eles tinham grande poder econômico no país, foi assim que ele conseguiu mobilizar a população contra esse povo. E a história que liberais defendem os poderosos supõe que capitalismo não tenha mobilidade social, tremenda falácia. Mais: discriminação etnica é uma tremenda besteira, não existem provas de que uma etnia seja mais inteligente ou melhor que outra, defender essas coisas é burrice. Ah, eu tenho grande admiração pelo povo que presenteou a humanidade com a bela invenção dos juros(pequena homenagem do econosheet à Seligman, Eduardo. Ainda que ele coma porco).

Vale sempre lembrar que, na Segunda Guerra, o capitalismo liberal(ok, as histerias keynesianas já tinham começado, mas sempre se defendeu a liberdade) e o comunismo lutaram juntos contra o nazi-fascismo. São três ideologias antagônicas, ainda que cada uma compartilhe algumas características com as outras. Sendo assim, se quiserem "ofender" com um mínimo de coerência, é melhor me chamar de liberalóide malvado, porco capitalista, expropriador de mais-valia e todas essas coisas bonitas.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Auto-ajuda marxista

Hoje a aula de setor público teve um momento divertido, o professor falou em um autor que ele gosta que tem certa inspiração marxista(alguém deve lembrar o nome e qual a inspiração) e o Marcelo Bohrer, meu colega de aula e de blog, fez cara feia. O professor viu, disse que era preconceito, que a gente deveria estar mais aberto(do jeito que eu falo parece que estou falando mal dele, não entendam assim, ele é um cara muito legal) e um colega nosso interveio dizendo:

"Quando tu passar um tempo fazendo parte do Exército Industrial de Reserva, tu vai passar a dar valor a Marx."

Claro que o resultado foi o Marcelo dando uma sonora gargalhada.

O que eu observei nisso é que Marx não é mais um autor de economia, é um autor de auto-ajuda. Nosso colega deixou isso claro na sua frase, a pessoa só valoriza Marx quando está num mau momento da vida, serve de consolo ler que seus insucessos são culpa da lógica perversa do capitalismo e da sede incontrolável por lucros do capitalista. Que ela está sem emprego porque isso é necessário para o sistema, é necessário que boa parte da população não tenha emprego para que os salários sejam baixos. Tudo isso faz bem pra auto-estima, não interessa se é verdade, o negócio é acreditar e repetir sem pensar.

Amam Marx aqueles que odeiam o que ele odeia: o capitalismo e os capitalistas. É paixão, não ciência. Ninguém procura dados para ver se a desigualdade está aumentnado, se o padrão de vida das pessoas mais pobres está diminuindo, se a mecanização gera desemprego. Se tivesse pretensões de contribuir para a ciência econômica, seria necessário comparar as previsões feitas pela teoria com a realidade. Desistiram disso, o negócio é afogar as mágoas no livro sagrado, culpar os outros e o sistema pelos próprios insucessos e acreditar que a revolução virá e salvará a todos.

Se gostam disso, vão em frente, só não precisava ser nas faculdades de economia. Templos são muito mais adequados para esse tipo de coisa. Ah, eu gostaria que "O Capital" e "O manifesto comunista" entrassem nos rankings de venda como auto-ajuda(alguns defendem que seja ficção), alguém me ajuda nessa campanha?

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Meu (?) modelo de crescimento endógeno

A lei de Stigler coloca que uma invenção nunca recebe o nome da pessoa que realmente fez a invenção/descoberta. A própria lei de Stigler não foi criada por ele. Segundo essa lei, a invenção recebe o nome da segunda pessoa a inventá-la, na verdade, da pessoa que promove a invenção.

Nessa lógica proponho uma mudança no modelo de crescimento endógeno de Romer (quem será que inventou?).
A equação do geração de novas idéias deve levar em conta as pessoas envolvidas com marketing. o "La" da equação deve ser alterado para o número de pessoas dedicadas à P&D que possuem alguém por trás para promover a idéia.

Que nome este novo modelo revolucionário irá receber? Certamente não o meu.

Agora você já sabe, se algum dia pensar que um administrador inventou alguma coisa, desconfie, ele provavelmente era só o promoter de algum inventor.

Cometa Haliday não foi descoberto pelo Haliday
Mcdonald's não foi descoberto pelo Rolnad Mcdonald
Cobb-douglas não foi criada nem pelo Cobb nem pelo Douglas
A teoria da relatividade na verdade é minha, mas o Albie fica melhor que eu com a língua pra fora...
...

Mais sobre meu modelo de crescimento endógeno na próxima edição do Jones.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Análise econômica da beleza: uma homenagem à Anna Kournikova

Resolvi escrever esse post depois de uma discussão com um grande amigo( Zorro, Eduardo; autor de "American cars just suck") sobre o sucesso de bandas como "Black Eyed Peas". Meu amigo acredita que essas bandas não merecem o sucesso que fazem, uma vez que esse deriva em grande parte, não da música feita por eles, mas de outros fatores como a beleza alguns(ma) de seus(sua) integrantes. A idéia aqui não é discutir isso(até porque a discussão foi maior e mais longa que isso e já foi encerrada), mas falar sobre a idéia de que os altos rendimentos que algumas pessoas obtêm por causa de sua beleza são injustos.
Por discutir ganhos obtidos à partir da beleza que eu coloquei a tenista Anna Kournikova no título do post. Enquanto jogou, Anna Kournikova foi uma das tenistas mais famosas do mundo -talvez a mais- sem nunca ter ganhado um torneio de simples(em duplas, ela obteve mais sucesso, mas não que justificasse tamanha fama). O que explica a fama dela é simples, ela é muito bonita. Muitos dirão que isso é injusto. Injusto por que, cara pálida? Enquanto as pessoas demandavam jogos de outras tenistas pela habilidade delas, demandavam os da Anna principalmente pela sua beleza(demandavam notícias e outras coisas também, estou simplificando).
Um argumento possível é que a pessoa não "conquista" sua beleza, que isso é algo determinado genéticamente, ou seja, que não reflete esforço pessoal. Esse argumento é facilmente derrubado uma vez que uma série de outros fatores que possibilitam sucesso não são fruto de esforço. A habilidade para esportes, por exemplo. Ninguém pode afirmar que Sharapova ou as irmãs Williams sejam mais esforçadas que outras tenistas não tão bem sucedidas. Claro que esforço importa, mas o que diferencia atletas medianos de atletas excepcionais-os que realmente ficam muito famosos- é uma habilidade que não se conquista apenas com esforço.
Isso não acontece apenas com esportistas. Einstein talvez não fosse o físico mais esforçado de sua época, ele era o mais brilhante, não é algo conquistado por ele, é uma característica que ele "recebeu". Isso quer dizer que ele não tem méritos? Evidente que tem, ele poderia ter nascido um gênio mas nunca se esforçado e aplicado isso, sem isso ele nunca teria sido reconhecido.
Existem milhões de casos assim, exatamente por combinarem esforço com características excepcionais que certas pessoas se destacam. Essas características são as mais variadas: inteligência, carisma, força, talento para esportes, talento para artes, facilidade para aprender, memória e beleza; entre muitas outras. Pessoas detentoras delas, quando são capazes de "aplicá-las" geram benefícios para si e para toda a sociedade. Tanto as teorias de Einstein, de Newton, de Friedman e de Adam Smith quanto os quadros de Picasso, Michelangelo, de Van Gogh e de Rembrant, o talento para a música de Mozart, Beethoven e dos Beatles, o talento para esportes de Ronaldinho e Tiger Woods e a beleza da Anna Kournikova e da Heidi Klum geram ganhos de bem-estar para a sociedade(se você aceitou os primeiros exemplos, mas não os últimos, lembre-se que as pessoas demandam jogos de futebol e golfe, fotos e desfiles).

PS: Se você acha que isso não tem nada a ver com economia, eu tenho duas respostas.
1-Procure artigos do Gary Becker.
2-O blog é meu, eu faço como quiser, coloco post, tiro post...(citando um professor, acerte quem é e concorra a um boné do MST, tenho 2 , to pensando em sortear um...brincadeira, foram presentes e gosto muito deles).

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Leia tudo! De ficção à científica, de Marx a Santos

"Leia tudo!" Essa é a última tentativa dos marxistas de dar alguma importância aos escritos de Karl Marx. É sempre melhor ler do que não ler, acredito nisso. Porém existe um custo de oportunidade de "ler tudo".
Atualmente publica-se em torno de 175000 livros por ano, de acordo com outra estatística são 400000. Quantos uma pessoa lê? No Brasil é em torno de 1 livro por ano, não? Na França algo como 12.
Na economia existem centenas de must read books:
A coleção "os economistas" da Abril tem algo como 30 livros, (supondo uma média de 350 páginas, tem-se 10500 páginas)
Abra um livro de HPE para ver que tem uns outros 30 que não estão nessa coleção, mais 10500
Com as publicações recentes, facilmente mais 10000 páginas
Facilmente chega-se a 31000 páginas. E isso só na área de economia, mas é preciso ler tudo sobre tudo.
Lendo a uma velocidade de 1 página por minuto, 8 horas por dia, todos os dias, é possível ler 175200 páginas. Ou seja, uma página de cada livro publicado em um ano, só mais 299 (se a média for de 300 páginas), alguém vive até os 300 anos?
É impossível ler tudo! Ainda mais com essas acelerações espaço-temporais milton-santistas.
Quem perde tempo lendo Marx demonstra um custo de oportunidade zero, ou uma tremenda falta de compreensão da realidade. (O que Marx não ajuda a resolver)
Se quiser uma ficção sobre o mundo, não leia Marx, leia Huxley que é muito melhor.
Marx tem um lugar na prateleira, ao lado de mein kampf, bíblia, corão, entre outros, para mostrar às gerações futuras, as bobagens em que seus antepassados acreditavam, assim como para demonstrar as barbáries cometidas no passado pelo nazismo e pelo catolicismo e infelizmente ainda na atualidade pelo comunismo e pelo islamismo.

PS. quem lê isso aqui também deve ter um custo de oportunidade próximo de zero

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

C3-PO pra professor!

Máquinas tiram o emprego das pessoas.
Escuta-se isso com freqüência. Não gosto dessa afirmação. Ela é baseada em c.p.k, ela supõe que o trabalhador que perde seu lugar para uma máquina nunca mais irá encontrar outro emprego.
Por que um empresário substitui uma máquina? É porque ele é malvado? Óbvio que não, mas simplesmente porque ele quer lucros, maximizar seus lucros, qual seria a razão de abrir uma empresa se não fosse para ganhar dinheiro? Máquina vem pra reduzir custo, aumentar eficiência (máquina não faz corpo mole) etc. ou seja, aumentar os lucros.
O que um empresário faz com os lucros? Queima? Óbvio que não. Uma parte ele consome e outra ele reinveste. Seu consumo não é de coisas que caem do céu, mas sim de coisas que são ofertadas, por empresas, empresas que crescem e contratam pessoas e máquinas. Ou seja o funcionário demitido de uma empresa encontra emprego em outra. O reinvestimento do empresário é feito em que? Expansão de planta produtiva (mais empregados) e novas fábricas, mais empregados. O mecanismo é simples. Sr X. possui uma empresa "a", com ß empregados, ele compra máquinas e demite 50% de seus empregados, aumenta seus lucros. Então ele cria a empresa "b", para isso ele contrata ß/2 empregados. No fim das contas a economia produz mais, o Sr. X está mais rico, os mesmos ß trabalhadores tem emprego e ainda recebem mais porque são mais produtivos.
Vamos aos dados ver se essa coisa funciona.

Número de desempregados dos EUA.
Opaê! Ele aumentou! De 1955 até 2005 ele quase dobrou. Malditos empresários safados!

Mais um gráfico:
Força de trabalho dos EUA.
Agora sim! veja só como cresce, mais do que dobra em 50 anos!

Curioso não? Mais gente mais máquinas e MAIS emprego! EM 1950 a taxa de desemprego era 6,5% nos EUA e em 2005 foi de 4,48%. Pense, em 1950 existia um PC para cada trabalhador? Não! Pense quantos perderam o emprego graças ao computador, mesmo assim a taxa não aumentou.
Mais um:
Os salários também aumentam!
Tudo parece estar de acordo com o modelo simples.

É incrível que no Brasil, ainda se acredita que a função de uma empresa é dar empregos.
Por aqui (me refiro a Poto Alegre agora) quando se fala em roleta eletrônica nos ônibus é uma confusão, tem que fazer acordo pra não demitir os cobradores. Por que então por uma roleta eletrônica? Não vai aumentar o lucro da empresa (ok, pode reduzir a falsificação de fichas) , só facilitar a vida do cobrador, já que seu trabalho é tão difícil, nem precisa das 4 operações básicas.

Tem que demitir! E claro tornar fácil a contratação.
Máquinas já!
Seria interessante testar uns cyborgs na faculdade.

PS. O título é uma piada para poucos.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Just Push Growth

O governo tem um botão de fazer crescimento. Quando heterodoxos falam de crescimento eles parecem acreditar nisso, mas quando querem crescimento não é importante. (matéria de post futuro)
Algumas pessoas realemente acreditam que o Lula apertou o botão de crescimento e tudo começou, coisa que o FHC não fazia. Veja os dados! Depois do Lula o Brasil cresceu MUITO!
Sweet dreams, o Brasil não cresce, nem com Lula nem com FHC, estamos sempre, salvo algum ano, abaixo da média mundial de crescimento. Em 12 anos apenas em 3 deles o país não deixou tanto a desejar em relação ao mundo. O que isso nos diz? A cada ano perdemos mais espaço internacionalmente. Estamos cada vez mais pobres. Aquela história toda de BRIC é uma piada, é melhor ficar só com RIC.
Um país sem crescimento não é o país do futuro, não tem futuro, fez tudo errado no passado, adora culpar os outros pela sua miséria. Quem vai querer morar em um país sem futuro?
Não aceite a bobagem lulista!
Com essas taxas nós seremos pobres e nossos filhos miseráveis!
Claro que o filho do Lula não, rent-seeker de marca maior.
Não espere por Deus. Não caia nessa bobagem de "o Brasil merece ser grande". Quem disse? merece por que? Nenhum país merece ou não ser rico, um país faz por merecer.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

MST no programa da Xuxa

Postaram esse vídeo na comunidade da UFRGS:
http://tvxuxa.globo.com/Tvxuxa/pordentrodoassunto/0,,AA1646878-8495,00.html

Depois tem uns idiotas que chamam a Globo de direitista. Que coisa boa que é essa a imagem dos sem-terra que passam pras crianças, vão forma mais uma geração de esquerdistas que lêem Marx ajoelhados e acham que crescimento econômico "são só números que não significam nada". Isso se as crianças ainda assistem o programa da Xuxa, se não assistem os professores de história e geografia vão se encarregar de ensinar esse tipo de coisa. Espero que algum dia tenhamos Bastiat como leitura recomendada no ensino médio, acho que não vou ver isso(não no Brasil).

Agora sobre o MST. Muita gente acha que a causa pela qual eles lutam é justa, mas critica os métodos. Essa é a visão intermediária, logo a certa, né? Claro que não. Essa idéia que a visão intermediária é a certa é uma cretinice. Se alguém quiser defender essa visão, que o faça por convicção, e não porque acha que, por estar no "meio" é mais equilibrada. Eu acho a causa errada e os métodos piores.

Explico: primeiro, essa história de "função social da terra" é relativizar o direito de propriedade, está errado. No Brasil se produz muito na agricultura, se não produzem em todas as terras, é porque não é lucrativo. Se o governo força uma produção não lucrativa(o que acontece com essa lei), ele acaba tendo que subsidiar ela, para todos não irem a falência. É um ciclo errado.

O segundo erro é achar que agricultura é uma solução para tirar gente da miséria. É só analisar QUALQUER dado que relacione desenvolvimento humano ou pib per capita com distribuição da população economicamente ativa por setores da produção. Países menos desenvolvidos são sempre os que tem maior porcentagem da PEA empregada na agricultura. A razão para isso é clara: como a terra é um fator fixo, investir mais capital e trabalho nela vai sempre ter retornos decrescentes. Além disso, a demanda por produtos agrícolas é inelástica. Sendo assim, simplesmente não faz sentido mobilizar mais mão de obra pra agricultura(ainda mais com o que já está investido nela). O Brasil tem 15% da população nessa condição, nenhum país de primeiro mundo tem mais de 4%, alguns países africanos passam de 50%, qual caminho queremos seguir?

Sobre os métodos utilizados pelo MST, atualmente virou bandidagem, o que eles fazem é absurdo, a inoperância do Estado é frustrante. E a esquerda fala cada absurdo. Um tempo atrás os ruralistas se reuniram pra impedir uma invasão. Aí todos caíram em cima, porque era formação de milícia, segurança é função do Estado e tudo. Agora que a brigada está protegendo uma fazenda de ser invadida(na verdade o principal é evitar o conflito) dizem que é segurança particular. Como assim? Antes não tinham dito que era função exclusiva do Estado(o que é verdade, mas infelizmente o próprio MST não respeita esse monopólio do uso da força)?

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

PACman!

O PAC é uma ofensa à inteligência. Não poderia ser diferente, heterodoxos falando de crescimento. O governo vende uma ilusão, aquela velha ilusão keynesiana de gasto público.

Eu acredito que o Brasil realmente precisa de estradas, portos etc. O país precisa e muito de infra-estrutura. Mas não adianta só isso, é necessário executar reformas institucionais. Não adianta ter as melhores estradas e portos do mundo e ter uma burocracia doentia. Nos dados do Doingbusiness.org o Brasil fica na posição 122 de 178 países na facilidade de fazer negócios. A educação é ruim no país? É péssima, precisa urgentemente ser melhorada, mas nem se o Brasil tivesse 180 milhões de Einsteins o país iria crescer. Precisa de reformas institucionais! 616 dias para fazer cumprir um contrato, nem Dalai Lama te tanta paciência. 152 dias para abrir um negócio, 9 no Afeganistão. Infra-estrutura-física não basta. Precisa de reformas institucionais!

Curiosamente o PAC tropeça no próprio emaranhado burocrático brasileiro, usinas hidrelétricas estão previstas apenas para a próxima década, espera-se em “apagão” energético em 2009. (Vale do Rio Doce pretende abrir um usina(?) na Colômbia). 29 obras estão trancadas no TCU. Existem algumas leis doentias nesse país, por exemplo, nenhuma empresa estrangeira pode fazer dragagem nos portos (proteger a indústria nascente), quantas empresas brasileiras têm capacidade para isso? Nenhuma!

Outro problema, apenas 11% dos recursos gastos no PAC são da iniciativa privada. Não se cresce dependendo tanto do Estado, além disso, o Estado desvia muito mais facilmente os recursos que a iniciativa privada.

Mais um, vai custar caro manter as obras depois de prontas, o Estado conserva bem? A resposta é óbvia, não há dúvidas que a iniciativa privada cuida muito melhor de suas obras.

Outro, quem paga a conta? Alguém pagará por esses 504 bilhões de reais. Sai do bolso do contribuinte, a carga tributária só aumenta, cadê o impacto disso no crescimento?

Último, segundo um professor, as obras são planejadas sem uma análise profunda, não se fazem estudos regionais do impacto dos gastos do governo em determinada região.

Desconfie sempre que um heterodoxo falar em crescimento econômico. É sempre essa idéia de esmola keynesia. De que adianta ter o porto mais eficiente do mundo se o custo burucrático-temporal-etc. de se chegar até o porto tira a competitividade da indústria, mandar navio vazio para o exterior não adianta para nada. O porto de Rotterdã é o, ou um dos, mais eficiente do mundo por alguma razão, vide o coeficiente de abertura da economia holandesa. Lá leva-se 8 dias para exportar e custa US$ 880 dólares por container. No Brasil 18 dias e 1090 dólares. O importante é que eles têm o que exportar. Um porto é um meio e não um fim.

PAC de verdade seria menos Estado, menos burocracia, menos Lula, menos populismo e mais, muito mais iniciativa privada, que é quem promove crescimento de fato.

REFORMAS INSTITUCIONAIS JÁ!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Coisas que nossos professores dizem I

Já citamos professores em posts, sempre é divertido. Por isso começa aqui a série: coisas que os nossos professores dizem. Onde apoiamos, ou rebatemos(o que será maioria, visto que quase todos são heterodoxos) coisas ditas pelos nossos professores. Essa na verdade foi dita numa aula dos meus veteranos. O professor disse que o governo norte-americano é mais intervencionista que o brasileiro.

Claro que é uma piada e existem várias maneiras de provar. Aqui vão algumas:

-O gasto do governo brasileiro passa de 35% do PIB, nos EUA está abaixo disso. Podem dizer que é pouca diferença. Se olharmos só para esses números é verdade. O que torna a diferença gritante é que os EUA são um país desenvolvido e o Brasil é sub-desenvolvido. Dizendo de forma simples, os EUA tem a menor parcela de gasto do governo entre países desenvolvidos(talvez com exceção de Cingapura e algum outro pequeno), o Brasil tem uma das maiores dos países sub-desenvolvidos.

-Ainda que o governo norte-americano tenha protegido a indústria nascente, interviu muito menos no surgimento da indústria que o brasileiro. O governo brasileiro não só adotou barreiras protecionistas, mas construiu e administrou diretamente várias empresas importantes no processo de industrialização(Petrobrás, CSN, CVRD...).

-Os EUA tiveram mais ou menos 45 anos de esquizofrenia keynesiana(de 1933 até o governo Reagan), no Brasil, adotamos o keynesianismo antes deles(antes da teoria geral do Keynes também, mas isso eles também fizeram), nos anos 20 o governo já estava queimando café pra garantir que não houvesse crise. E fizemos uma constituição keynesiana bem depois do keynesianismo estar morto e enterrado(ainda está vivo nos corações de muitos, é claro).

-No Brasil, sempre ficamos parados esperando que o Estado fizesse as coisas(ver Bohrer, Marcelo; Herança Maldita), o Estado confunde público e privado e tudo é uma bagunça. O futuro, ou melhor, o presente está apresentando a conta(Balbinotto, Giácomo).

-Adoram falar nos gastos militares como exemplo de ultra-intervencionismo. Lá eles encomendam as armas pras empresas, gastam muito, é verdade, mas elas funcionam. Aqui resolveram fazer um submarino, o Estado se encarregou, conseguiu gastar 1 bilhão de reais na maquete...

Legalização de Drogas

Esse post tem relação com o post "tropa de elite" do Christian.

As drogas devem ser legalizadas?

É uma pergunta delicada, muita gente responde prontamente que não.

Mas por que é que elas são proibidas?

Creio que seja pelas externalidades negativas associadas ao seu consumo. Esse argumento se sustenta?

Em minha opinião não.

Se fosse devido às externalidades, diversos outros produtos deveriam ser proibidos, a começar pelo álcool.

Faço uma comparação simples. Um coffeshop em Amsterdã com um bar na mesma cidade. Onde as pessoas estão mais “alteradas”? Num bar, onde se consome bebidas alcoólicas. Em um coffeshop as pessoas permanecem nos seus grupos, fazendo pouco barulho, ou seja, no momento do consumo não geram externalidades. O que o álcool faz com uma pessoa? Vá a um bar, pessoas gritando, brigando, querendo atenção, acham que podem conversar com todas as pessoas do bar. Compare a abordagem de um bêbado com a de um sujeito que consumiu maconha. Eu prefiro o segundo, em geral é mais fácil de livrar-se dele, são mais calmos.

Mais um exemplo: um jogo de futebol combina bêbados e torcedores fanáticos, resultado? O que se pode ver de tempos em tempos nos noticiários: brigas, mortes e confusão.

Ao problema econômico!

Um traficante age como um monopolista. Que pessoa vai ir de boca em boca consultando preços? Nesse caso a comodidade pesa muito. Esse monopolista discrimina preços, discriminação de primeiro grau, cobra o preço de reserva de cada consumidor. Pelo menos o traficante maximizador de lucros faz isso. Ele captura o excedente do consumidor. O grande problema é o destino desse excedente. Será que ele doa para instituições de caridade, compra produtos originais que pagam impostos ou gasta parte disso comprando armas? Óbvio que ele compra armas! É a única maneira para ele se manter vivo e exercer poder de monopólio, é intimidação pela força. Traficantes bem armados leva a constantes lutas com a polícia, quem perde é a sociedade. Manter um polícia bem armada e treinada custa caro, droga não paga impostos, manter força nacional de segurança no morro custa caro. Bala perdida causa dor às famílias. Quantos jovens com futuro promissor perderam suas vidas devido ao tráfico?

O problema das drogas não se resume as favelas, atinge toda a sociedade, quem não sabe onde tem um ponto de venda de drogas nos bairros de classe média e alta?

Acredita-se no Brasil que por se proibido o consumo é inibido, basta “olhar pra fora” para ver que isso não pode ser verdade. Não adianta fechar os olhos. O problema precisa ser enfrentado de frente, não adianta achar que ficar proibindo vai ser a solução. Se uma pessoa já é viciada em drogas, ela vai continuar a consumi-las, de uma maneira ou outra as drogas vão entrar no país. Vide países asiáticos com pena de morte para o tráfico, o tráfico ainda existe, aumenta o risco aumenta o prêmio, só isso.

Veja o caso da Holanda, ela não apresenta o maior percentual de viciados por habitante do mundo, algumas estatísticas apresentam a Holanda como o país com a menor taxa de viciados no mundo. Outras mostram que a Holanda não difere do resto dos países da Europa Ocidental. O número de mortes relacionadas às drogas é bastante baixo na Holanda, fica apenas atrás da Dinamarca entre os países europeus.

Caso fosse legalizado o consumo, o governo faria concessões a empresas privadas para a venda, poderia cobrar impostos (contribuições) e usar o dinheiro para combater o resto do tráfico, ou centros de desintoxicação (estou supondo que o Estado não roubaria... claro que é “forçar a barra”). Outra maneira seria o Estado praticar dumping para levar os traficantes à falência.

Outro ponto: não cabe ao Estado determinar o que pode e o que não pode ser consumido pelas pessoas.

Quanto aos danos de longo prazo: os danos causados por drogas leves são similares aos danos causados pelo álcool e pelo cigarro.

O imposto arrecadado com cigarros não é suficiente para cobrir os gastos com tratamento de viciados.

A União Européia perde em torno de 5% de seus PIB devido ao álcool.

É incrível! Falar em legalização é praticamente um crime. Veja os dados! Proíba tudo! Na minha visão é mais fácil, barato e lógico legalizar. Crime é ter bala perdida, é ter policial corrompido pelo dinheiro do tráfico.


Por fim, defendo a legalização de drogas leves. Drogas pesadas são um assunto mais complicado, as externalidades negativas são maiores, assim como o velocidade com que viciam. Talvez num post futuro...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

And the oscar goes to...

Saiu o nobel. Foi dividido entre Leonid Hurwicz, Eric S. Maskin e Roger B. Myerson. "For having laid the foundations of mechanism design theory".
Eles são razoavelmente jovens, Maskin e Meyrson não tem muito mais que 50 anos, já o Hurwicz...
Mais um pra Chicago.
Acho que foi uma surpresa esse ano. Alguém apostava neles?

domingo, 14 de outubro de 2007

Tropa de elite

Fui essa sexta feira ver o filme que quase todo mundo viu antes de ser lançado. Ao contrário de Gilberto Gil, eu fui no cinema, não vi a cópia pirata "de um amigo". Adorei o filme porque acerta em muitos pontos. Primeiro, não glamouriza os bandidos. Deixa bem claro que bandido é bandido. Segundo, mostra a corrupção na polícia. E terceiro(essa a parte mais deliciosa) ataca, com a precisão de um atirador de elite, quem financia o narcotráfico comprando drogas e depois faz passeatas pela paz, protestando contra a violência da polícia.

Se não tiver comprador, não tem traficante, é simples. Só pra esclarecer uma coisa: eu já fui contra o consumo de drogas, achava que era errado usar, agora não tenho problema nenhum com o ato de consumir. O problema é que é proibido e sustenta o tráfico e a violência. Enquanto for assim, quem estiver fumando maconha, está matando gente. Tem que ser preso, tem que punir. A mesma coisa com vídeos e softwares piratas. Não interessa se o original é caro, a empresa que produziu tem o direito de cobrar quanto quiser, quem achar caro, não compra. Comprar o pirata é crime e tem que ser punido como tal.

Adoram protestar dizendo que só pobre vai pra cadeia. Espero que a polícia leve isso a sério e comece a tratar com dureza quem é pego com maconha(ou qualquer outra droga), bem como quem compra vídeos e softwares piratas. Ah, tv a cabo pirata também. Tolerância zero, não passa nada. Quem quiser se chapar que saia protestando pela legalização ou se mande pra Holanda. Aqui(enquanto for proibido) isso mata gente.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Pensamentos para um sábado

O custo marginal de novas idéias está alto hoje. Portanto apenas reproduzo.
Jones:
"A contínua evolução da distribuição mundial da renda poderia refletir a lenta difusão do capitalismo nos últimos duzentos anos. Coerentemente com esse raciocínio, as experiências mundiais de comunismo só chegaram ao fim nos anos 1990. Talvez seja a difusão de instituições e infra-estruturas propícias à riqueza que responda pela contínua evolução da distribuição mundial de renda. Mais ainda, não há motivos para se pensar que as instituições existentes na atualidade sejam as melhores possíveis. As próprias instituições são simplesmente 'idéias', e é muito provável que idéias melhores estejam à espera de serem descobertas. No longo do trajeto da história, instituições melhores foram descobertas e gradualmente implementadas. A continuação desse processo às taxas observadas nos últimos trinta anos levaria a uma grande melhora da distribuição mundial de renda."

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Idiotas, mas racionais

Uma das críticas à teoria ortodoxa é sobre a racionalidade das pessoas. Muitos argumentam que as pessoas não são capazes de decidir o que é melhor para elas, que são facilmente enganadas e que, portanto, o Estado deve agir tomando certas decisões por elas para que elas tenham uma vida melhor. Parte do raciocínio que embasa essa crítica está correto: as pessoas são idiotas. Não todas, claro, existem pessoas brilhantes, mas boa parte da humanidade é idiota(se alguém não acha isso evidente, leia o livro: "O princípio Dilbert", além de muito engraçado, acaba com qualquer dúvida quanto a isso).
As pessoas que usam esse argumento se esquecem, no entanto que:
Racionalidade não é inteligência. Pessoas idiotas são tão racionais quanto as inteligentes, elas são capazes de decidir o que preferem(a prova disso é que tomam decisões). Podem dizer que as decisões tomadas pelas pessoas não são as mais sensatas, mas, fica a pergunta, como definir o que é melhor para cada um? Me parece que a melhor maneira de definir isso é que as pessoas sejam deixadas livres para decidirem.
Se você não gosta desse argumento, existe outro menos polêmico:
As decisões do Estado são tomadas por pessoas. Não existe nenhum motivo para supor que essas pessoas sejam menos idiotas que a média(se você acha que existe, sugiro que veja a nossa legislação ou coisas que são feitas e ditas pelos nossos políticos), assim, as decisões do Estado seriam tão ruins quanto as tomadas pelas pessoas. Na verdade, elas são muito piores, porque além da idiotice, conta o interesse individual dos políticos(o desejo de "levar vantagem" do seu poder) e a falta de incentivo para aplicar o dinheiro da melhor forma possível. Que incentivo um político tem para gastar o dinheiro público da melhor forma possível? Nas urnas a gente não "manda a conta" independente do que eles fizerem.
Sendo assim, me parece claro que delegar as decisões para as pessoas leva ao melhor arranjo possível, independentemente da inteligência delas.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Nobel

Dia 15 sai o prêmio nobel de economia.
Quem leva?
Mankiw aposta em Barro, Fama ou Feldstein.
Quem sobra?
Tem tantos bons: Nordhaus, Baumol, Tullock, Sargent...
E o Sala-i-Martin hein?!
Apostas dos leitores são muito bem vindas.

Enquanto não sai o prêmio ficamos especulando.
Ah sim, ainda se cogita a possibilidade de este blog ser lido pelas queridas pessoas que escolhem. Aceito dividir o prêmio com meus colegas de blog, se bem que o Ricardo tá muito free-rider.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Aceleração do tempo

O geógrafo(e jogador de futebol, e cantor) Milton Santos criou o conceito de aceleração. Segundo esse conceito, o tempo vem se acelerando e isso foi intensificado no capitalismo, com sua sede de exploração. Nesse post pretendo explicar como o tempo pode se acelerar, as provas empíricas disso e as prováveis conseqüências futuras.

O primeiro passo é explicar o que é a aceleração. Aceleração é a taxa de variação da velocidade. A velocidade, por sua vez, é a rapidez com que um corpo altera sua posição. Em geral é medida em metros por segundo, m/s. No caso do tempo, não faz sentido falar em metros. O tempo se move em segundos(e minutos, horas, etc), assim, a velocidade do tempo pode ser medida em quantos segundos o tempo se desloca em um segundo, s/s. Quando não havia capitalismo, e tudo era melhor do que é hoje, o tempo se deslocava 1 segundo por segundo, 1s/s. O capital, com sua sede por mais-valia, tem aumentado essa velocidade(isso é a aceleração). Como isso é feito? Simples, o capital diminuiu a duração de um segundo(o segundo de cima, é bom dizer) e, em CPK(ceteris paribus Kaleckiano, vale citar Bohrer, Marcelo para explicar esse conceito: "Em CPK, quando uma pessoa tropeça, ceteris paribus, ela ficará flutuando") isso faz o tempo percorrer mais de um segundo a cada segundo. Assim, o tempo passa mais rápido e é possível expropriar mais MV.

Alguns podem dizer que isso é loucura, que não é possível percorrer mais de 1 segundo a cada segundo. Bem, existem fortes evidências empíricas(se você quer aprender a usar evidências empíricas de forma apropriada, talvez o livro Chutando a Escada seja adequado. Ok, exagerei...). São elas:

-No ano 1 d.C. 1 segundo era 4 vezes mais longo do que é hoje, em 1500 d.C, um segundo era 3,8 vezes mais longo do que hoje. Em 1800, durava 3,5 vezes o segundo atual, em 1950, apenas 2 vezes. A internet e o neo-liberalismo têm acelerado isso ainda mais, estimativas dizem que 1 segundo em 2050 terá apenas 43% da duração de um segundo de 2005.

-Em um planeta não dominado pelo capital, como Plutão, 1 ano passa 248 vezes mais devagar do que na Terra.

-Em um planeta com capitalismo muito mais avançado que a Terra, como Vênus(lá o capitalismo é tão avançado que o CO2 constitui mais de 96% da atmosfera e a temperatura média é de mais de 500°C) o ano tem 2/3 da duração. Em Mercúrio, ainda mais avançado, o ano tem 1/3 da duração.

-Os judeus, que entraram antes dos outros povos no capitalismo(inventaram a exploração através dos juros) já estão no ano 5768. Isso ocorre porque o tempo passou muito mais rápido para eles enquanto estavam no capitalismo e os outros povos não(fonte: Bohrer, Marcelo).

Existem muitas outras evidências claras da aceleração, elas ficam para outro post. Agora cabe apresentar as conseqüências futuras desse processo:

-O tempo se tornará uma commoditie e será negociado no mercado: no capitalismo o tempo é vendido através do mercado de trabalho assalariado. O próximo passo é que esse se torne uma commoditie, seja vendido em bolsas e se torne alvo de movimento especulativo.

-No limite o que o capital pretende é acelerar tanto o tempo, acelerando a rotação da Terra, que se atinja a velocidade da luz, onde o tempo não passa, acabando com qualquer limite para a exploração.

Essas duas conseqüências devem ocorrer logo...Se o mundo não acabar antes.

AVISO: Esse não é um post sério(podem querer mandar me internar, ou físicos me dizendo que eu errei em tudo, sei lá).

domingo, 7 de outubro de 2007

Herança Maldita

É comum ouvir que o Brasil seria um país rico se não tivesse sido "saqueado" pelos portugueses, eles roubaram nosso ouro. Já se sabe há um bom tempo que quantidade de ouro não é igual a quantidade de riqueza. Isso não é verdade.
A grande maldição deixada pelos portugueses são as instituições brasileiras. O Brasil tem péssimas instituições, contrárias à economia de mercado. Não é possível confiar em nada, em ninguém!
Começo com uma frase de Douglass North.
The inability of societies to develop effective, low-cost enforcement of contracts is the most important source of both historical stagnation and contemporary underdevelopment in the third world.

É interessante ver alguns dados:
Na categoria "rule of law" o Brasil tem a nota 0,63 enquanto que a OCDE tem 0,93.
Leva-se 152 dias e 17 procedimentos para abrir um negócio no Brasil, nos EUA 5 dias e 5 procedimentos.
47 dias para registrar uma propriedade, nos EUA 12
566 dias para cumprir um contrato, nos EUA 250
A eficiência do sistema jurídico brasileiro recebeu a nota 5,75. Contra 10 dos EUA, Canadá...
Corrupção nota 6,32, EUA 8,63, Canadá 10
Em uma pesquisa menos de 10% do brasileiros afirmam que as outras pessoas são confiáveis, na Noruega 60% afirmam confiar nas demais pessoas.
E tem muito mais!

Nunca diga que somos pobres porque fomos saqueados pelos portugueses, mas sim porque eles nos fizeram à sua imagem. Somos um versão piorada dos portugueses, ainda achamos que temos moral para fazer piadas deles. O problema não é o que levaram e sim o que deixaram!

Calma! Ainda é possível desenvolver-se. Fé no "efeito cinderela"! Mas por favor não acredite no PAC. Crescimento deve ser sustentado, não via esmola keynesiana.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Commies say Yes 1st edition

Se você concorda com alguma das afirmativas abaixo, é bom você procurar um médico, existe uma boa chance que você seja um comunista:

I-Miséria e fome são mazelas CAUSADAS pelo capitalismo.
II-A luta de classes está cada vez mais evidente na nossa sociedade.
III-O capital é um vampiro que suga energia do trabalhador.
IV-As pessoas não são capazes de decidir o que é melhor pra elas.
V-A função das empresas é gerar empregos.
VI-Direitistas são aqueles que só pensam no seu bem-estar, esquerdistas se preocupam com o bem de todos.
VII-O socialismo é um regime mais "humano" que o capitalismo.
VIII-A vida era bem melhor antes do capitalismo.
IX-Na nossa sociedade, as empresas obrigam as pessoas a consumirem coisas que elas não querem.
X-O governo aumenta os juros para favorecer os banqueiros, não fosse a pressão desses, seria possível baixar os juros sem problemas, haveria mais empregos e a vida de todos(menos a dos banqueiros) ficaria melhor.

O fim da Sociologia

"Quem gosta de pobreza é sociólogo". Escuto essa frase com alguma frequüência, talvez seja verdade. Se for, a sociologia está com seus dias contados.*
De 1970 a 2000 300 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza. A pobreza atinge hoje 7% da população mundial, com as mesmas taxas de crescimento seria possível erradicar a pobreza em menos de 50 anos!**
Que fazer com os sociólogos que estudam a luta de classes, nesse mundo capitalista neoliberal escorchador? O que fazer com nossos conhecimentos sobre Exército Industrial de Reserva, em todas as suas cinco categorias? NADA! o mundo é outro, é o do crescimento econômico sustentado, reduzação de pobreza, enfim, é o mundo do sepultamento do marxismo (já vai tarde) e suas mazelas.
Os sociólogos adoram uma frase do George Santayana: "Aqueles que esquecem o passado estão condonados a repeti-lo". Então pelo bem da humanidade esqueçamos os últimos trinta anos. Fogo na "Era do extremos"! A história só deve estudar os anos negros da União Soviética, para que nunca mais se acredite nesse conto de fadas que causou a morte de 100 milhões de pessoas.
Todas vezes que abrires um livro de história dos anos recentes pense nas crianças que vão passar fome, porque tu, meu caro, não aceitas a idéia de que o capitalismo pode funcionar e pode sim eliminar a pobreza!

*eu sei que a Sociologia é muito mais do que isso, é uma ferramenta útil para a Economia.
**claro que há disparidades entre países que crescem muito e os que não crescem...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Camisinha e Crescimento (econômico)

Esse post é um pouco direcionado aos fãs do professor Giácomo, ele adora demanda de camisinhas e outras coisas que podem constranger o aluno, ele é ótimo.
Ah sim, não é pra ser levado muito a sério não, depois de uma semana de provas, piadas fazem bem.

A idéia aqui é a seguinte: aumento na demanda por camisinhas, ceteris paribus, reduz a taxa de crescimento populacional, o que gera aumento da renda per capita, de acordo com o modelo de Solow.
Além disso, com o uso de camisinhas cai o número de portadores do vírus da aids, que é bom para o crescimento (esse ponto será abordado num post futuro).
Como o post é meio vazio, ponho um gráfico.

O gráfico é o inverso, aumento populacional, mas é só fazer o raciocínio inverso ou supor que o crescimento populacional é aumentado pelas camisinhas que rompem.
Na figura o "a" corresponde a redução na renda per capita dado um aumento populacional.
Sério, não? É, essas crianças que não se controlam. A solução é cortar fora como supostamente disse o professor.
Piadas à parte, o assunto é sério, crescimento populacional acelerado pode ser ruim, assim como gravidez entre jovens.
Tem uma teoria que diz que as pessoas deveriam manter relações sexuais apenas após os 30 anos de idade. Um tanto maluca é verdade, mas vai vê é baseada em Solow...
É interessante ver as medidas que se toma na Inglaterra quanto ao problema de gravidez na adolescência, mas como não tenho dados aqui não vou sair falando coisas de que não tenho certeza.

Prometo fazer um post sério sobre esses assuntos no futuro.

PS. Apesar das piadas, a relação com o modelo de Solow é verdadeira.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

DIEESE e o salário mínimo

Tenho feito análises de alguns dados do DIEESE e aparecem algumas coisas assustadoras.

Primeiro, o cálculo que eles fazem da cesta básica tem como objetivo calcular quantas horas de trabalho são necessárias para "o trabalhador de salário mínimo necessita para comprar sua Ração Essencial"(por algum motivo obscuro, eles devem acreditar que todo mundo ganha SM, senão ponderariam com renda média ou algo assim). A carga ideológica está presente em todas as frases("ração essencial" ilustra bem isso).

Segundo, eles calculam o Salário Mínimo Necessário. A formula é completamente doida. Primeiro eles calculam que uma família gasta, em média, 35% do seu orçamento com alimentação. Depois pegam uma família de 4 pessoas, que consome como 3(duas crianças consomem como um adulto, isso é razoável, não sei se preciso) e consideram que UMA pessoa da família trabalha. Po, assim não dá, tá certo que eles se baseam numa lei de 1938, mas trazer os costumes daquela época pra atualidade é um absurdo. Bom, continuando com as bizarrices, eles pegam o custo da cesta básica, multiplicam por 3 e dividem por 0,35. O grande problema é que 0,35 é o gasto médio com alimentação, não o gasto de quem ganha 1 SM. Não da pra aplicar esse formula bizarra pra quem ganha 1 SM.

Esse SM Necessário é usado para barganhar aumentos no SM, atualmente eles calculam 1700 reais. Pelo que eles dizem, alguém ganhar menos que isso é inconstitucional. Talvez estejam certos, isso não muda o fato que um salário desses não é compatível com a realidade do nosso país, exatamente porque nossa constituição não é compatível com a nossa realidade.

Tomara que aumentem o SM pra 1700 reais. Só confirmará a previsão de um professor meu que nós seremos(somos) pobres e nossos filhos miseráveis.

PS: Aumentar o salário mínimo pra R$ 1700 pode causar inflação(até porque o governo teria que emitir mais moeda pra cobrir o rombo), isso pode ser evitado com congelamento de preços. Isso foi feito no Brasil e não trouxe conseqüências negativas(o final é, obviamente, irônico)...

sábado, 29 de setembro de 2007

Planejamento estatal

Ouvi de um professor na faculdade que deveríamos voltar a estudar planejamento (o "estilo soviético" fica subentendido). É, em pleno 2007. Ouvi de outro que planejamento não funciona. Com qual fico? Usando o "método japonês" do tanacara do segundo (ele pode não ser um bom piadista, mas é um ótimo professor) fico com o segundo.
A Polônia poupou (investiu) demais, gastou demais em tecnologia defasada, equipamentos nunca instalados, tinha de manter um capital grande demais.
Com o fim do planejamento a taxa de poupança cai e o PIB per capita cresce muito mais que antes!
Planjamento central não funciona! Deixa o mercado planejar!
Tem gente por ai que acha que crescimento é só mexer em Y=C+S+G omiti X-M porque eles não gostam de economia aberta, deveria ter tirado C também porque isso é coisa do demônio da propaganda capitalista. Tudo em S e G!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Petróleo x Etanol

O etanol está sendo considerado uma alternativa ao petróleo como fonte de energia para os automóveis. Recentemente intensificou-se o uso desse combustível, isso foi motivado principalmente pelo alto preço do petróleo e pelo surgimento dos carros "flex" que tornam o álcool(etanol) um substituto quase perfeito(ou mesmo perfeito) para a gasolina. O etanol apresenta as vantagens de ser renováve e poluir menos que a gasolina, além disso, o Brasil leva vantagme por ser o país mais eficiente na produção desse combustível. Sendo assim, a popularização do etanol só pode ser vista como positiva, certo?

Nesse texto(que PODE conter ironia, bom avisar isso cedo..) apresento as razões para se opôr a essa terrível popularização do etanol:

1)Produtores: é verdade que somos o país mais eficiente na produção do etanol, mas nas mãos de quem está essa produção? Na dos latifundiários, capitalistas, exploradores. Pior ainda: a indústria do etanol está recebendo investimento estrangeiro, inclusive do maligno especulador Soros(fontes "seguras" garantem que ele fez pacto com o demônio). O petróleo, por outro lado, é produzido pela nossa QUERIDA Petrobrás(o querida é citação de uma professora da UFRGS).

2)O etanol causará fome: ignore os dados que dizem que a produção de alimentos tem crescido mais que a demanda. Ignore os sucessivos recordes de safra. Ignore as sucessivas quedas no preço dos alimentos em relação ao poder de compra. Mais área com cana significa menos área com alimentos, se permitirmos isso, vamos todos morrer de fome. Essas propriedades, bem como todos os latifúndios devem ser desapropriados para a reforma agrária(na verdade, aí sim que temos alguma chance de morrer de fome...).

3)Bush é a favor do etanol: o presidente norte-americano já fez vários discursos falando nas vantagens do etanol como alternativa para substituir o petróleo. Todos sabemos que Bush é o ser mais maligno do universo e que tudo que ele defende é errado, portanto, se ele defende o etanol, nós devemos ser contra.

4)Chavez é contra o etanol: raciocínio inverso ao de Bush, Chavez defende a América-Latina, se ele é contra o etanol, isso deve ser ruim pra nós. Certamente não tem nada a ver com o etanol ser um substituto ao petróleo, que é o que sustenta a Venezuela e o Chavez...

Não estava com paciência pra um post sério, tenho ouvido/lido muita bobagem comunista na faculdade...

Desperdício de dinheiro público (parte 1)

Fiquei irritado estudando "economia internacional"*. Li um texto de José Luís Fiori chamado Globalização, hegemonia e império, de um livro organizado por ele e pela Maria da Conceição Tavares (já disse tudo).
Uma nota de roda pé na primeira página: "este trabalho faz parte de pesquisa financiada pelo CNPq". Dinheiro no lixo.
O texto está recheado com pérolas. Logo na segunda página o autor afirma que a pobreza aumentou, assim com a disparidade. Mentira! Sala-i-Martin neles!
O texto continua muito bom, alto nível, o sujeito usa a expressão "os americanos apanharam no Vietnã", qualquer criança de quinta série sabe que não se escreve isso em um texto sério.
Páginas e páginas recheadas de chavões marxistas.
É curioso que no texto há erros patéticos de português, será que o autor não queria gastar com um revisor ortográfico? Seria bom, aumentaria a demanda agregada da economia brasileira, mas acho que foi escrito na era FHC então melhor não.**
Dói ver no que é gasto o dinheiro público, além disso, o texto gera externalidades negativas! Comunistinhas raivosos vão reproduzir as bobagens em textos por ai.
Ainda tem gente que se pergunta por que é que os economistas brasileiros não são respeitados no exterior. Tem gente que gostava do Bob Fields, um sujeito que merece respeito.

*tá mais pra economia política internacional
**pode conter ironia.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

México, tão longe de Deus e tão perto dos EUA

É, pobres mexicanos, já dizia minha professora de história. Adorava a frase "tão longe de Deus tão perto dos EUA". Claro que era uma marxista que não entende nada de economia, com o perdão do pleonasmo.
O NAFTA teve início em 1994. De 1995 (exclui-se 1994 devido ao crescimento negativo do México*) até 2004 o PIB per capita mexicano cresceu 20,67%, contra os 3,46% da década anterior. O Brasil cresceu cerca de 3,5% de 1995 a 2003. O que tu preferes: 20 ou 3? Eu fico com 20, mas tem louco pra tudo.
Será mesmo válida a frase do título? Creio que não. Sorte mexicana de estar tão próximo dos EUA.
Foda-se Deus, eu quero os EUA!

*crise do México

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Assina a chamada por mim

"Assina a chamada por mim por favor". Maldita frase! Maldito país! Malditos estudantes! Maldita educação pública!
Assinar a chamada por alguém é crime. Deveria dar cadeira. Chegar atrasado e sair mais cedo também.
Essa prática é, infelizmente, muito comum nas universidades brasileiras.
A educação pública é paga por alguém, professores e funcionários não estão fazendo trabalho voluntário nas universidades. A sociedade paga. Paga muito caro.
A educação é financiada por alguma razão, externalidades positivas. Ou seja, se a sociedade paga pela educação dos jovens é dever deles retribuir.
Vejo a coisa da seguinte maneira: quando faço minha matrícula em tais e tais cadeiras, estou assinando um contrato com a sociedade. É preciso cumpri-lo. Ir a todas as aulas, chegar na hora, sair apenas após o termino da aula é o mínimo que posso fazer, na verdade menos que o mínimo, é necessário estudar em casa também.
Quando alguém sai mais cedo, chega mais tarde ou simplesmente não vai à aula, essa pessoa está quebrando o contrato que assinou com a sociedade, está acumulando menos capital humano do que deveria, ou que se comprometeu a acumular. Como se sabe a sociedade vai pagar pela preguiça de seus jovens, menos capital humano acumulado, menos crescimento, mais pobreza, atraso, enfim, mais Brasil.

Jovens marxistas: querem fazer uma revolução? Fechem seus cassinos que chamam de diretórios acadêmicos! Já pra sala de aula! Já pra biblioteca!

domingo, 23 de setembro de 2007

Eles CorruPTos nós pobres

É senso comum que a corrupção prejudica o funcionamento da economia. Mas como ela afeta o crescimento?

Supõe-se, nesse texto, que a corrupção exista porque há muita burocracia.

Há uma teoria interessante quanto aos efeitos da corrupção sobre o crescimento. A teoria de Leff e Huntington afirma que a corrupção favoreceria o crescimento econômico. As duas explicações pra isso são as seguintes: Os funcionários corruptos teriam na propina um incentivo para trabalhar melhor, além disso, a existência da propina como acelerador da burocracia aumentaria a velocidade de andamento dos processos e afins (speed money).

A teoria de Leff e Huntington não se sustenta empiricamente nem logicamente. Rose-Ackerman coloca que é impossível limitar a corrupção às áreas economicamente desejáveis. Murphy, Shleifer (olha ele aqui) e Vishny provam que países que alocam pessoas talentosas para as atividades de rent-seeking tendem a crescer menos. Mauro chega a interessante conclusão (bastante lógica) de que a corrupção inibe o investimento privado, o que afeta negativamente o crescimento econômico. A base de seu argumento é que a necessidade do pagamento de propina aumenta o custo marginal do capital, pois os empresários passam a contar sempre com o “dinheirinho pra molhar a mão do fiscal”. Além disso há algumas características comuns aos países mais corruptos, instabilidade política, países mais corruptos tendem a ter um governo mais instável; países mais corruptos tendem a ter maior dispersão étnico-lingüística, o que segundo Mauro, dificultaria a propagação de novas idéias e tecnologias; países corruptos são, em geral, pobres; países corruptos desviam dinheiro da educação para “atividades ilegais”, ou seja, se os países já são pobres, não tem muito dinheiro para a educação e o pouco que tem é desviado.

Outro ponto negativo foi levantado por Myrdal, ele afirma que a corrupção atrasa ainda mais o andamento e aprovação de projetos, pois sem a propina os funcionários não trabalhariam. Há diversas outras variáveis importantes, como colonização e outras instituições, mas elas não vêm ao caso aqui.

É triste ver a posição do Brasil nos rankings internacionais de corrupção, nem precisa de ranking, basta ligar a televisão, abrir o jornal, ou simplesmente respirar.

Muito Obrigado Lula, PT, Senado e companhia.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Hippies e a queda de produtividade nos anos 70

A produtividade do trabalho caiu na década de 70 nos EUA e na Europa. Existem diversas medidas para isso.
A explicação da queda da produtividade não é fácil, não existe uma única e absoluta.
A tentativa é livre. Lá vou eu inventar bobagem...

Em 1969 ocorreu nos EUA o festival de Woodstock. Os jovens hippies idealistas que participaram de todo o movimento hippie integraram futuramente a força de trabalho.
Fatos estilizados:
1º hippies eram comunistas (ou derivados disso);
2º hippies eram chegados em paz amor e umas drogas;
3º drogas prejudicam o cérebro;
4º comunistas não gostam de acumular capital humano
5º quanto mais capital humano acumulado, mais produtiva uma pessoa é

Já deu pra entender onde quero chegar?
Malditos hippies! Sem querer conseguiram aquela bobagem de combater o sistema pro dentro. No fim das contas é óbvio que o sistema venceu.
Anos 80 a dentro foi-se o sonho hippie.
Na música também "tomaram uma lavada"*, orientação política dos músicos não vem ao caso.

*minha opinião

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Incentivos contra a corrupção

Esse episódio do Renan Calheiros me deixou mais irritado que as maracutaias normais dos políticos brasileiros. Faz tempo que eu não espero nada de bom deles, faz tempo que vejo o Estado como um freio ao crescimento, então, sempre que eles roubam, não me surpreende. Quando eu digo isso(e é raro, pra não me incomodar) as pessoas ficam indignadas: "como tu pode aceitar isso" e coisas do tipo. Eu não gosto de aceitar, eu detesto que aconteça, mas sei que vai continuar acontecendo.

A razão é simples: os políticos têm um forte incentivo a roubar(encher os bolsos de grana, maior poder também conta) por isso, é importante desenvolver mecanismos que contraponham esse incentivo. Um desincentivo é a o "freio moral" de cada um, mas o de muitos políticos está gasto(ou nunca existiu). Outro, claro, seria não reeleger eles. Esse é, talvez, o mecanismo mais poderoso que a democracia nos garante. No Brasil, todos sabemos, não funciona(ou funciona pouco), sobram exemplos, reelegemos o Lula, o Collor é senador, a turma do mensalão está de volta. Os casos de políticos que roubam e são condenados nas ruas estão muito mais pra exceção do que regra.

Podemos protestar também. Pintar a cara de preto e tudo mostra que não gostamos do que eles fizeram. Fizemos isso e eles continuam roubando. Talvez tenha prazo de validade, pode ser que a memória dos políticos não seja muito mais longa do que a dos que votam neles(que, no Brasil, é, em média, menor que a dos peixinhos de aquário, ou seja, 4,5 segundos). Nesse caso, seria bom sair nas ruas toda a semana, sempre temos motivos pra isso.

Podemos também imitar o que os franceses fizeram com a monarquia. Era corrupta, roubava o dinheiro do povo, foi pra guilhotina. Podíamos ir até Brasília e sair decapitando corruptos(mesmo com sessão fechada, não seria difícil fazer uma lista dos que merecem), seria um sinal bem forte contra a corrupção. Falo isso sem medo porque sei que não vai acontecer. Domingo tem Gre-nal.

A tentanção heterodoxa

Hoje tive aula com uma professora assumidamente heterodoxa, deveria ser motivo de vergonha assumir a heterodoxia acadêmica.
Escutei a seguinte frase dela: "o governo deveria ter impedido a venda daquela empresa a uma multinacional." Atenção para o detalhe, o GOVERNO. Medo disso, heterodoxos querem por o governo em tudo.
1º o empresário deve ter a liberdade de vender sua empresa.
2º não é papel do governo decidir sobre compras e vendas de empresas, se houver regulação, deve ser feita por uma agência regulatória independente, fora do alcance do governo, não por um "companheiro" do partidão.

Agora copiando um outro professor, Quem entende de regulação no Brasil? Ninguém! Cadê regulação no Capital? Não tem! Economista brasileiro não entende de regulação. Aqui é só Marx Marx Marx.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Senhores de engenho e capitanias hereditárias X Globalização

Recentemente, com o preço do petróleo batendo recordes, o mercado tem buscado fontes de energia alternativas mais baratas para fugir da dependência do combustível fóssil, e o etanol tem galgado um espaço cada vez maior nesse nicho. O Brasil, um dos maiores produtores do mundo - vale lembrar que, segundo a RFA, (Renewable Fuels Association) o E.U.A., no último ano, conseguiu superar o Brasil na produção de etanol em quase 1 bilhao de galões de etanol, após seguidos anos de crescimento – vem sendo apontado como um dos principais atores nesse novo cenário. Atraídos pela terra riquíssima, sol abundante e um ótimo regime de chuvas, investidores internacionais vem buscando um espaço para aplicar seus recursos nesse lucrativo e promissor setor aqui no país, contudo encontram dificuldades. Como de costume.

Também tendo em vista mais uma peculiaridade da produção brasileira (que é fundamentalmente baseada nas plantações de cana de açúcar), que se mostrou mais barata e eficiente que qualquer outra, grandes investidores tem visitado o Brasil. Gigantes como Bunge (empresa de commodities), Soros e até mesmo os fundadores do Google visitaram plantações e engenhos no estado de São Paulo. Todos, em busca dessas grandes vantagens, propuseram acordos de compra parcial, total ou simplesmente associação com os proprietários das terras. Em resposta receberam negativas veementes ou contrapropostas com números exorbitantes. Sendo donos das terras a décadas e alguns a séculos, os proprietários alegaram que as mesmas tem valor sentimental e que não iriam vendê-las por tão pouco, depois de tanto tempo de trabalho duro feito pelas gerações passadas.

Mesmo sendo o Brasil detentor de tecnologia avançada na extração do etanol da cana (que vem sendo desenvolvida a décadas), tendo o know-how de cultivo de plantações e possuidor de características naturais únicas, um investimento em esquemas antigos desses Barões do açúcar pode representar grandes dores de cabeça. Administração contábil duvidosa, grandes dívidas dos engenhos e processos produtivos longe de serem modelos levaram antigos investidores (como empresas indianas de produção de etanol) e novos a declinarem de futuros investimentos em fazendas antigas. Em grande parte das plantações, a colheita da cana se da de modo manual, algumas das vezes sendo caracterizada como escrava, o que torna o negócio menos interessante, uma vez que esse tipo de mão de obra dificulta tomada de empréstimos produtivos e pode acarretar em rejeição do produto final no mercado.

Casos como esses tem levado alguns investidores a começarem do zero suas iniciativas. Sem o conhecimento na lida da terra e de todos os processos produtivos, novos produtores distanciam-se dos antigos Senhores do açúcar indo em direção ao centro-oeste e outras regiões do país, aumentando a fronteira agrícola. Contudo, o horizonte não é de penúria uma vez que essas propriedades voltam seus esforços para uma produção moderna e mais condizente com a realidade de mercado. Grandes investimentos em tecnologia (nos E.U.A. são gastos, por ano, quase U$ 400 milhões, diferentemente dos U$ 25 milhões gastos pelo Brasil) e capacitação de pessoal certamente irão trazer bons resultados em médio prazo.

A inércia dos notórios produtores de etanol em se adequar as demandas de mercado tem grande chance de provocar a ruína destes como empresário. O dinamismo dos novos modelos produtivos, baseados em grandes investimentos, empresas de capital aberto, que visam a transparência e procuram o lucro ao invés de poder político na região, os tornará, em pouco tempo, líderes do mercado. E esse antagonismo nesse promissor setor da economia pode acarretar não somente em uma reviravolta nos moldes de produtivos, mas pode significar na derrocada definitiva de uma sociedade que perdura desde os tempos de colônia e que possui hábitos antiquados (para ser educado), uma vez que perderá rapidamente seu poder econômico e conseqüentemente político. Nesse contexto, o Brasil acabará mais uma vez em melhor situação do que quando começou e como de costume sem ter feito nada para tanto.


Cotas sociais e a pobreza da educação

Educação custa caro.
É impossível, salvo alguns casos, educar-se sem dinheiro.
A idéia de cotas sociais nas universidades públicas brasileiras é, além da compra de votos, possibilitar que pessoas de baixa renda tenham acesso ao ensino superior "gratuito".
Ok, a idéia pode parecer interessante, mas não é possível educar-se sem dinheiro!
1º - É imprescindível possuir bons conhecimentos de línguas estrangeiras, especialmente o inglês. A UFRGS oferece a oportunidade com o NELE. Diversos estudos mostram que o ideal é aprender uma língua estrangeira até os 12 anos, um jovem entra na universidade com 18, um pouco tarde para começar, as escolas deveriam ser melhores, óbvio. É necessário ter dinheiro para pagar um curso de inglês.
Mesmo em países com educação de qualidade fornecida pelo governo, muitas pessoas se vêem obrigadas a procurar escolas particulares de línguas porque muitas vezes as escolas públicas não possuem professores nativos etc.
2º - Livros custam caro. Conversava com um colega de econometria semana passada, ele disse-me que não tinha conseguido pegar o livro na biblioteca pois todas as cópias estavam emprestadas. Lógico! São 4 turmas que utilizam o mesmo livro, se cada turma tiver 40 alunos, seriam necessárias 160 cópias, supondo que a metade dos alunos compra o livro, 80 cópias.
É complicado, fazer uma cópia do livro, além de ser crime custa também.
Isso é o exemplo de apenas uma cadeira, num semestre com 6, seriam necessários 6 livros que custam em torno de 100 reais.
A formação de um aluno que não possui os livros tem boas chances de ser pior que a de seu colega que compra alguns dos livros indicados. Cito Charles Jones "... I learn something new every time I pull my copy from the shelf." (ele referia-se ao livro de Robert Barro e Sala-i-Martin).
3º - "equipamentos" são necessários, seguindo o exemplo da economia, é necessário possuir uma calculadora financeira, mais alguns 100 reais.
4º - É necessário possuir um computador com internet. A universidade possui laboratórios de informática "bem" equipados, mas que horas fecha? Não é possível trabalhar de madrugada, é preciso trabalhar a tarde, portanto quem não possui computador não pode fazer estágio.

Obviamente o Estado não tem como bancar essa festa.

Somos mal educados porque somos pobres e somos pobres porque somos mal educados.
Assim termina como disse Paulo Francis "a universidade serve pra formar elite e não pra dar diploma pra pé-rapado".

terça-feira, 11 de setembro de 2007

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A dificuldade em entender o papel das hipóteses

Hoje eu tive que ouvir em sala de aula(sobre o modelo de Solow) que os economistas neoclássicos(foi o termo usado, seria mais adequado "ortodoxos" ou "convencionais") são "otimistas, pois em seu modelo a economia sempre está em pleno emprego". Não é a primeira vez, nem será a última, que se critica a teoria econômica convencional por ter pressupostos irrealistas. No caso, pleno emprego é uma hipótese, ninguém está afirmando que o mundo é assim, e essa hipótese não precisa estar de acordo com a realidade para que o modelo seja válido. O importante é que os resultados previstos pelo modelo estejam de acordo com a realidade.
Isso é dito por Milton Friedman em seu artigo "The methodology of positive economics". A justificativa para não exigir realismo das hipóteses é que os pesquisadores não conhecem a realidade, eles formulam um modelo procurando fazer previsões realistas sobre ela. Se as previsões feitas pelo modelo estiverem de acordo com a realidade, este é corroborado, se não, ele é refutado. Não existe um "modelo verdadeiro"(ao contrário do que pensam várias correntes que tem seus livros sagrados e autores sagrados, que estão sempre certos), existem modelos que são adequados em certos momentos e todos são passíveis de serem refutados se não apresentarem resultados de acordo com a realidade.
Muitos discordam, não gostam da visão de Milton Friedman. Acredito que isso acontece, primeiro, porque não aceitam que seus ídolos e suas teorias sejam passíveis de falhas e, segundo, porque a maioria das críticas feitas pelos heterodoxos é direcionada à falta de realismo das hipóteses na teoria ortodoxa. O que mais se ouve são críticas sobre a inexistencia de pleno emprego e concorrência perfeita.
Se os heterodoxos quiserem fazer teorias como se conhecessem toda a realidade, com hipóteses que acreditam que descrevem-na com perfeição, que façam. Agora, quando quiserem criticar a teoria ortodoxa, que façam direito, criticando as previsões feitas a partir dos modelos, e não os modelos em si.
Como disse o(genial) professor Sabino:"Não mexam na caixa-preta".