quinta-feira, 27 de março de 2008

A louca argentina

Vi uma reportagem na televisão sobre a segunda noite de panelaços em Buenos Aires, desta vez o protesto é contra um imposto sobre a exportação. O que me chamou a atenção foi que a televisão falou que quem foi às ruas protestar foi a Esquerda. A esquerda gosta de impostos.
Segundo a presidente Kirchner, o setor exportador foi o que mais cresceu, portanto, deve ser taxado. Claro, nada mais racional que punir o melhor, na América Latina a gente gosta é de mediocridade.
O problema é que as exportações argentinas perderão competitividade no mundo. Isso é muito ruim para o país como um todo, pois o governo tirará dinamismo justamente do setor que mais cresce.
Mas qual é o objetivo de tal política? O governo argentino afirma ter um superávit orçamentário de 1,2% do PIB. Ou seja, não precisa desesperadamente tapar buracos como outros países. Mas calma lá. O governo argentino é o mesmo que vende uma inflação de 8,2% (janeiro) e ninguém acredita. Alguns afirmam que a inflação pode ser na verdade de 17% (varia de fonte pra fonte).Desincentivar as exportações seria uma maneira de reduzir a inflação, através do aumento da oferta doméstica.
Pensando bem, que países tem inflações de 2 dígitos? A venezuela é um deles. São países geralmente populistas, onde o gasto governamental é muito elevado. Chavez é populista, os Kirchner são populistas.
A Argentina não tem mais como segurar as pontas. Só a ortodoxia ou a sorte salvam o país. (já terminou o horário de verão por lá?)
A confusão heterodoxa é tão grande que a Esquerda já anda protestando por coisas boas. Gostaria de saber "o que são" as pessoas que foram brigar com os manifestantes.

É curioso, hoje prefiro ser brasileiro a ser argentino. (pra quem me conhece, não sou a pessoa mais nacionalista desse nosso país)
Acho que vou parar por aqui antes que elogie o Lula por não ter enveredado por essa via "não-convencional".

segunda-feira, 24 de março de 2008

Leis para quê?

"(...) as an individual cannot legitimately use force against the person, liberty, or property of another individual, for the same reason collective force cannot legitimately be applied to destroy the person, liberty, and property of individuals or classes.

(...)if anything is self-evident, it is this: Law is the organization of the natural right to legitimate self-defense; it is the substitution of collective force for individual forces, to act in the sphere in which they have the right to act, to do what they have the right to do: to guarantee security of person, liberty, and property rights, to cause justice to reign over all.

And if there existed a nation constituted on this basis, it seems to me that order would prevail there in fact as well as in theory. It seems to me that this nation would have the simplest, most economical, least burdensome, least disturbing, least officious, most just, and consequently most stable government that can be imagined, whatever its political form might be. " F.Bastiat

"Acho que devemos eleger uma mulher como prefeita pra legislar no próximo mandato" Cidadão brasileiro, entrevistado no rádio(mostrando conhecimento sobre as funções do Executivo)


Fico cada vez mais preocupado com a noção que os brasileiros têm das funções das leis (o post é sobre a função das leis, não dos poderes, a citação acima foi apenas para descontrair). Muita gente está convencida que uma função da legislação é impôr que as pessoas façam "o que é melhor para elas". Ouvi críticas aos financiamentos de carros com prazos muito longos. Chegamos ao prazo de 99 meses, me disseram que deviam proibir isso. O argumento é que as pessoas se comprometem por muito tempo e podem não conseguir pagar. É verdade, isso pode acontecer, E DAÍ? É problema das pessoas que contraíram as dívidas e dos que emprestaram dinheiro à elas, não tem NADA a ver com o Estado, não prejudica a vida dos que não estão envolvidos na transação, não existe nenhuma razão razoável e racional para o Estado se envolver nisso.

Se comprar um carro em 99 vezes é um bom ou mau negócio, depende UNICAMENTE de quem o realiza. Não cabe ao Estado julgar isso, não cabe aos outros julgarem isso, cabe somente a quem está envolvido no negócio, se a pessoa julga que é um mau negócio, não o realizará, é simples assim. Eu acho um péssimo negócio comprar CDs de pagode e refrigerantes light, por exemplo, mas não vou defender que o Estado proíba essas transações para impedir que as pessoas façam maus negócios. Quem tiver opinião semelhante à minha simplesmente não vai realizar tais transações.

Existe um projeto de lei para proibir a "anexação" de brindes à produtos alimentícios. O argumento é que isso faz as crianças comerem porcarias(a lei não considera a possibilidade de um pé de alface oferecer um brinde). Novamente é o caso de se criar leis que proíbem "o que não é bom pras pessoas". A decisão de comprar ou não as comidas com brindes cabe aos consumidores(ou aos pais deles, no caso das crianças). Além desses dois casos, a "lei dos estrangeirismos", do Aldo Rebelo é outro exemplo de proposta que será uma clara violação da liberdade.

A noção de liberdade não está muito clara para a nossa população, em parte por causa de pessoas mal intencionadas que "vendem" um significado completamente distorcido para esse termo. A conseqüência disso é o apoio à leis que violam completamente esse direito. O mesmo ocorre com a noção do direito à propriedade.

terça-feira, 18 de março de 2008

Juros, que bom!

Heterodoxos gostam de reprimir o que não compreendem, ou seja, muita coisa.
Este texto é sobre repressão financeira.
É muito raro, "ao sul do Mampituba", ouvir falar em repressão financeira. Nossos professores detestam juros altos. Bem, qualquer pessoa detesta pagar juros. O triste é que muitas vezes ouvimos que juros são "sacanagem".
É comum ouvir também o senso comum um pouco mais elevado que a economia não cresce devido aos juros estratosféricos. Esse argumento até faz algum sentido. Nos primeiros modelos de crescimento econômico é investimento é a variável salvadora da pátria. Kovalevskii usou o investimento para projetar o crescimento soviético, deu no que deu.
Mas sim, os juros têm um papel importante no desempenho da economia.
Aqui o que vou mostrar é um caso estranho para alguns, onde juros mais altos levam a maior crescimento.
Repressão financeira acontece quando o Estado tem uma política de juros negativos. A lógica é muito simples, a inflação torna os juros negativos.
O que os heterodoxos esquecem, sempre, é de onde tirar dinheiro para financiar suas brincadeiras. Bancos juntam agentes superavitários e agentes deficitários, fazendo com que um empreste para o outro. Quem em sã consciência vai emprestar dinheiro para perder?! Não tendo quem empreste... o raciocínio é simples.
Alguns exemplos assutadores
País// Ano// i %// Var.PIB per capita %
Argentina// 75-76// -69// -2,2
Bolívia// 82-84// -75// -5,2
Chile// 72-74// -61// -3,6
Gana// 76-83// -35// -2,9
A lista segue.
Um resumo da ópera por Easterly: taxas de juros reais de -20% ou menos estão relacionadas com crescimento de -3% em média. Já juros entre -20% e 0% estão relacionados com crescimento positivo, porém bastante baixo. Já juros positivos são os que mais favorecem o crescimento.

Taxa de juros negativa é uma piada. Curiosamente alguns economistas acham que os juros deveriam ser negativos ou zero ou alguma coisa ainda mais estranha.

Caro leitor, não vá dar uma de soviético e achar que quanto maiores os juros maior o crescimento. Teoria econômica convencional é um pouco mais complexa que isso. Se divertindo dá pra chegar numas 100 variáveis importantes.

PS. A formatação dos exemplos ficou meio estranha, o blogger não tá gostando os meus espaços!

quinta-feira, 13 de março de 2008

Falha no mercado de pessoas de segunda mão

Esse post será divertido.
Tem gente que não gosta de explicações econômicas para relações pessoais. Existem outros blogs por ai.

Quando uma pessoa termina um relacionameto ela imporá restrições aos próximos relacionamentos. (supondo que o final tenha sido infeliz)
Uma vez de volta ao mercado, a pessoa se torna mais seletiva, não quer cometer "o" mesmo erro outra vez.
O problema é que não conhecemos o comportamento das outras pessoas, apenas o nosso, é um problema de assimetria de informações, fazendo com que a seleção seja complicada. Poderia-se dividir as pessoas em dois grupos: confiáveis e não-confiáveis, boas e ruins, pessoas com bom gosto e pessoas com mau gosto... o nome pouco importa. São duas categorias. Uma pessoa do grupo das ruins aceitaria uma pessoa de qualquer grupo, já uma pessoa do grupo das pessoas boas aceitaria somente uma pessoa do grupo das boas.
A sinalização e o screening se tornam necessários para as pessoas boas. Mas mesmo este processo é complicado,pois algumas substâncias como o álcool podem afetar a capacidade de "filtrar", além disso, a capacidade que algumas pessoas têm de mentir chega a ser invejável.
Como era de se esperar, o mercado fica dominado pelas pessoas ruins, já que as pessoas boas cansam de ser subvalorizadas e desistem por um tempo. Por sorte as pessoas são teimosas e voltam ao mercado, eventualmente acertam o srceening e vivem felizes para sempre(?).
Para as pessoas que já tiveram a brilhante idéia de um questionário como método de screening:
http://www.youtube.com/watch?v=3r5lnQYwdbE

Enfim, se esse mercado fosse perfeito as músicas seriam muito piores.
Quem acha isso coisa de lunático:
Pesquisa no Google:
1) Love economics 2.420.000 resultados
2) Economics of love: 3.480.000 resultados
A gente se diverte estudando economia!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Ingovernabilidade é a esperança

É muito comum reclamarem da ingovernabilidade no Brasil. Se argumenta que em nosso sistema, é possível que o presidente não tenha maioria nos órgãos do legislativo e que, assim, governar fica quase impossível. Há quem defenda o parlamentarismo, já teve gente me dizendo que a roubalheira do mensalão foi mais "nobre" que uma roubalheira normal porque foi em nome da governabilidade. Eu sou contra o parlamentarismo, totalmente contra o mensalão e desgosto de qualquer medida que tenha como objetivo melhorar a governabilidade. O motivo é simples: nossos políticos são, na média, terríveis. Eles erram muito mais que acertam, vários são corruptos, os que não são, geralmente são insensatos ou burros. É melhor que eles não governem.

Muita gente diz que precisamos de governabilidade e de políticos melhores. Podemos explicar a baixa qualidade dos nossos políticos de duas maneiras: a primeira é que todas as alternativas são ruins, a segunda é que os eleitores votam mal. Acredito que as duas estão corretas. Me parece claro que a maioria dos políticos são ruins, existem vários indicativos: quase todos são de esquerda ou de centro-esquerda, a maioria é populista/assistencialista, vários prometem investimento em tudo e corte em nada(temos que agradecer à ingovernabilidade que eles não conseguem investir em tudo). Votar é um tormento no Brasil, se resume apoiar a centro-esquerda pra impedir a esquerda de assumir. Tive que apoiar uma keynesiana na última eleição, era a candidata menos esquerdista. Se os políticos bons aparecerem em algum momento, duvido que sejam eleitos, as eleições dos mensaleiros e do próprio Lula são um bom indicativo de quão bem escolhemos nossos líderes. Sendo assim, podemos assumir que, ao menos no curto e médio prazo, a baixa qualidade dos nossos políticos não deve se alterar.

Como os políticos são ruins, só podemos esperar que, na média, as decisões tomadas por eles sejam ruins. O interesse deles é inchar o Estado, quanto mais inchado, mais votos. A melhor forma de evitar isso, até agora, tem sido a ingovernabilidade. As barganhas cretinas dos políticos tem impedido que eles façam muita coisa relevante. Quanto menos eles fizerem, melhor. Governabilidade, no Brasil, facilitaria o inchaço do Estado e leis ridículas, como a dos estrangeirismos, proposta pelo Aldo Rebelo. O Estado abocanha mais ou menos 35% do PIB brasileiro, existe pouquíssima esperança de que isso diminua, o máximo que podemos esperar é que a ingovernabilidade impeça de aumentar, os outros 65% podem levar o país pra frente, é só não atrapalharem muito.


Sendo assim, sempre que você ouvir falar na ingovernabilidade, fique feliz. É o que nos salva de ter uma parcela ainda maior da nossa renda abocanhada(e inutilizada, é claro) pelo Estado. Vamos nos unir contra o parlamentarismo, abrir um sorriso cada vez que trancar a pauta de votação no congresso, talvez seja uma boa aumentar o período de recesso parlamentar e pedir que os políticos não se reúnam toda a quarta-feira, só de 15 em 15 dias, ou mensalmente.

P.S.:Esse post pode passar a idéia de que eu sou contra a democracia no Brasil. É um engano, muito pelo contrário, se tivessemos uma ditadura, teríamos os mesmos políticos ruins com governabilidade, esse seria um problema enorme, certamente eles inchariam o Estado. Claro que esse não é o único problema de uma ditadura, os outros ficam pra outro post.

domingo, 9 de março de 2008

Os bilhões de Israel valem mais que os meus e os seus

Na economist saiu uma nota sobre patentes, bastante interessante.
O interessante é como foi medido, número de pedidos de patentes por bilhão investido. Nada de revolucionário. O interessante é ver quem está no topo do ranking, Israel. A lista segue em ordem: Suíça, Finlândia, Suécia, Coréia do Sul, Japão, Alemanha, Holanda, EUA.
Para os secadores de plantão, a China está abaixo da média mundial.
Post curto, seco e sem muita informação. Patentes são importantes e fica a cargo do leitor usar essa informação ou não.