Tenho feito análises de alguns dados do DIEESE e aparecem algumas coisas assustadoras.
Primeiro, o cálculo que eles fazem da cesta básica tem como objetivo calcular quantas horas de trabalho são necessárias para "o trabalhador de salário mínimo necessita para comprar sua Ração Essencial"(por algum motivo obscuro, eles devem acreditar que todo mundo ganha SM, senão ponderariam com renda média ou algo assim). A carga ideológica está presente em todas as frases("ração essencial" ilustra bem isso).
Segundo, eles calculam o Salário Mínimo Necessário. A formula é completamente doida. Primeiro eles calculam que uma família gasta, em média, 35% do seu orçamento com alimentação. Depois pegam uma família de 4 pessoas, que consome como 3(duas crianças consomem como um adulto, isso é razoável, não sei se preciso) e consideram que UMA pessoa da família trabalha. Po, assim não dá, tá certo que eles se baseam numa lei de 1938, mas trazer os costumes daquela época pra atualidade é um absurdo. Bom, continuando com as bizarrices, eles pegam o custo da cesta básica, multiplicam por 3 e dividem por 0,35. O grande problema é que 0,35 é o gasto médio com alimentação, não o gasto de quem ganha 1 SM. Não da pra aplicar esse formula bizarra pra quem ganha 1 SM.
Esse SM Necessário é usado para barganhar aumentos no SM, atualmente eles calculam 1700 reais. Pelo que eles dizem, alguém ganhar menos que isso é inconstitucional. Talvez estejam certos, isso não muda o fato que um salário desses não é compatível com a realidade do nosso país, exatamente porque nossa constituição não é compatível com a nossa realidade.
Tomara que aumentem o SM pra 1700 reais. Só confirmará a previsão de um professor meu que nós seremos(somos) pobres e nossos filhos miseráveis.
PS: Aumentar o salário mínimo pra R$ 1700 pode causar inflação(até porque o governo teria que emitir mais moeda pra cobrir o rombo), isso pode ser evitado com congelamento de preços. Isso foi feito no Brasil e não trouxe conseqüências negativas(o final é, obviamente, irônico)...
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
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2 comentários:
"O grande problema é que 0,35 é o gasto médio com alimentação, não o gasto de quem ganha 1 SM."
Christian, na Pesquisa de Orçamento Familares (POF) de 2002/2003 (vai sair uma pesquisa nova em 2008), o IBGE calculou que o peso de alimentação nas despesas de consumo das famílias com renda de até R$400 é de 34,5%. Essa percentagem vai diminuindo a medida que aumenta a renda, sendo que famílias com mais de R$6.000 mensais gastam 12,9% de sua renda com alimentos.
Achei que tivesse lido que 35% era a média de todas as famílias. Bom, agradeço a tua correção. Ainda assim, acho essa história de salário mínimo necessário uma bobagem.
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