Uma das críticas à teoria ortodoxa é sobre a racionalidade das pessoas. Muitos argumentam que as pessoas não são capazes de decidir o que é melhor para elas, que são facilmente enganadas e que, portanto, o Estado deve agir tomando certas decisões por elas para que elas tenham uma vida melhor. Parte do raciocínio que embasa essa crítica está correto: as pessoas são idiotas. Não todas, claro, existem pessoas brilhantes, mas boa parte da humanidade é idiota(se alguém não acha isso evidente, leia o livro: "O princípio Dilbert", além de muito engraçado, acaba com qualquer dúvida quanto a isso).
As pessoas que usam esse argumento se esquecem, no entanto que:
Racionalidade não é inteligência. Pessoas idiotas são tão racionais quanto as inteligentes, elas são capazes de decidir o que preferem(a prova disso é que tomam decisões). Podem dizer que as decisões tomadas pelas pessoas não são as mais sensatas, mas, fica a pergunta, como definir o que é melhor para cada um? Me parece que a melhor maneira de definir isso é que as pessoas sejam deixadas livres para decidirem.
Se você não gosta desse argumento, existe outro menos polêmico:
As decisões do Estado são tomadas por pessoas. Não existe nenhum motivo para supor que essas pessoas sejam menos idiotas que a média(se você acha que existe, sugiro que veja a nossa legislação ou coisas que são feitas e ditas pelos nossos políticos), assim, as decisões do Estado seriam tão ruins quanto as tomadas pelas pessoas. Na verdade, elas são muito piores, porque além da idiotice, conta o interesse individual dos políticos(o desejo de "levar vantagem" do seu poder) e a falta de incentivo para aplicar o dinheiro da melhor forma possível. Que incentivo um político tem para gastar o dinheiro público da melhor forma possível? Nas urnas a gente não "manda a conta" independente do que eles fizerem.
Sendo assim, me parece claro que delegar as decisões para as pessoas leva ao melhor arranjo possível, independentemente da inteligência delas.
8 comentários:
Nao tenho nem como discordar de seus argumentos, gostei do modo como defendeu a racionalidade, principalmente no que diz respeito o Estado.
No entanto, nao concordo com a racionalidade matematica das decisoes dos agentes. O que me parece, quando escuto sobre o assunto, � que essas decis�es s�o coisas autom�ticas e previsiveis.
O valor deste mes trouxe uma materia, uma revista a parte, falando que estavam usando da neurolinguistica para desvendar regioes no cerebro que era responsavel pelas decisoes de consumo. Acho isso uma tremenda bobagem, mas ...
Acredito que as pessoas ao tomarem suas decisoes (investimento, consumo, poupan�a) agem com uma racionalidade, que como voce mesmo colocou, nao significa inteligencia, mas simplesmente dizer que mais � melhor que menos e demonstrar em curvas de indiferen�a, nao explica o mundo real
Já que vocês gostam tanto de teorias:
Teoricamente, o governo é escolhido pelo povo que, individualmente, escolheu seu candidato a partir da sua própria opinião. No momento em que o governo é o que as pessoas escolheram, ele apenas viabiliza que as tomadas de decisão sejam centralizadas de modo a serem melhor executadas.
O governo só é ruim porque as pessoas, em seu livre-arbítrio, esoclheram governantes ruins. Sem contar que esse governo ruim limita muitas das decisões individuais que seriam maléficas à sociedade; imagina se fosse tudo livre... seria estado de guerra.
dannyell:
Cara, usar funções matemáticas é simplesmente uma forma de representar as preferências. Não quer dizer que os agentes tomem decisões baseados em funções matemáricas, as funções são usadas para representar, de modo simplificado, o gosto de cada um.
Natália:
Tu tem razão quando diz que as pessoas escolhem os candidatos baseadas em suas preferências. Só que existem 2 problemas:
1-Existe um número limitado de opções. Em geral tu não vai achar um candidato que concorde contigo em tudo. Acaba-se votando no "menos pior".
2-Existe o problema de agente-principal. Uma vez eleito, o político tem muito mais incentivo para usar o dinheiro da sociedade em benefício dele do que da melhor forma possível.
Mesmo que os políticos fossem extremamente altruistas, ainda não estariam resolvidos os problemas. Mesmo bem intencionados, eles não teriam como saber o que as pessoas desejam(não há como fazer pesquisas com toda a população, que detectem todas as preferências e os trade-offs e, baseadas nisso, definam a produção e a distribuição que garante maior bem-estar a todos).
1- eu também pensava isso... aí eu vi a campanha pra prefeitura da minha cidade... sério, a gente acha que não, mas as pessoas têm convicção nos candidatos. Afinal, falamos de POVO, e não de estudantes universitários pensantes.
2- sinceramente, quanto a isso eu não vejo solução nenhuma, nem no socialismo, nem no capitalismo... nem numa tribo indígena, nem em Plutão :)
Mas também sabemos que uma anarquia é inviável posto que a condição humana tende à guerra.
É, digamos que qualquer argumento aqui seria utópico.
Natália, estudantes universitários são pensantes?
Eu já duvido disso. Pelo menos no Brasil nem todos são pensantes. Quantos dos seus colegas pensam sobre a matéria estudada? E quantos apenas decoram as provas de semestres anteriores? Garanto que tu tens colegas ou conhecidos na universidade que acreditam que o Lula "não sabia de nada".
Uma prova de que os alunos universitários são não-pensantes é uma pesquisa* que concluiu que a maioria dos alunos da URFGS preferiria uma bolsa de estudos para estudar em Cuba a uma bolsa para estudar nos EUA.
Mais uma, universitários se abraçam na "causa marxista-comunista-operária" sem o mínimo de raciocínio sobre o funcionamento de uma sociedade desse tipo.
*não sei se é verdade isso, apenas ouvi falar.
Quanto a soluções de problemas de agente-principal, há (algumas)soluções sim.
Semestre que vem terças e quintas 9:30-11:10, economia da informação, professor Giácomo Balbinotto Neto.
Não era minha intenção entrar no mérito DESSA questão. Mas como tu mesmo notou, se estudantes universitários pensantes já não são tão pensantes... o resto do povo tampouco.
Ah, e desculpe-me por nunca ter tido essa cadeira.
Sobre o problema de agente-principal: não existe solução absoluta, existem sim, várias formas de atenuar ou resolver certos casos(por isso o Marcelo falou de econ. da informação). O negócio é que o "tamanho" do problema é muito menor no capitalismo porque as pessoas admistram o seu dinheiro. Quanto maior o Estado, maior tende a ser esse problema(existem casos fora do Estado, claro, como grandes empresas, seguros, etc).
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