Hoje eu tive que ouvir em sala de aula(sobre o modelo de Solow) que os economistas neoclássicos(foi o termo usado, seria mais adequado "ortodoxos" ou "convencionais") são "otimistas, pois em seu modelo a economia sempre está em pleno emprego". Não é a primeira vez, nem será a última, que se critica a teoria econômica convencional por ter pressupostos irrealistas. No caso, pleno emprego é uma hipótese, ninguém está afirmando que o mundo é assim, e essa hipótese não precisa estar de acordo com a realidade para que o modelo seja válido. O importante é que os resultados previstos pelo modelo estejam de acordo com a realidade.
Isso é dito por Milton Friedman em seu artigo "The methodology of positive economics". A justificativa para não exigir realismo das hipóteses é que os pesquisadores não conhecem a realidade, eles formulam um modelo procurando fazer previsões realistas sobre ela. Se as previsões feitas pelo modelo estiverem de acordo com a realidade, este é corroborado, se não, ele é refutado. Não existe um "modelo verdadeiro"(ao contrário do que pensam várias correntes que tem seus livros sagrados e autores sagrados, que estão sempre certos), existem modelos que são adequados em certos momentos e todos são passíveis de serem refutados se não apresentarem resultados de acordo com a realidade.
Muitos discordam, não gostam da visão de Milton Friedman. Acredito que isso acontece, primeiro, porque não aceitam que seus ídolos e suas teorias sejam passíveis de falhas e, segundo, porque a maioria das críticas feitas pelos heterodoxos é direcionada à falta de realismo das hipóteses na teoria ortodoxa. O que mais se ouve são críticas sobre a inexistencia de pleno emprego e concorrência perfeita.
Se os heterodoxos quiserem fazer teorias como se conhecessem toda a realidade, com hipóteses que acreditam que descrevem-na com perfeição, que façam. Agora, quando quiserem criticar a teoria ortodoxa, que façam direito, criticando as previsões feitas a partir dos modelos, e não os modelos em si.
Como disse o(genial) professor Sabino:"Não mexam na caixa-preta".
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