quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O Mito da Igualdade

"A society that puts equality before freedom will get neither. A society that puts freedom before equality will get a high degree of both." Milton Friedman


Um dos argumentos mais utilizados (não necessariamente mais fortes) na tentativa de se diferenciar crescimento de desenvolvimento é a questão da igualdade na distribuição de renda. Alguma coisa, que talvez seja simples ódio ao capitalismo (uma vez que faltam evidências empíricas) leva as pessoas a acreditarem que existe um “trade-off” entre crescimento e igualdade. Outra razão possível para esse tipo de pensamento é que países que centralizaram suas economias e tentaram acabar com o mercado buscando igualdade foram uma tragédia em termos de crescimento (muitos esquecem que acabaram não sendo exemplos de igualdade também).
Entre as economias de mercado, entretanto, não se pode dizer que esse “trade-off” se verifique. Não existe uma relação forte entre distribuição de renda e PIB per capita (apenas pode-se dizer que em países pobres o índice de Gini apresenta variação maior que nos ricos).
Mas o ponto principal a ser analisado aqui não é essa crença no “trade-off” entre crescimento e igualdade de renda. O que me chama mais a atenção é a crença que muitas pessoas têm de que igualdade gera bem estar. Chamar isso de “crença” é bastante polêmico, visto que esse pensamento é praticamente consensual. Para explicar a minha discordância, utilizarei como exemplos dois países: Suíça e Etiópia.
Utilizo esses dois países exatamente pelas diferenças gritantes existentes entre eles. Ao pensarmos na Etiópia, é provável que a primeira lembrança seja a de pobreza (ou talvez a segunda, para quem lembrou dos excelentes maratonistas etíopes). Ao pensarmos na Suíça, por outro lado, a lembrança é de ausência de pobreza (além de chocolates, bancos, relógios, os Alpes, etc).
Quando comparamos os dois países em termos de desigualdade, baseados no conhecimento que temos da qualidade de vida muito superior dos suíços tendemos a achar que esse país tem uma distribuição menos desigual da renda. O índice de Gini mostra o erro desse tipo de raciocínio. A Suíça possui um índice de 0,337 enquanto o da Etiópia é de 0,3(quanto menor o índice, mais bem distribuída a renda).
A grande diferença econômica entre esses dois países passa longe da distribuição. A explicação está justamente no crescimento. Ao longo de sua história, a Suíça cresceu mais que a Etiópia e isso explica o motivo dos suíços terem uma qualidade de vida muito superior. O que aumenta a qualidade de vida é aumento na produção per capita(ou seja PIB per capita), uma produção pequena, bem ou mal distribuída, condena um país à miséria. Por isso, a importância do crescimento econômico na qualidade de vida nunca pode ser ignorada ou diminuída.

Um comentário:

Ricardo disse...

"Maratonistas etíopes". Acho que sei quem se lembrou disso. hehehe