quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Certo pelo duvidoso

Em outubro de 1996, o Conselho Nacional de Desestatização (CND) aprova o modelo de desestatização da Vale do Rio Doce, dando início a todo o processo de privatização dela. No ano seguinte o BNDES apresenta o edital de privatização da Vale que em seguida é privatizada, ocorrendo o seu leilão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Um consórcio liderado pela CSN ganha o leilão e adquire mais de 40% das ações da empresa.
Tem gente que fala que foi “maracutaia” a privatização da Vale, porque para pagar o preço das ações foi usado dinheiro público, vindo do BNDES. Bem, não sei a validade dessa informação, quanto ao financiamento, o que eu sei é que isso pouco importa.
“Mas como assim pouco importa?”
Tendo em vista que o financiamento sempre é visto como um empréstimo para investimentos produtivos (ou pelo menos deveria ser), por parte de um banco que fomenta o desenvolvimento, pouco importa se ele vai ser usado para comprar maquinário novo por uma empresa já existente ou se ele será usado para reestruturar uma antiga, como foi o caso da Vale. Em ambos os casos o tomador do empréstimo É OBRIGADO A PAGAR POR ELE, seja qual for a forma acordada para tanto (em parcelas, integralmente...). O tomador do empréstimo que adquiriu a Vale, ao mesmo tempo em que comprou os direitos de administração da mesma, contraiu uma dívida gigantesca para tanto. A única esperança que ele tinha era a perspectiva de realizar lucros e ver sua empresa crescer o quanto antes, para poder pagar seus débitos.
Felizmente foi o que aconteceu, e de uma hora para a outra, quase que literalmente, os lucros da Companhia Vale do Rio Doce dispararam, isso ocorreu um ano após a sua privatização. Desde então a CVRD não para de crescer (tem valor de mercado hoje superando os US$ 25 bilhões e lucros líquidos superiores a R$ 13 bilhões). Estima-se que, no curto prazo, a Vale superará, em valor de mercado, a maior empresa do Brasil, a Petrobras. Outros sinais do crescimento fabuloso dela são suas recentes mega incorporações de empresas de mineração sejam elas de origem Brasileira ou não.
O fato é que a empresa cresceu e hoje emprega mais gente que empregava quando foi privatizada, paga mais impostos que dava de lucro naquele tempo e é um exemplo da boa administração e governança corporativa (tanto que por muitos anos teve um investment grade superior ao do Brasil).
Sabe-se cada vez mais que uma empresa privada é, via de regra, melhor administrada e gera mais benefícios sociais que uma empresa pública, por que haveríamos de botar a perder todo esse sacrifício e ver deteriorar-se um esforço de uma década com a reestatização da empresa? Por melhor que seja uma possível administração estatal dificilmente ela se igualaria a uma privada. Essa provável perda de competitividade valeria à pena? Você trocaria o certo pelo duvidoso?


Um comentário:

João Cansian disse...

Concordo contigo.
Parabéns pelo post!