sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Centralização e chute pra fora

Na economist dessa semana saiu uma reportagem sobre a baixa qualidade dos jogadores de futebol ingleses. É interessante.
Em 1997 a Football association transferiu boa parte da formação dos jovens atletas para os clubes de futebol. Clubes ingleses importam jogadores, é mais barato, vantagens comparativas.
O que o ministro dos esportes da Inglaterra quer? Cotas! Cotas para jogadores ingleses.
Isso é desculpa pra esconder falta de talento.
O que está errado são os incentivos dados. Qual é o objetivo de um clube de futebol? Maximizar os lucros, como qualquer outra empresa. Isso se faz ganhando jogos. Forçar os clubes a contratar jogadores ingleses é burrice, vai fazer com que fiquem piores. Não basta a seleção ser ruim, o governão quer acabar com os times ingleses também.
Se o governo quiser incentivar jovens craques, que pelo menos o faça de uma maneira menos prejudicial. Faça como a França que criou o Clarifontaine. A Inglaterra até tem um projeto de algo semelhante, mas ainda não saiu do papel.
O governo não pode exigir que as empresas dêem a educação dos seus trabalhadores e ainda criticar o modo como isso é feito.
Governão, centralização e controle dá sempre na mesma, ineficiência e soluções tortas.

Nunca imagina que diria que a Inglaterra deveria copiar a França.
PS. Não sei bigas de futebol, então pode estar tudo errado.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Top ten

Top ten things that I, Christian Wolf, would like to say to Hugo Chavez:

10- You say your government is democratic, are you nuts or just a really bad liar?

9- Do you really believe in communism or you just like being a real pain in the ass?

8- Are you related to that guy on tv?

7- Is it good to be the role model to the "perfect latin-american idiot"?

6-Do you believe that if everybody who doesn't like you was killed, the world would be a better place?

5- Do you have a project like that to make the world a better place?

4- The word is "Zevach Oguh".

3- How do you feel by turning the king of Spain into a hero?

2- Pat Robertson said that the US would save billions(that would be used in a war) if they killed you now. Will you make his profecy come true?

1- About your 12 hour speeches: "Porque no te callas?".

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Tékitoi?

Para que serve o título universitário? (além de deixar a família orgulhosa)
Serve para mostrar ao mercado as capacidades de uma pessoa. A informação não é perfeita. Meu empregador não sabe tudo que li ou não li.
Meu futuro título de economista pela UFRGS servirá para mostrar ao mercado o que li e estudei (supostamente). Um empregador vai ver meu diploma e saber que li Marx, kalecki, Arrighi e demais atrasos, por sorte fui "obrigado" a ler alguns manuais de economia, talvez tenha até lido alguma coisa de Lucas, Friedman e Gary Becker, ele não tem como saber. Se for um empregador que entrevistou diversos ex-alunos da UFRGS terei problemas, serei comparado aos alunos da UFRGS que o sujeito conhece, leitores de Marx, Kalecki e Cia.
Ainda bem que existem universidades diferentes, imagine se um economista formado por Chicago, aluno de Lucas e Gary Becker, fosse comparado de igual para igual com um aluno da UFRGS, aluno dum cara que tem o orgulho de ser um dos maiores entendidos em Marx da região sul.
Nada impede um estudante da UFRGS de ser melhor que um estudante de Chicago, com a internet, é possível baixar praticamente qualquer artigo, comprar qualquer livro. O aluno de Chicago possivelmente sabe mais economia mainstream que o aluno da UFRGS, já que certamente se aprende por osmose naquela universidade. Mas o que realmente importa é a dedicação em casa e isso independe da universidade onde se estuda. (Não levando em conta o custo de oportunidade das leituras, já que somos obrigados a ler Keynes de joelhos no milho, enquanto poderiamos ler outra coisa.
É um problema de seleção adversa, não se sabe perfeitamente se o candidato ao emprego é bom ou ruim, o diploma universitário serve como sinalização, uma garantia de ter no mínimo uma noção de determinados assuntos.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Minha chapa pro DCE

Eu não participo de nenhuma chapa das que concorrem ao DCE, apenas apóio a única delas que não pensa que eu sou fascista, nem que Karl Marx é deus, nem que o Fernando Henrique Cardoso é neoliberal. Se não tem nenhuma que defenda a que eu gostaria, prefiro votar na que não me parece totalmente lunática(quem acha que um maluco enraivescido é deus e que um sociólogo marxista é neoliberal me parece lunático).



Se eu tivesse uma chapa pro DCE, ela defenderia mais ou menos o seguinte(repito: a chapa que eu apóio, infelizmente não defende essas coisas):



1) No curto prazo, fim da educação gratuita na UFRGS pros alunos que puderem pagar. O pagamento da mensalidade deve ser proporcional à renda do indivíduo ou de sua família. o Objetivo dessa medida é acabar com o absurdo que é a classe média e média alta terem sua educação paga pela totalidade da sociedade. Devem pagar os beneficiados diretamente por essa educação



2)No longo prazo, a privatização da universidade. Os alunos que passarem no vestibular e não tiverem condições de pagar a universidade terão sua educação subsidiada por meio de bolsas. Além do mesmo objetivo da primeira medida, essa busca resolver a ineficiência dos serviços públicos. É muito mais barato e eficiente o Estado subsidiar a educação do que fonecê-la diretamente. Além disso, possibilita que alunos de baixa renda estudem em outras universidades(conquistando a bolsa, eles poderiam escolher a universidade de sua preferência).



3)No curto prazo, fim da alimentação subsidiada no Restaurante Universitário. Exceto, claro, o subsídio à alimentação dos alunos de baixa renda.



4)Fim do subsídio às passagens de ônibus e atividades culturais. Exceto, novamente, o caso dos alunos de baixa renda.

Esses são os pontos principais. Claro que ninguém votaria na minha chapa, estudantes da UFRGS adoram os benefícios que recebem, justiça social só da boca pra fora. Distribuição de renda sempre, desde que não a nossa, né?

Quanto menos melhor

Normalmente, nas campanhas políticas, os candidatos propagandeiam o que fizeram: que mobilizaram investimento pra educação, pra saúde, pra defesa dos trabalhadores, dos agricultores, dos jovens, dos idosos, das criancas, dos adultos, de deus(estão dizendo que ele é brasileiro) e do diabo(esse a gente já sabia e atualmente é ministro). No fundo ganha mais votos quem conseguiu gastar mais. É isso mesmo, tem gente que acha que investimento é diferente de gasto, é mentira, investimento é gasto sim. Em geral, se vota no cara que fez aprovou orçamento pra isso, aumentou a verba daquilo, etc.
Eu proponho o contrário, quero que votemos em quem fez menos. Ou nos que defenderam cortes nos orçamentos(vale corte em qualquer coisa, o Friedman já falou que era a favor de qualquer corte nos gastos do Estado) ou aqueles que simplesmente não fazem nada. Pode parecer absurdo, mas um político que vai pra Brasília embolsa o salário e fica coçando dá muito menos prejuízo do que aquele que se esforça pra mobilizar investimentos pra tudo quanto é coisa. O Brasil ainda é um país pobre, não tem dinheiro pra tudo e mais um pouco, o Estado gasta absurdamente mais do que deveria(quem discorda deve comparar o gasto estatal/PIB com o de países de renda per capita semelhante).
Se as pessoas seguissem essa idéia, certamente o RS não estaria afundado em dívidas. Claro que muito mais bonito do que ser responsável é fazer uma escola por esquina, mas o futuro manda a conta. Já está mandando. E é lamentável que quando aparece uma governadora que mostra algum esforço pra melhorar a situação, o pessoal cai em cima, se volta contra todos os cortes. Alguém tem que pagar a conta.
PS: o esforço feito pela Yeda é menor do que deveria ser, mas devemos dar um desconto, sabemos que ela é keynesiana. Ela deve estar preocupada com o multiplicador dos gastos públicos.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Menos universidades e hospitais, mais qualidade

Existem poucos hospitais no Brasil. Isso é bom.*
É bom que hospitais sejam concentrados, universidades também.
Não faz sentido um grande hospital e uma universidade a cada cidade.
Não dá pra ter um Albert Einstein (o hospital em São Paulo) em cada cidade. Quem são os médicos do Albert Einstein? Certamente vários deles são os melhores do Brasil. Exatamente por que grande parte dos médicos quer trabalhar lá, aumenta a concorrência.
Além disso, os melhores médicos convivem uns com os outros, trocam conhecimentos, experiências e realizam pesquisas juntos.
Outro ponto, curvas de aprendizagem, hospitais se especializam em determinadas áreas, fazem os mesmos transplantes etc. Com um maior volume de cirurgias feitas, mais rápidas, baratas e seguras serão as próximas cirurgias. Quem achar que a cidade de Palmitinho no RS tem, 1º capacidade de contratar médicos qualificados e 2º demanda (suficiente) por cirurgias cardíacas por exemplo, só pode estar louco.

Uma universidade não pode existir no meio do nada, não no Brasil. Não dá pra ter unipampa em cada esquina, ou coxilha. Não dá certo. Será sempre uma unipampa, nada além disso. Não é possível ter um departamento de economia como o de Chicago em cada esquina. Os melhores alunos vão atrás dos melhores professores, que se concentram em alguns centros, como Chicago. Lucas é o que porque estudou lá, viveu lá, cercado dos melhores professores e colegas.
Nem é preciso ir tão longe. O RS não sustenta nem 1 excelente curso de economia. O da UFRGS é, provavelmente, o melhor, porém há muitos péssimos alunos e poucos bons professores, por sorte o marxismo não tomou conta de tudo. Há excelentes professores na UFRGS (os liberais), assim como a UFSM ou qualquer outra universidade do RS tem, porém eles estão diluídos, não é possível formar um centro de pesquisa forte, com tradição, como a PUC-Rio ou a EPGE-FGV.

Fazendo uma comparação simples, não adianta uma orquestra com apenas 2 bons músicos ou um time de futebol com um excelente atacante mas que não faz a bola chegar até ele.

*Na verdade os hospitais são péssimos e estão sobrecarregados, claro, tudo da rede pública, sem investimento.

Saúde e educação são importantíssimos, mas não dá pra querer ter uma Harvard e um Albert Einstein em Bossoroca.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Em 1999, o economista Robert Barro esteve em Porto Alegre, no Fórum da Liberdade. Foi a segunda visita dele ao Brasil na década de 90, na primeira, em 1996 ele disse que a política fiscal e monetária do governo não era suficientemente séria. Na segunda, manteve a impressão sobre isso e ficou horrorizado com a política do governo do estado do RS(ele teve a infelicidade de vir na época do governo Olívio), parece que disse que nunca mais voltaria aqui. Vou postar a parte do artigo que ele fala do governo do Olívio:
I was not surprised to learn that Brazil had made little progress in tackling its fiscal and monetary problems. But I was astounded to discover that the state in which the conference took place--Rio Grande do Sul--had joined Cuba and North Korea as one of the world's few remaining Marxist economies. The local governor, Olivio Dutra, was even a dead ringer for Josef Stalin. His economic program seemed to have been inspired by the Soviet Union of the 1950s: an end to privatization, creation of new state companies, coercive agrarian reform, governmental repudiation of contracts with General Motors Corp. and Ford Motor Co., curtailment of foreign investment, and the cessation of payments on debts to the federal government. This local program actually made Brazil's national economic policies look pretty good.
To add to the strangeness, Brazil also appears to be the only major country in the world that imposes cumbersome entry requirements on U.S. citizens. I almost did not make the trip in 1996 because of difficulty in obtaining a visa. Brazilians say the U.S. requires them to get visas to visit, too. So it's just a matter of Brazilian pride. But perhaps in this area, as well as in monetary matters, Brazilians ought to worry more about sound policy and less about nationalism.

O paradoxo do tempo

Como se sabe, o Econoseet tem dedicado vários posts aos trabalhos de aceleração espaço-temporal milton-santistas. Para maiores explicações de como funciona a aceleração do tempo ver os trabalhos de Wolf, Christian.
A idéia básica por trás da aceleração é que um segundo percorre um segunde em menos de um segundo, devido ao capitalismo.
Um problema com a teoria de Milton Santos é que a produtividade de trabalho aumenta. Se um segundo percorre um segundo em menos de um segundo, um segundo de trabalho (que é menos de um segundo) deveria render menos produto que nos tempos em que 1s=1s.
Olhando alguns dados de produtividade pode-se ver que a produtividade cresce, trabalha-se mais por segundo, ou seja, um segundo de trabalho percorre um segundo mais devagar, já que rende mais, ocorrendo uma desaceleração do tempo.
Porém o tempo não está passando mais devagar, ou está? Alguém tem essa sensação?
Chegamos a um paradoxo! Um segundo de trabalho é mais de um segundo no relógio, um segundo normal é menos de um segundo no relógio.
Estariam os relógios loucos e o tempo se dissolvendo?
Ainda falam que Marx tinha o poder de ver o futuro, começo a achar que Dalí foi o grande Nostradamus. Pelo menos fica mais bonito que um exemplar do Kapital em casa.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Comércio de órgãos

Não, o post não é sobre alguém encontrado numa banheira de gelo ou coisa assim, é sobre legalizar o comércio de órgãos. O motivo? Simples, se alguém se dispõe a vender seu órgão por X, essa pessoa atribui a esse órgão um valor igual ou menor que X e se alguém se dispõe a pagar X por esse órgão, essa pessoa atribui a ele um valor maior que isso. Sendo realizado o negócio, as duas pessoas estarão num nível de bem estar maior do que se esse não fosse realizado. Isso supõe, obviamente, que ninguém será forçado a vender um órgão, mas isso vale para qualquer tipo de mercado e geralmente funciona bem.

Claro que não seriam negociados órgãos indispensáveis para a vida. Não existe dinheiro que possa fazer uma pessoa abrir mão de viver, até porque ela não poderia usufruir desse dinheiro não estando viva. Não seria estabelecido um mercado de corações, mas é possível que se estabelecesse um mercado de rins. Como as pessoas teriam mais incentivo para doar do que tem hoje, é provavel que ocorressem muito mais transplantes, resultando em um número maior de vidas salvas.

Outro caso interessante é o dos transplantes de medula, nos casos de leucemia. Como se sabe, não trazem prejuízo para o doador, o problema é encontrar algum doador compatível. Se houvesse um mercado e remuneração para quem fizesse essa doação, as pessoas teriam mais incentivos para se cadastrarem como doadoras. Um número maior de cadastros aumentaria a probabilidade de se encontrar um doador compatível e, assim, seriam salvas mais vidas.

Cabe finalizar dizendo que essa é apenas uma visão econômica e simplificada sobre o assunto. Existem outros aspectos envolvidos em se estabelecer um mercado assim que deveriam ser analisados com cautela. Aqui pretendo apenas mostrar como o estabelecimento de um mercado pode aumentar o bem estar das pessoas e ajudar a salvar vidas.

Liberais e fascistas

Hoje eu encontrei meu professor de história , dos tempos de colégio. Como naquela época meu posicionamento não era muito diferente do que é hoje e ele dava aula de história(devo dizer que ele é menos radical do que professores de história normalmente são e que é um sujeito muto legal) nós tínhamos acaloradas discussões durante as aulas. Hoje ele me chamou, brincando, de fascista. Isso me irritou um pouco, não por causa da brincadeira e sim porque ocorre com freqüencia e porque é uma prova ímpar de ignorância. Sendo assim, cabe um post para esclarecer as diferenças entre liberais e fascistas ainda que sejam óbvias pra quem tem alguma cultura e algum bom senso.

Pode ser útil explicar as possíveis razões dessa confusão. Liberais(vou usar a palavra para designar os defensores do liberalismo econômico, não confundam com o sentido da palavra nos EUA) e fascistas são considerados direita. Ambos são anti-comunistas. A mente comunista padrão faz-ou força- o seguinte raciocínio: liberais são pessoas malvadas, que são de direita e odeiam o comunismo, fascistas são pessoas muito malvadas, que são de muito direita e muito odeiam o comunismo. Chamar de muito liberal equivale então a chamá-lo de fascista(matemáticamente, na equação "liberal=malvado+direita+anti-comunista" você multiplica por "muito" dos dois lados).

Tudo isso é verdade(o malvado depende de gostos pessoais, mas como tem gosto pra tudo, não se pode dizer que é falso) o problema são as outras características. Para começar: fascistas eram totalmente contrários ao livre mercado, adoravam o estado controlando tudo, odiavam os liberais e suas idéias. Fascistas eram ultra-nacionalistas, liberais não querem saber disso, são contra proteger indústria nacional e acham que tem que comprar produtos de quem produzir melhor e mais barato. Fascistas eram belicistas, liberais acham bobagem gastar com isso(ok, Reagan era liberal, mas economistas liberais sempre foram contra gastos muito grandes com exércitos). Além disso, o mais importante é que o regime fascista, bem como o comunista, não tinha respeito nenhum pela liberdade, que sempre foi defendida pelos liberais.

Existe uma idéia de os dois grupos buscam a manutenção do status quo. É mentira. Hitler saiu perseguindo judeus na Alemanha e eles tinham grande poder econômico no país, foi assim que ele conseguiu mobilizar a população contra esse povo. E a história que liberais defendem os poderosos supõe que capitalismo não tenha mobilidade social, tremenda falácia. Mais: discriminação etnica é uma tremenda besteira, não existem provas de que uma etnia seja mais inteligente ou melhor que outra, defender essas coisas é burrice. Ah, eu tenho grande admiração pelo povo que presenteou a humanidade com a bela invenção dos juros(pequena homenagem do econosheet à Seligman, Eduardo. Ainda que ele coma porco).

Vale sempre lembrar que, na Segunda Guerra, o capitalismo liberal(ok, as histerias keynesianas já tinham começado, mas sempre se defendeu a liberdade) e o comunismo lutaram juntos contra o nazi-fascismo. São três ideologias antagônicas, ainda que cada uma compartilhe algumas características com as outras. Sendo assim, se quiserem "ofender" com um mínimo de coerência, é melhor me chamar de liberalóide malvado, porco capitalista, expropriador de mais-valia e todas essas coisas bonitas.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Auto-ajuda marxista

Hoje a aula de setor público teve um momento divertido, o professor falou em um autor que ele gosta que tem certa inspiração marxista(alguém deve lembrar o nome e qual a inspiração) e o Marcelo Bohrer, meu colega de aula e de blog, fez cara feia. O professor viu, disse que era preconceito, que a gente deveria estar mais aberto(do jeito que eu falo parece que estou falando mal dele, não entendam assim, ele é um cara muito legal) e um colega nosso interveio dizendo:

"Quando tu passar um tempo fazendo parte do Exército Industrial de Reserva, tu vai passar a dar valor a Marx."

Claro que o resultado foi o Marcelo dando uma sonora gargalhada.

O que eu observei nisso é que Marx não é mais um autor de economia, é um autor de auto-ajuda. Nosso colega deixou isso claro na sua frase, a pessoa só valoriza Marx quando está num mau momento da vida, serve de consolo ler que seus insucessos são culpa da lógica perversa do capitalismo e da sede incontrolável por lucros do capitalista. Que ela está sem emprego porque isso é necessário para o sistema, é necessário que boa parte da população não tenha emprego para que os salários sejam baixos. Tudo isso faz bem pra auto-estima, não interessa se é verdade, o negócio é acreditar e repetir sem pensar.

Amam Marx aqueles que odeiam o que ele odeia: o capitalismo e os capitalistas. É paixão, não ciência. Ninguém procura dados para ver se a desigualdade está aumentnado, se o padrão de vida das pessoas mais pobres está diminuindo, se a mecanização gera desemprego. Se tivesse pretensões de contribuir para a ciência econômica, seria necessário comparar as previsões feitas pela teoria com a realidade. Desistiram disso, o negócio é afogar as mágoas no livro sagrado, culpar os outros e o sistema pelos próprios insucessos e acreditar que a revolução virá e salvará a todos.

Se gostam disso, vão em frente, só não precisava ser nas faculdades de economia. Templos são muito mais adequados para esse tipo de coisa. Ah, eu gostaria que "O Capital" e "O manifesto comunista" entrassem nos rankings de venda como auto-ajuda(alguns defendem que seja ficção), alguém me ajuda nessa campanha?