sábado, 29 de setembro de 2007
Planejamento estatal
A Polônia poupou (investiu) demais, gastou demais em tecnologia defasada, equipamentos nunca instalados, tinha de manter um capital grande demais.
Com o fim do planejamento a taxa de poupança cai e o PIB per capita cresce muito mais que antes!
Planjamento central não funciona! Deixa o mercado planejar!
Tem gente por ai que acha que crescimento é só mexer em Y=C+S+G omiti X-M porque eles não gostam de economia aberta, deveria ter tirado C também porque isso é coisa do demônio da propaganda capitalista. Tudo em S e G!
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Petróleo x Etanol
Nesse texto(que PODE conter ironia, bom avisar isso cedo..) apresento as razões para se opôr a essa terrível popularização do etanol:
1)Produtores: é verdade que somos o país mais eficiente na produção do etanol, mas nas mãos de quem está essa produção? Na dos latifundiários, capitalistas, exploradores. Pior ainda: a indústria do etanol está recebendo investimento estrangeiro, inclusive do maligno especulador Soros(fontes "seguras" garantem que ele fez pacto com o demônio). O petróleo, por outro lado, é produzido pela nossa QUERIDA Petrobrás(o querida é citação de uma professora da UFRGS).
2)O etanol causará fome: ignore os dados que dizem que a produção de alimentos tem crescido mais que a demanda. Ignore os sucessivos recordes de safra. Ignore as sucessivas quedas no preço dos alimentos em relação ao poder de compra. Mais área com cana significa menos área com alimentos, se permitirmos isso, vamos todos morrer de fome. Essas propriedades, bem como todos os latifúndios devem ser desapropriados para a reforma agrária(na verdade, aí sim que temos alguma chance de morrer de fome...).
3)Bush é a favor do etanol: o presidente norte-americano já fez vários discursos falando nas vantagens do etanol como alternativa para substituir o petróleo. Todos sabemos que Bush é o ser mais maligno do universo e que tudo que ele defende é errado, portanto, se ele defende o etanol, nós devemos ser contra.
4)Chavez é contra o etanol: raciocínio inverso ao de Bush, Chavez defende a América-Latina, se ele é contra o etanol, isso deve ser ruim pra nós. Certamente não tem nada a ver com o etanol ser um substituto ao petróleo, que é o que sustenta a Venezuela e o Chavez...
Não estava com paciência pra um post sério, tenho ouvido/lido muita bobagem comunista na faculdade...
Desperdício de dinheiro público (parte 1)
Uma nota de roda pé na primeira página: "este trabalho faz parte de pesquisa financiada pelo CNPq". Dinheiro no lixo.
O texto está recheado com pérolas. Logo na segunda página o autor afirma que a pobreza aumentou, assim com a disparidade. Mentira! Sala-i-Martin neles!
O texto continua muito bom, alto nível, o sujeito usa a expressão "os americanos apanharam no Vietnã", qualquer criança de quinta série sabe que não se escreve isso em um texto sério.
Páginas e páginas recheadas de chavões marxistas.
É curioso que no texto há erros patéticos de português, será que o autor não queria gastar com um revisor ortográfico? Seria bom, aumentaria a demanda agregada da economia brasileira, mas acho que foi escrito na era FHC então melhor não.**
Dói ver no que é gasto o dinheiro público, além disso, o texto gera externalidades negativas! Comunistinhas raivosos vão reproduzir as bobagens em textos por ai.
Ainda tem gente que se pergunta por que é que os economistas brasileiros não são respeitados no exterior. Tem gente que gostava do Bob Fields, um sujeito que merece respeito.
*tá mais pra economia política internacional
**pode conter ironia.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
México, tão longe de Deus e tão perto dos EUA
O NAFTA teve início em 1994. De 1995 (exclui-se 1994 devido ao crescimento negativo do México*) até 2004 o PIB per capita mexicano cresceu 20,67%, contra os 3,46% da década anterior. O Brasil cresceu cerca de 3,5% de 1995 a 2003. O que tu preferes: 20 ou 3? Eu fico com 20, mas tem louco pra tudo.
Será mesmo válida a frase do título? Creio que não. Sorte mexicana de estar tão próximo dos EUA.
Foda-se Deus, eu quero os EUA!
*crise do México
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Assina a chamada por mim
Assinar a chamada por alguém é crime. Deveria dar cadeira. Chegar atrasado e sair mais cedo também.
Essa prática é, infelizmente, muito comum nas universidades brasileiras.
A educação pública é paga por alguém, professores e funcionários não estão fazendo trabalho voluntário nas universidades. A sociedade paga. Paga muito caro.
A educação é financiada por alguma razão, externalidades positivas. Ou seja, se a sociedade paga pela educação dos jovens é dever deles retribuir.
Vejo a coisa da seguinte maneira: quando faço minha matrícula em tais e tais cadeiras, estou assinando um contrato com a sociedade. É preciso cumpri-lo. Ir a todas as aulas, chegar na hora, sair apenas após o termino da aula é o mínimo que posso fazer, na verdade menos que o mínimo, é necessário estudar em casa também.
Quando alguém sai mais cedo, chega mais tarde ou simplesmente não vai à aula, essa pessoa está quebrando o contrato que assinou com a sociedade, está acumulando menos capital humano do que deveria, ou que se comprometeu a acumular. Como se sabe a sociedade vai pagar pela preguiça de seus jovens, menos capital humano acumulado, menos crescimento, mais pobreza, atraso, enfim, mais Brasil.
Jovens marxistas: querem fazer uma revolução? Fechem seus cassinos que chamam de diretórios acadêmicos! Já pra sala de aula! Já pra biblioteca!
domingo, 23 de setembro de 2007
Eles CorruPTos nós pobres
É senso comum que a corrupção prejudica o funcionamento da economia. Mas como ela afeta o crescimento?
Supõe-se, nesse texto, que a corrupção exista porque há muita burocracia.
Há uma teoria interessante quanto aos efeitos da corrupção sobre o crescimento. A teoria de Leff e Huntington afirma que a corrupção favoreceria o crescimento econômico. As duas explicações pra isso são as seguintes: Os funcionários corruptos teriam na propina um incentivo para trabalhar melhor, além disso, a existência da propina como acelerador da burocracia aumentaria a velocidade de andamento dos processos e afins (speed money).
A teoria de Leff e Huntington não se sustenta empiricamente nem logicamente. Rose-Ackerman coloca que é impossível limitar a corrupção às áreas economicamente desejáveis. Murphy, Shleifer (olha ele aqui) e Vishny provam que países que alocam pessoas talentosas para as atividades de rent-seeking tendem a crescer menos. Mauro chega a interessante conclusão (bastante lógica) de que a corrupção inibe o investimento privado, o que afeta negativamente o crescimento econômico. A base de seu argumento é que a necessidade do pagamento de propina aumenta o custo marginal do capital, pois os empresários passam a contar sempre com o “dinheirinho pra molhar a mão do fiscal”. Além disso há algumas características comuns aos países mais corruptos, instabilidade política, países mais corruptos tendem a ter um governo mais instável; países mais corruptos tendem a ter maior dispersão étnico-lingüística, o que segundo Mauro, dificultaria a propagação de novas idéias e tecnologias; países corruptos são, em geral, pobres; países corruptos desviam dinheiro da educação para “atividades ilegais”, ou seja, se os países já são pobres, não tem muito dinheiro para a educação e o pouco que tem é desviado.
Outro ponto negativo foi levantado por Myrdal, ele afirma que a corrupção atrasa ainda mais o andamento e aprovação de projetos, pois sem a propina os funcionários não trabalhariam. Há diversas outras variáveis importantes, como colonização e outras instituições, mas elas não vêm ao caso aqui.
É triste ver a posição do Brasil nos rankings internacionais de corrupção, nem precisa de ranking, basta ligar a televisão, abrir o jornal, ou simplesmente respirar.
Muito Obrigado Lula, PT, Senado e companhia.
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Hippies e a queda de produtividade nos anos 70
A explicação da queda da produtividade não é fácil, não existe uma única e absoluta.
A tentativa é livre. Lá vou eu inventar bobagem...
Em 1969 ocorreu nos EUA o festival de Woodstock. Os jovens hippies idealistas que participaram de todo o movimento hippie integraram futuramente a força de trabalho.
Fatos estilizados:
1º hippies eram comunistas (ou derivados disso);
2º hippies eram chegados em paz amor e umas drogas;
3º drogas prejudicam o cérebro;
4º comunistas não gostam de acumular capital humano
5º quanto mais capital humano acumulado, mais produtiva uma pessoa é
Já deu pra entender onde quero chegar?
Malditos hippies! Sem querer conseguiram aquela bobagem de combater o sistema pro dentro. No fim das contas é óbvio que o sistema venceu.
Anos 80 a dentro foi-se o sonho hippie.
Na música também "tomaram uma lavada"*, orientação política dos músicos não vem ao caso.
*minha opinião
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Incentivos contra a corrupção
A razão é simples: os políticos têm um forte incentivo a roubar(encher os bolsos de grana, maior poder também conta) por isso, é importante desenvolver mecanismos que contraponham esse incentivo. Um desincentivo é a o "freio moral" de cada um, mas o de muitos políticos está gasto(ou nunca existiu). Outro, claro, seria não reeleger eles. Esse é, talvez, o mecanismo mais poderoso que a democracia nos garante. No Brasil, todos sabemos, não funciona(ou funciona pouco), sobram exemplos, reelegemos o Lula, o Collor é senador, a turma do mensalão está de volta. Os casos de políticos que roubam e são condenados nas ruas estão muito mais pra exceção do que regra.
Podemos protestar também. Pintar a cara de preto e tudo mostra que não gostamos do que eles fizeram. Fizemos isso e eles continuam roubando. Talvez tenha prazo de validade, pode ser que a memória dos políticos não seja muito mais longa do que a dos que votam neles(que, no Brasil, é, em média, menor que a dos peixinhos de aquário, ou seja, 4,5 segundos). Nesse caso, seria bom sair nas ruas toda a semana, sempre temos motivos pra isso.
Podemos também imitar o que os franceses fizeram com a monarquia. Era corrupta, roubava o dinheiro do povo, foi pra guilhotina. Podíamos ir até Brasília e sair decapitando corruptos(mesmo com sessão fechada, não seria difícil fazer uma lista dos que merecem), seria um sinal bem forte contra a corrupção. Falo isso sem medo porque sei que não vai acontecer. Domingo tem Gre-nal.
A tentanção heterodoxa
Escutei a seguinte frase dela: "o governo deveria ter impedido a venda daquela empresa a uma multinacional." Atenção para o detalhe, o GOVERNO. Medo disso, heterodoxos querem por o governo em tudo.
1º o empresário deve ter a liberdade de vender sua empresa.
2º não é papel do governo decidir sobre compras e vendas de empresas, se houver regulação, deve ser feita por uma agência regulatória independente, fora do alcance do governo, não por um "companheiro" do partidão.
Agora copiando um outro professor, Quem entende de regulação no Brasil? Ninguém! Cadê regulação no Capital? Não tem! Economista brasileiro não entende de regulação. Aqui é só Marx Marx Marx.
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Senhores de engenho e capitanias hereditárias X Globalização
Recentemente, com o preço do petróleo batendo recordes, o mercado tem buscado fontes de energia alternativas mais baratas para fugir da dependência do combustível fóssil, e o etanol tem galgado um espaço cada vez maior nesse nicho. O Brasil, um dos maiores produtores do mundo - vale lembrar que, segundo a RFA, (Renewable Fuels Association) o E.U.A., no último ano, conseguiu superar o Brasil na produção de etanol em quase 1 bilhao de galões de etanol, após seguidos anos de crescimento – vem sendo apontado como um dos principais atores nesse novo cenário. Atraídos pela terra riquíssima, sol abundante e um ótimo regime de chuvas, investidores internacionais vem buscando um espaço para aplicar seus recursos nesse lucrativo e promissor setor aqui no país, contudo encontram dificuldades. Como de costume.
Também tendo em vista mais uma peculiaridade da produção brasileira (que é fundamentalmente baseada nas plantações de cana de açúcar), que se mostrou mais barata e eficiente que qualquer outra, grandes investidores tem visitado o Brasil. Gigantes como Bunge (empresa de commodities), Soros e até mesmo os fundadores do Google visitaram plantações e engenhos no estado de São Paulo. Todos, em busca dessas grandes vantagens, propuseram acordos de compra parcial, total ou simplesmente associação com os proprietários das terras. Em resposta receberam negativas veementes ou contrapropostas com números exorbitantes. Sendo donos das terras a décadas e alguns a séculos, os proprietários alegaram que as mesmas tem valor sentimental e que não iriam vendê-las por tão pouco, depois de tanto tempo de trabalho duro feito pelas gerações passadas.
Mesmo sendo o Brasil detentor de tecnologia avançada na extração do etanol da cana (que vem sendo desenvolvida a décadas), tendo o know-how de cultivo de plantações e possuidor de características naturais únicas, um investimento em esquemas antigos desses Barões do açúcar pode representar grandes dores de cabeça. Administração contábil duvidosa, grandes dívidas dos engenhos e processos produtivos longe de serem modelos levaram antigos investidores (como empresas indianas de produção de etanol) e novos a declinarem de futuros investimentos em fazendas antigas. Em grande parte das plantações, a colheita da cana se da de modo manual, algumas das vezes sendo caracterizada como escrava, o que torna o negócio menos interessante, uma vez que esse tipo de mão de obra dificulta tomada de empréstimos produtivos e pode acarretar em rejeição do produto final no mercado.
Casos como esses tem levado alguns investidores a começarem do zero suas iniciativas. Sem o conhecimento na lida da terra e de todos os processos produtivos, novos produtores distanciam-se dos antigos Senhores do açúcar indo em direção ao centro-oeste e outras regiões do país, aumentando a fronteira agrícola. Contudo, o horizonte não é de penúria uma vez que essas propriedades voltam seus esforços para uma produção moderna e mais condizente com a realidade de mercado. Grandes investimentos em tecnologia (nos E.U.A. são gastos, por ano, quase U$ 400 milhões, diferentemente dos U$ 25 milhões gastos pelo Brasil) e capacitação de pessoal certamente irão trazer bons resultados em médio prazo.
A inércia dos notórios produtores de etanol em se adequar as demandas de mercado tem grande chance de provocar a ruína destes como empresário. O dinamismo dos novos modelos produtivos, baseados em grandes investimentos, empresas de capital aberto, que visam a transparência e procuram o lucro ao invés de poder político na região, os tornará, em pouco tempo, líderes do mercado. E esse antagonismo nesse promissor setor da economia pode acarretar não somente em uma reviravolta nos moldes de produtivos, mas pode significar na derrocada definitiva de uma sociedade que perdura desde os tempos de colônia e que possui hábitos antiquados (para ser educado), uma vez que perderá rapidamente seu poder econômico e conseqüentemente político. Nesse contexto, o Brasil acabará mais uma vez em melhor situação do que quando começou e como de costume sem ter feito nada para tanto.
Cotas sociais e a pobreza da educação
É impossível, salvo alguns casos, educar-se sem dinheiro.
A idéia de cotas sociais nas universidades públicas brasileiras é, além da compra de votos, possibilitar que pessoas de baixa renda tenham acesso ao ensino superior "gratuito".
Ok, a idéia pode parecer interessante, mas não é possível educar-se sem dinheiro!
1º - É imprescindível possuir bons conhecimentos de línguas estrangeiras, especialmente o inglês. A UFRGS oferece a oportunidade com o NELE. Diversos estudos mostram que o ideal é aprender uma língua estrangeira até os 12 anos, um jovem entra na universidade com 18, um pouco tarde para começar, as escolas deveriam ser melhores, óbvio. É necessário ter dinheiro para pagar um curso de inglês.
Mesmo em países com educação de qualidade fornecida pelo governo, muitas pessoas se vêem obrigadas a procurar escolas particulares de línguas porque muitas vezes as escolas públicas não possuem professores nativos etc.
2º - Livros custam caro. Conversava com um colega de econometria semana passada, ele disse-me que não tinha conseguido pegar o livro na biblioteca pois todas as cópias estavam emprestadas. Lógico! São 4 turmas que utilizam o mesmo livro, se cada turma tiver 40 alunos, seriam necessárias 160 cópias, supondo que a metade dos alunos compra o livro, 80 cópias.
É complicado, fazer uma cópia do livro, além de ser crime custa também.
Isso é o exemplo de apenas uma cadeira, num semestre com 6, seriam necessários 6 livros que custam em torno de 100 reais.
A formação de um aluno que não possui os livros tem boas chances de ser pior que a de seu colega que compra alguns dos livros indicados. Cito Charles Jones "... I learn something new every time I pull my copy from the shelf." (ele referia-se ao livro de Robert Barro e Sala-i-Martin).
3º - "equipamentos" são necessários, seguindo o exemplo da economia, é necessário possuir uma calculadora financeira, mais alguns 100 reais.
4º - É necessário possuir um computador com internet. A universidade possui laboratórios de informática "bem" equipados, mas que horas fecha? Não é possível trabalhar de madrugada, é preciso trabalhar a tarde, portanto quem não possui computador não pode fazer estágio.
Obviamente o Estado não tem como bancar essa festa.
Somos mal educados porque somos pobres e somos pobres porque somos mal educados.
Assim termina como disse Paulo Francis "a universidade serve pra formar elite e não pra dar diploma pra pé-rapado".
terça-feira, 11 de setembro de 2007
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
A dificuldade em entender o papel das hipóteses
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Futuro otimista
1º, a boa: em 1960 a renda per capita do Brasil era 19,32% da dos EUA. Mantidas as mesmas taxas de crescimento em 2040 a renda per capita brasileira será equivalente a 24,14% da americana.
Agora a má: em 1960 a renda per capita do Brasil equivalia a 109,75% da de Cingapura. Mantidas as mesmas taxas de crescimento dos últimos 40 anos, em2040 a renda per capita brasileira será equivalente a 5,55% da de Cingapura.
OBS 1: Cálculos acima são ceteris paribus, é claro.
OBS 2: O "otimista" é por supor que o Brasil vai crescer à mesma taxa dos últimos 40 anos (2,81%a.a).
É como diz um professor, "vocês serão pobres e os filhos de vocês miseráveis"
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Desigualdade geográfica em uma sociedade igualitária
Para ilustrar a situação vou pegar como exemplo Berlin oriental.
Berlin oriental não era muito diferente de uma cidade de outros países, existia um centro e bairros afastados. O ponto mais nobre de moradia da cidade era a Karl-Marx Allee, avenida larga, apontando para Moscou, com seu início próximo à Alexanderplatz, centro de Berlin oriental.
Os prédios existem até hoje, nota-se que eles diferem em tamanho, cor, altura e várias outras coisas dos prédios de Marzhan, subúrbio onde o governo fazia "experiências habitacionais". Nesse post não vou abordar as diferenças de qualidade.
O importante é que existe uma diferença entre morar em Marzhan e na Karl-Marx Allee, as oportunidades de entretenimento na cidade encontravam-se em sua maioria próximo ao centro. Supondo que um habitante da Karl-Marx Alle quisesse ir a um bar ou discoteca, ele caminharia em torno de 10 minutos. Já um habitante de Marzhan perderia muito mais tempo, para se ter uma idéia, hoje em dia o metrô leva 22 minutos para fazer o trajeto Alexanderplatz - Marzhan, naquela época certamente demorava muito mais, além do tempo necessário para caminhar até a estação. Tá certo que na Alemanha oriental tempo não era dinheiro, mas as pessoas perdiam tempo com as suas famílias ou simplesmente passavam frio no inverno.
Outra ponto importante, é impossível que todos os apartamentos de uma cidade tenham a mesma posição solar.
Quem será que tinham direito a morar nos apartamentos da Karl-Marx Allee? Obviamente os amigos do partidão.
Por mais igualitária que seja uma sociedade sempre existirão moradias melhores do que as outras. Comunas que dizem que as pessoas não se importam com isso, troco meu apartemento de 2 quartos pelas suas coberturas na Bela Vista. Feito?
Mit sozialistischen Grüße...
domingo, 2 de setembro de 2007
Direitos trabalhistas e seus resultados.
A revista Exame fez uma reportagem sobre os problemas da CLT, problemas causados especialmente por esta ser muito antiga. As leis são tão antigas que, por exemplo, permitem às barbearias que abram domingo (direito não concedido a outros estabelecimentos) porque era hábito dos homens fazer a barba antes de ir à missa nesse dia (em 1940!). Além disso, os custos, tanto para os trabalhadores e empregadores quanto para o Estado são absurdos. Para cada 1000 reais pagos em salário, se paga, em média 1030 reais em encargos (ou seja, 103%, contra 9% nos EUA), cada 1000 reais julgados em razão da CLT custam 1300 reais à justiça brasileira. São abertos 2,5 milhões de processos, contra 75000 nos EUA, 70000 na França e 2500 no Japão.
O resultado? 48 milhões de brasileiros trabalham na informalidade. Isso corresponde a 60% dos empregos existentes no Brasil. Mais da metade dos nossos trabalhadores não tem nenhum dos direitos previstos pela CLT e eles não pagam nada de encargos (cabe esclarecer que, independentemente de quem efetue formalmente o pagamento, os encargos saem do bolso do trabalhador, se o empregador paga, ele considera isso como um custo adicional do emprego, para ele seria indiferente pagar o dobro de salário se não houvesse tais encargos). A melhor maneira de mudar esse cenário é flexibilizar a CLT para tornar a contratação formal mais barata.
Como disse Milton Friedman, “não devemos julgar uma política pelas suas intenções, mas sim por seus resultados”. A intenção dos direitos trabalhistas é excelente, não há como negar isso, o problema são seus resultados. Salário mínimo não garante que os trabalhadores ganhem mais de 400 reais (não para 48 milhões de trabalhadores) e o mesmo pode-se dizer de várias outras leis trabalhistas. No primeiro mundo os governos têm flexibilizado essas leis, e está se tornando uma tendência, para o bem do Brasil e dos brasileiros, é importante seguir essa tendência. Se não fizermos isso, pagaremos depois (provavelmente com empresários chorando por medidas protecionistas).