segunda-feira, 5 de maio de 2008

Carris e o velho argumento do estraga pra privatizar

Esse post pode ser resumido em 3 linhas, mas vou enrolar.
Estava voltando do meu curso de francês de ônibus, lendo Fante. De onde eu estava voltando não é, nem minimamente, importante, mas é apenas um motivo para as pessoas que vão detestar esse post me detestarem (ainda mais), o que lia aparece mais adiante no post. Sim, meu curso de francês é aquele que os commies bem de vida fazem e não tem vergonha nenhuma de tomar champagne gratuito (bem sabido que champagne só é feita na frança) na festa de fim de ano e reclamar da desigualdade do país, eles são "cabeça". Bem, eu não sou commie, mas gosto de champagne e da festa de fim de ano do curso.
Bem, entrei no ônibus, tinha lugar para sentar. Sentei-me, comecei a ler. Era difícil manter a concentração, dado que a pessoa sentada ao meu lado não tinha a menor noção de espaço, nem de higine bucal. Os outros passageiros falavam alto. Todo o mundo sabe com é um ônibus no Brasil.
O ônibus era da Carris. Pra quem não é de Porto Alegre, Carris é uma empresa pública de transporte que os petistas acham que é um modelo para o mundo, comparável às empresas de transporte dos grandes países europeus. Um realista diria que é uma porcaria de empresa, como qualquer outra da cidade.
A "economia" entra no seguinte: no meio do trajeto deu algum problema no arcondicionado ou algo do gênero. O cobrador falou que a Carris andava "atirada", que estavam tentando vendê-la para a iniciativa privada. Segundo ele estava "estragando" a empresa para depois vender barato. Quase que fui discutir com ele, mas a discussão provavelmente daria em nada, ele não iria compreender meu argumento. Ai entra o livro que lia, Bandidi discutia com as pessoas e dizia que elas eram burras, que não haviam lido nada, coisas assim. A minha discussão com o cobrador provavelmente tomaria esse rumo, afinal de contas, qual é a chance de um cobrador de ônibus ter lido Friedman, Phelps, etc.? (Ok, ele pode não ter tido oportunidade...)
O meu ponto é o seguinte: como é que pode uma empresa estar sujeita a esse tipo de coisa? Um empresa pública não pode cair nessas armadilhas, como cair parece ser mais a regra que a exceção, o que nos resta? Vender tudo desse Estado, privatizar até a última gota ou ponta. Um empresa que cobra R$2,10 por uma passagem e está "atirada" é muito mal administrada. O Agente não está cumprindo o contrato que assinou com o Principal.
O mesmo cobrador usou o mesmo argumento para falar da venda das ações do Banrisul. Pensei se ele realmente entendia do que falava ou se eu era o grande babaca que não sabia onde pegar minha parcela do banco já que antigamente ele era 100% nosso. Eu nunca ganhei um tostão do Banrisul, na realidade fui muito mal tratado várias vezes lá, além do mais, sou gaúcho, o banco é (era, na visão de alguns) meu e não me perguntaram se eu queria patrocinar o Grêmio e/ou o Internacional, é óbvio que eu não quero.

Fazendo o resumo (o post poderia ser só isso): se um país permite que empresas públicas caiam em jogos políticos, tem algo de muito errado com esse país. Não importa de é desvalorizar para vender ou valorizar para encher o bolso da diretoria alinhada ao partidão. Empresa pública não funciona! As poucas que funcionam tem administração no estilo privado, mas certamente seriam melhores se fossem privadas.

Um comentário:

Unknown disse...

Banrisul ta dando é pouca grana pro inter isso sim
aqui é inter!
macacada reunida!