segunda-feira, 15 de junho de 2009

Econosheet Consensus

O consenso de Washington leva porrada de tudo quanto é lado. Minha idéia aqui nesse post é mostrar que o consenso de Washington não só não tem nada de errado, como propõe medidas totalmente lógicas. Pra isso, vai um guiazinho intuitivo do crescimento econômico.

Seguindo o modelo de Solow, não dá pra dizer que poupança gera crescimento sustentado, mas taxas mais altas de poupança possibilitam que o país atinja o estado estacionário em níveis mais altos de renda, ou seja, é quase tudo que um país de baixa renda pode querer, certo?(ok, mesmo que você seja keynesiano, acredite que o investimento faz a poupança aparecer e odeia o Solow, duvido que seja contra elevação das taxas de poupança).

Pra incentivar os indivíduos a pouparem, precisa do que? Bom, ninguém poupa com a perspectiva do Estado desapropriar o produto de sua poupança a qualquer momento, então garantir direitos de propriedade(1) é a primeira recomendação. Além disso, só se poupa com algum retorno, então nada de taxas de juros negativas malucas(especialmente porque isso é coisa de professor pós-keynesiano). Taxas de juros positivas e determinadas pelo mercado(2) fica sendo assim a segunda recomendação. Mais uma na história da poupança, ninguém curte poupar com inflação galopante, isso esculhamba expectativas, então, se a pressão inflacionária é resultado de défcit sendo monetizado, melhor cortar o mal pela raiz. A terceira medida fica sendo a austeridade fiscal (3).

Se a poupança está garantida, é hora de ganhar produtividade. Começando pela parte mais ineficiente, estatal pra tudo não dá(Lembram da COBRA? Talvez a Lada? As companhias telefônicas que levavam 3 anos pra entregar uma linha?), então a quarta proposta fica sendo privatizar o que não for função clássica do Estado(4), ah, isso já dá uma ajuda na história do défcit. Ainda no Estado, subsidiar pessoal ineficiente não ajuda na produtividade, melhor usar esse dinheiro em educação, saúde e infra-estrutura básica (5). Tirando os subsídios, melhor não enlouquecer a população com tarifas e impostos malucos, a sexta medida é simplificar o sistema tributário(6), aumentando a base tributária e acabando com impostos que causem distorções na economia.

Só essas 6 medidas já fariam maravilhas na economia, com isso, não faltaria gente de fora interessada em investir no país, o que só ajudaria no crescimento, assim, a sétima medida fica sendo acabar com as restrições ao investimento estrangeiro(7). Não faria sentido limitar o mercado das empresas nacionais à economia nacional, assim como não faz sentido impedir que os cidadãos comprem coisas de fora com o dinheiro que ganham e concorrência com empresas de fora força a indústria nacional a ser eficiente, assim abertura comercial(8) fica sendo o próximo item da lista. Se é pra ter negócios com o exterior, não faz sentido ter taxas de câmbio que baguncem a economia e gerem instabilidade, então a nona medida é adoção de taxas de câmbio flutuantes(9).

Finalmente, vem a desregulamentação do mercado(10), medida fundamental para garantir a concorrência e o bom funcionamento do mercado. Claro que essa desregulamentação não deve ser total, sempre devemos lembrar dos casos de externalidades e bens públicos quando vier ao caso.

Pronto, nesse post estão as 10 medidas recomendadas pelo consenso de Washington. Alguém viu algum absurdo, algum radicalismo aí? Acho importante ressaltar que as justificativas que eu indiquei não são as únicas existentes para tais medidas, apenas escolhi elas porque achei que essa seria a forma mais intuitiva possível.

Um comentário:

Anônimo disse...

Abertura comercial, o que o exterior compraria do Brasil?
E o Brasil, o que compraria do exterior?
Quem sairia ganhando nessa história?
Os Eua e a Inglaterra protegeram suas respectivas industrias, quando elas estavam nascendo.
Da mesma maneira que um pai protege um filho até que ele possa se defender.
Não vejo muito sentido em abertura comercial, assim como investimento estrangeiro sem restrições.