A Câmara de Vereadores de Porto
Alegre foi ocupada na quinta-feira, 11 de julho. Completadas 24 horas da
invasão, os manifestantes mantém a posição de só desocuparem o prédio quando
tiverem suas exigências atendidas pelos vereadores da cidade. Dentre essas
exigências, estão o transporte 100% público e o passe livre para estudantes,
desempregados e idosos. Entrarei no mérito dessa discussão no próximo post, o
objetivo desse é comentar a atitude dos manifestantes, não os objetivos dela.
Invadir o legislativo sempre foi
prática comum entre ditadores, monarcas, golpistas e todos aqueles que
acreditam estar acima das regras da democracia. Isso justamente porque, em
sociedades democráticas com a administração dividida em três poderes, a função
do legislativo é definir as leis, ou seja, as “regras do jogo”. Existem vias
democráticas para influenciar o poder legislativo, a forma mais básica é o
voto. Cada cidadão tem direito a um voto, de forma que cada um tem o direito de
dar seu apoio para aquele que acredita ser o melhor candidato ou aquele que
melhor defenderá seus interesses. Sendo assim, os candidatos eleitos são um
reflexo da vontade da população. Outra maneira democrática de influenciar o
poder legislativo é manifestando a opinião para os legisladores através de
protestos, correspondência direta, jornais, revistas, blogs, etc.
Ou seja, é perfeitamente
democrático que alguém que se sinta insatisfeito com as decisões do poder
legislativo manifeste-se e peça mudanças. O que não é nada democrático é exigir
mudanças através do uso da força. Dado que o legislativo foi eleito de forma
democrática, nenhum indivíduo, ou grupo de indivíduos tem o direito de exigir
que esse poder tome qualquer decisão, justamente porque isso viola os direitos
democráticos do restante da população.
O que está acontecendo em Porto
Alegre, já faz tempo, é exatamente isso: uma minoria barulhenta ataca de forma
sistemática e anti-democrática um governo que foi eleito por uma maioria
silenciosa. Atender essa minoria equivale a declarar que os votos dos cidadãos
de Porto Alegre não tem pesos iguais e que tem mais direitos e mais poder
aquele que gritar mais alto e que for mais violento. E não existe dúvida que
uma sociedade com essas regras está condenada à barbárie.
*Frase que eu ouvia da minha avó Lisete quando pequeno, mais tarde entendi que é de grande sabedoria.
*Frase que eu ouvia da minha avó Lisete quando pequeno, mais tarde entendi que é de grande sabedoria.