Eu sempre fui um entusiasta das ciências e artes. Acho que elas constituem o todo do legado humano - o resto, os demais seres que transitam pelo planeta também fazem.
O que me incomoda é ter que ler ou ouvir alguns debilóides falando que a educação em geral não deve ser, de maneira alguma, orientada para o mercado de trabalho: que isso é a prostituição do conhecimento.
No fundo os defensores dessa bandeira ignoram completamente como a vida humana tem funcionado desde que surgiram os traços mais rudimentares da divisão do trabalho.
É muito bonito - e também muito burguês (porque todo comunista é um burguês envergonhado) - entoar loas à Antiguidade Clássica, à filosofia de Aristóteles, à fúria de Nietzsche e querer que as crianças tenham uma consciência crítica (e esse pessoal é competente em criar pleonasmos). Essa preocupação iritual que desdenha o mundo material é bem típica daqueles que acham que a comida chega às suas mesas por passe de mágica; que creem que o carvão que vai pra dentro da lapiseira - pela qual escrevem inflamados discursos contra o FMI - se teletransporta das minas.
No fundo, estes defensores do banimento de uma educação ligada, de alguma forma, à produção desprezam o fato elementar de que para se ter acesso aos tomates e a um belo naco de carne no final do dia, eu tenho que levar ao seio desta aldeia global algo que os meus pares julguem útil: afinal, tenho que convencê-los que sou merecedor desses tomates e do fiambre.
(Só não comentem o post com a frase que fala da benevolência do açougueiro...)
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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