quarta-feira, 17 de março de 2010

Ainda sobre a formatura

Resolvi escrever alguma coisa sobre o tal discurso.
Antes de tudo, é válido destacar que o autor do discurso é um ótimo professor, apesar da visão de mundo "disjunta" da minha.

O discurso do professor apresentou dois problemas.
Primeiro. Não há nada de errado com fechar livros, é uma escolha pessoal. Como comer ou não carne. Obviamente o que lemos nos traz alguma espécie de conhecimento. Bem como comer carne nos dá nutrientes.
Em nenhum momento nosso colega Diego disse que os livros do Marx deveriam ser lacrados, mas simplesmente disse que ele, Diego, não vai mais abrir um. Escolha pessoal, ele vai arcar com os custos e aproveitar os benefícios dessa escolha. [excluindo externalidades]
O ponto que o professor não tocou é o custo de oportunidade de ler Marx, ou qualquer outra coisa. Enquanto se lê Marx não se lê Friedman, Saul Bellow, ou Caras.
Obviamente o Diego não vai deixar de abrir livros, aliás, é um dos poucos daquela turma que vai continuar estudando.
Não ler mais Marx é uma aposta que ele faz. Ele acredita que ler Marx traz menos retorno que ler o Mas-colell. Isso depende de cada um.
Sem fechar livros não se chega a lugar algum.

O segundo ponto. O professor falou que a universidade de Leiden foi fundada por escolha popular. A população concordou em aumentar impostos...
Mas quanto era a tributação na época da fundação da universidade? E a população achava essa tribução "justa" ou não?
Claro que é muito fácil aumentar impostos se se paga 0,1% da renda. Ou mesmo quando se paga 50% e a visão geral é de que isso é correto e deve ser assim.
O problema é querer financiar educação com uma tribução mordendo os 40%, sendo que ninguém deve achar esta "justa".
No atual estado das coisas sou contrário até a tributação de todos em meu benefício. Mesmo que houvesse uma lei que cada brasileiro deveria me dar 50 centavos eu ia negar, por que o governo iria dar um jeito de fazer com que eu repassasse mais do que recebesse.
Inclusive, o Stuart Mill já escreveu sobre a confiabilidade dos holandeses... e todo mundo sabe que no Brasil vale a lei de Gerson.

Um comentário:

Pato disse...

Olha, eu acho que o Horn não disse o que disse tendo como alvo específico o Baldusco. Acho que, no máximo, o que o Baldusco disse serviu de inspiração para o discurso dele. Mas, conhecendo o Horn, ele jamais voltaria um discurso em uma formatura para atacar um único aluno. O que ele pode ter feito, e o discurso dele sustenta essa hipótese, é atacar pessoas de todas as "facções" - e isso inclui um comunista que pinta de diabo Friedman & Co.

E convenhamos, uma Universidade que diz quais livros devem ser lidos e quais não devem é qualquer coisa, menos uma Universidade. Pra mim, foi essa a mensagem que ficou. Tanto porque 99% de quem estava na platéia não deve ter feito a associação entre a fala do Baldus e a do Horn.