sábado, 9 de agosto de 2008

Planejar o quê?

Temos uma cadeira chamada Política e Planejamento Econômico na faculdade. Semestre passado o professor da cadeira disse que ela deveria ter sido extinta. É verdade, planejamento é uma daquelas coisas que caíram com o muro. Esse ano mudou o professor, ele acredita que planejamento é importante. Ele é tão liberal que é a favor da liberalização dos meios de produção(ele disse isso, só estou reproduzindo). Ou seja, eu vou me divertir esse semestre e deve render muito post aqui. Da primeira aula, vale comentar algumas coisas que foram ditas:

"Quem define o preço não é quem paga, é quem pode."
"Até o Marshall dizia que não da pra confiar na oferta e na demanda, tem que ficar de olho."

Começando pelo Marshall, dizer que a frase é dele não me adianta pra nada. É comum eu discutir com o pessoal de esquerda que acha que eu tenho que concordar com qualquer autor que seja famoso e liberal. O cara ser liberal não impede ele de dizer besteira. Sobre o que o Marshall disse, quem exatamente deve ficar de olho? Quem é o ser iluminado que sabe o que deve ser produzido e a que preço deve ser vendido? Ah sim, alguém do Estado, claro, talvez um planejador econômico. Na URSS eles tinham isso, dava certo, parece que as pessoas tinham 2 opções de cesta de consumo: a primeira era uma barra de aço, um pepino, uma batata e 500 g de repolho, a segunda cesta era uma bala de AK-47 que ia na cabeça de quem não gostasse da primeira cesta.

Nada de errado na segunda frase. É isso mesmo, o único ponto é: todos podem. É isso mesmo, qualquer pessoa que participar das trocas no mercado, em países livres, só irá realizar trocas voluntáriamente. Se acha que o preço não é justo, não adquire o bem. É simples assim. Não precisa dos seres supremos do Estado para tomar a decisão de quanto é justo pagar por X ou Y, deixem que quem paga decida. Não vai ficar muito caro? Bom, se o governo encher o país de barreiras comerciais e decidir quem tem direito de produzir o quê até pode ficar, caso contrário, a concorrência toma conta de reduzir os preços.

Mais uma: "Pode-se planejar a economia ou deixar ela ao acaso."

Agora é importante esclarecer um ponto. Eu não tenho nada contra o planejamento em si. Pelo contrário, acho ótimo que uma família planeje comprar uma casa, que as pessoas planejem abrir seus negócios, que planejem seu futuro, sua aposentadoria, suas viagens, etc. Eu tenho tudo contra a idéia do Estado planejar isso pra elas. Não existir planejamento estatal significa deixar as decisões econômicas na mão das famílias, o que me parece totalmente sensato, uma vez que essas decisões afetam as próprias famílias. Mas isso não deixaria a economia estagnada? Hmm, as inovações que trouxeram maior impulso para o desenvolvimento do capitalismo não saíram de planejamento estatal, ou alguém acha que o Henry Ford fazia parte de um plano do governo? Será que alguém pensa isso do Bill Gates? Havia algum tipo de coordenação econômica no Japão, mas o método Toyota de produção saiu de um plano do governo? CLARO QUE NÃO! Tudo isso é resultado de gente que tinha um plano: melhorar de vida. É assim que se inova, é assim que se tem progresso.

P.S. O Marcelo ainda não voltou da Europa, semana que vêm ele estará de volta e teremos um post 10 vezes mais indignado sobre essa cadeira.

Um comentário:

Marcelo B.N disse...

HAHAHA

Finalmente me deu vontade de voltar pra faculdade. Até agora só eco. do trabalho tava me motivando, mas pelo jeito PPE vai ser mais divertida.

Ouvi dizer que a discussão com o professor voi Osvaldo Aranha a dentro...