Hoje, saindo da dentista - que fica na frente do Santa Inês, na Protásio - vi uma lanchonete que oferecia o almoço do dia a R$ 3,80. A refeição era composta por estrogonofe, arroz, batata palha, salada e mais uns dois pratos. De imediato, lembrei do RU - a entidade da UFRGS que eu mais gosto de criticar.
Um almoço no RU sai por R$ 1,30. A refeição consiste, na maioria das vezes, de arroz, feijão, uma salada bem muquirana e uma guarnição no melhor estilo engasga-gato (batata cozida, por exemplo). Há uma carne - dura quando é bovina, miserável quando é peixe e seca quando é de frango - e alguma sobremesa (as pessoas ficam notavelmente felizes quando se trata de uma paçoquinha ou de uma goiabadinha, ambas de dimensões exíguas).
Naturalmente, o RU é subsidiado. De quanto é o subsídio? Eis um verdadeiro mistério. Já ouvi falar que os custo unitário excede R$ 4,00.
É bem verdade que eu não experimentei a comida da lanchonete de R$ 3,80. Mas eu dei uma olhada para o seu interior. Organizadinha e apresentável. Bem mais convidativa do que o RU (inclusive pelo cardápio).
Suponhamos que o custo unitário do RU seja de R$ 4,00. Neste caso, como o preço pago pelo estudante é de R$ 1,30, o subsídio por refeição é de R$ 2,70. Se este subsídio de R$ 2,70 fosse entregue diretamente ao aluno e o preço do RU subísse para R$ 4,00, os alunos continuariam almoçando lá ou então procurariam alguma opção mais interessante por preço semelhante nos arredores? (Poderiam rachar uma ala minuta no Tudo Pelo Social, por exemplo.)
Se um estabelecimento pequeno consegue obter lucro ao vender uma refeição por R$ 3,80, porque os custos unitários do RU, onde a produção tem ganhos de escala, são de R$ 4,00? Não seria bem mais socialmente vantajoso dar o subsídio diretamente ao aluno, para que ele pudesse escolher onde faz suas refeições?
Um almoço no RU sai por R$ 1,30. A refeição consiste, na maioria das vezes, de arroz, feijão, uma salada bem muquirana e uma guarnição no melhor estilo engasga-gato (batata cozida, por exemplo). Há uma carne - dura quando é bovina, miserável quando é peixe e seca quando é de frango - e alguma sobremesa (as pessoas ficam notavelmente felizes quando se trata de uma paçoquinha ou de uma goiabadinha, ambas de dimensões exíguas).
Naturalmente, o RU é subsidiado. De quanto é o subsídio? Eis um verdadeiro mistério. Já ouvi falar que os custo unitário excede R$ 4,00.
É bem verdade que eu não experimentei a comida da lanchonete de R$ 3,80. Mas eu dei uma olhada para o seu interior. Organizadinha e apresentável. Bem mais convidativa do que o RU (inclusive pelo cardápio).
Suponhamos que o custo unitário do RU seja de R$ 4,00. Neste caso, como o preço pago pelo estudante é de R$ 1,30, o subsídio por refeição é de R$ 2,70. Se este subsídio de R$ 2,70 fosse entregue diretamente ao aluno e o preço do RU subísse para R$ 4,00, os alunos continuariam almoçando lá ou então procurariam alguma opção mais interessante por preço semelhante nos arredores? (Poderiam rachar uma ala minuta no Tudo Pelo Social, por exemplo.)
Se um estabelecimento pequeno consegue obter lucro ao vender uma refeição por R$ 3,80, porque os custos unitários do RU, onde a produção tem ganhos de escala, são de R$ 4,00? Não seria bem mais socialmente vantajoso dar o subsídio diretamente ao aluno, para que ele pudesse escolher onde faz suas refeições?
8 comentários:
Me desculpe Sr. Pato, mas a ENTIDADE da UFRGS é outra. É o gênio da relação exponencial...
Agh.
Ficou ruim, né?
Mas eu não acho coisa melhor pra pôr no lugar... :|
Não, ficou legal.
Só faltou uma referência ao gênio.
Mas quem foi que falou que a lanchonete ganha lucro com a refeição nesse valor? Eles podem simplesmente estar adotando uma estratégia de vender a refeição a preço de custo e "atochar" nas bebidas e outros produtos.E não se pode dizer que ela lucra sem analisar dados... aff... Balbi ainda não ensinou isso?
aff
Achei que iam gostar de comentar isso hehehe
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u419062.shtml
vai ver o dono da lanchonete é um sujeito benevolente, tem o estabelecimento pra cumprir uma função social.
"estratégia de vender a refeição a preço de custo e "atochar" nas bebidas e outros produtos."
O custo da bebida é o mesmo que em qualquer outra lanchonete. O sujeito não está "atochando" na bebida, no caso.
"E não se pode dizer que ela lucra sem analisar dados"
A esse preço, se ele lucra, lucra muito pouco. Por que o RU, então, que tem ganhos de escala maiores do que ele, custa mais?
E mais, arca com prejuízo na refeição para obter lucro na bebida seria uma estratégia péssima NESTE CASO.
Quem está disposto a pagar apenas R$ 3,80 por um almoço está com uma forte restrição orçamentária. Tendo isso em vista, é absurdo supor que esta mesma pessoa pagaria um preço maior do que o normal (R$ 1,80 ou R$ 2) por uma lata de refrigerante. Assim, a compensação não se daria na bebida, pois a margem de lucro que o comerciante está obtendo é a mesma que qualquer outro dono de lanchonete.
Supor que ele vende o prato de R$ 3,80 com prejuízo não faz sentido, pois acabaria engolindo parte do lucro da bebida. E também, como ele garantiria que as pessoas beberiam alguma coisa? Muita gente, para economizar, dispensa bebida. E quem paga R$ 3,80 por uma refeição se enquadra justamente neste perfil. Assim, seria arriscado - pra não dizer burro - adotar esta estratégia num ambiente assim. Teu argumento, Xuli, é, portanto, furado.
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