quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Mensagem de fim-de-ano

Apesar de não ser lá muito afeito a esse tipo de sentimentalismos, relendo Capitalismo e Liberdade do Friedman, achei um trecho - o primeiro parágrafo da obra mais o início do segundo - que deveria ser lido por todos. Assim, o meu desejo para 2009 é de um ano em que a transcrição abaixo faça parte da vida de mais pessoas, sobretudo daquelas que têm em suas mãos o poder de decidir os rumos da política e da economia.

Há uma frase muito citada do discurso de posse do Presidente Kennedy: "Não pergunte o que sua pátria pode fazer por você - pergunte o que você pode fazer por sua pátria". Constitui uma clara indicação da atitude dos tempos que correm, que a controvérsia sobre esta frase se tenha focalizado sobre sua origem, e não sobre seu conteúdo. Nenhuma das duas metades da declaração expressa uma relação entre cidadãos e seu governo que seja digna dos ideais de homens livres numa sociedade livre. A frase paternalista "o que sua pátria pode fazer por você" implica que o governo é o protetor, e o cidadão, o tutelado - uma visão que contraria a crença do homem livre em sua própria responsabilidade com relação a seu próprio destino. A frase organicista "o que você pode fazer por sua pátria" implica que o governo é o senhor ou a deidade, e o cidadão, o servo ou o adorador. Para o homem livre, a pátria é o conjunto de indivíduos que a compõem, e não algo acima e além deles. O indivíduo tem orgulho de sua herança comum e mantém lealdade a uma tradição comum. Mas considera o governo um meio, um instrumento - nem um distribuidor de favores e doações nem um senhor ou um deus para ser cegamente servido e idolatrado. Não reconhece qualquer objeto nacional senão o conjunto de objetivos a que os cidadãos servem separadamente. Não reconhece nenhum propósito nacional a não ser o conjunto de propósitos pelos quais os cidadãos lutam separadamente.

O homem livre não perguntará o que sua pátria pode fazer por ele ou o que pode ele fazer por sua pátria. Perguntará de preferência: "o que eu e meus compatriotas podemos fazer por meio do governo para ajudar cada um de nós a tomar suas responsabilidades, alcançar nossos propósitos e objetivos diversos e, acima de tudo, a proteger nossa liberdade?"


Um Ano-Novo de muita serenidade e lucidez para todos!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

2008 foi o ano dos secadores?

No começo do ano eu escrevi esse post dizendo que o ano que está acabando de passar seria terrível para os secadores: http://econosheet.blogspot.com/2008/01/perdio-dos-secadores-em-2008.html. Claro que eu errei quase tão feio quanto erravam os planejadores soviéticos. Fazia tempo que os secadores não ficavam tão felizes, a crise está sendo pior do que se esperava, o Obama ganhou nos EUA, os comunistas voltaram a gritar aquelas velharias, os protecionistas ganharam força no mundo e o debate sobre papel do Estado se aqueceu, mesmo entre nós do Mainstream (ah, a China também faturou as olímpiadas, felizmente todo mundo já esqueceu disso).



Eu só não errei duas previsões naquele post: sobre o Iraque e sobre o aquecimento global. A situação no Iraque, que melhorou do meio de 2007 pra frente parece ter se estabilizado. Prova do sucesso dos americanos nesse último ano foi que o Obama usou pouco esse tema nos debates. Usar a retórica keynesiana de "estado para sair da crise" rendeu muito mais. Nem precisava, quem está no poder durante a crise paga o pato, os republicanos pagaram.



Sobre o aquecimento global, não é que o problema tenha sido resolvido(se é que há um problema) o fato é que simplesmente achamos uma preocupação mais importante e mais imediada. A crise econômica dominou a seção de "tragédias"dos meios de comunicação, faltou espaço pra mostrar geleiras derretendo.



E 2009? Acredito que o maior problema não é entrar no ano com a maior parte do mundo em recessão. Isso é normal e cíclico, assim como entramos na recessão, vamos sair, provavelmente liderados pelos EUA. Não é por causa de uma crise que vamos parar de produzir, de inovar, de economizar, de investir, etc. Em 2008 fomos mais ricos que em qualquer outro momento da história(ver o blog do Casey Mulligan), é provável que o recorde seja superado em 2009 e nos anos subseqüentes. O maior problema que podemos enfrentar em 2009 é o aumento do Estado e do protecionismo.



Os comunistas e os keynesianos acham que a crise deixou o neoliberalismo em xeque. O grande problema é que os políticos acreditaram nessa lorota. Se isso levar a um movimento do isolamento dos países, com economias se fechando em nome da "demanda efetiva", as conseqüências podem ser trágicas. No começo do século passado, ocorreu um movimento desse tipo e sabemos os resultados. O importante nos próximos anos é mostrar que aprendemos a lição deixada pelas duas guerras mundiais e pela guerra fria. É importante também lembrar dos valores liberais, das virtudes da liberdade individual e das tragédias resultantes do Estado tentando fazer o bem comum (recomendo fortemente Hayek e Bastiat para isso).



O post ficou mais pessimista do que eu queria, agora azar. Feliz natal para todos, divirtam-se, cantem canções natalinas e aproveitem os presentes.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Estratégia dominante

Vejam o que acontece quando um dos agentes não adota a sua estratégia dominante:

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

miséria eficiente

Final de semana passado eu fui numa festa.
O sistema de coleta de lixo era muito interessante. Tinha um mendigo que catava latinhas, sim, dentro da festa.
O sistema funcionava perfeitamente, pois o mendigo agia em benefício próprio. Garanto que não sobrou nenhuma lata.
Acho que esse método deve ser usado em todo e qualquer evento no Brasil.
Do limão fazer uma limonada.
Devemos usar cães na limpeza também.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Aumento dos penhores nos EUA

Saiu essa reportagem na Reuters sobre o aumento dos penhores com a crise nos EUA: http://www.reuters.com/article/domesticNews/idUSTRE4BE02720081215?pageNumber=1&virtualBrandChannel=10360 .

O motivo é que americanos que precisam de dinheiro para pagar suas contas e não conseguem nos bancos estão recorrendo às casas de penhor onde é mais fácil conseguir empréstimos. Como aprendemos na faculdade, deixar um colateral é uma forma de se sinalizar que se é um bom pagador. É assim que as casas de penhor separam os patos dos gansos, o joio do trigo...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Multiplicadores - Mankiw

No blog do Mankiw tem um interessante post sobre multiplicadores.
Em um determinado momento ele coloca: The puzzle is that, taken together, these findings are inconsistent with the conventional Keynesian model. According to that model, taught even in my favorite textbook, spending multipliers necessarily exceed tax multipliers.
Mankiw, o puzzle é simples. O modelo é keynesiano. KEYNESIANO. Entendeu?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Capitalismo ou Economia de Mercado?

Geralmente ouvimos que o sistema econômico em que vivemos é o capitalismo, eu já me identifiquei várias vezes como defensor do capitalismo e até gostava de dizer isso porque normalmente ofende os socialistas, mas um exame um pouco mais atento mostra que esse termo não é muito preciso para designar o que eu(e os outros Sheeters) defendo. O termo "capitalismo" é amplamente usado pelos marxistas para designar a nossa sociedade porque eles acreditam que ela é dominada pelo capital. Um liberal não defende isso de forma alguma, a sociedade defendida pelos liberais é comandada pelas forças de mercado, ou seja, em última instância pela vontade de seus indivíduos. Por isso o termo "capitalismo" é impreciso, muito mais adequado é "economia de mercado".

Existem várias diferenças entre a sociedade que Marx  e os socialistas marxistas acreditam que sejao capitalismo e o que realmente existe nas economias de mercado em bom funcionamento. A primeira diferença brutal entre o pensamento dos socialistas e a realidade é a idéia do de duas classes antagônicas, capitalistas e proletários, que são também opressores e oprimidos. Uma economia de mercado não é formada por classes e sim por indivíduos que fazem escolhas diferentes, têm anseios diferentes, projetos diferentes. Esse é uma das boas explicações para o fracasso das economias planificadas. Indivíduos têm entre si alguns interesses antagônicos e outros comuns, dizer que a sociedade é dividida em duas classes principais e inimigas com interesses quase sempre antagônicos é uma generalização absurda que, se levada a sério,  só podia levar aos resultados que levou nas experiências socialistas.

A idéia da opressão por parte dos capitalistas também é questionável. Como os capitalistas teriam condições de oprimir se não possuem direito ao uso da força? Quem realmente tem condições de oprimir é o Estado, tão defendido pelos socialistas. Esse sim possui autoridade e monopólio sobre o uso da força.

Outra idéia completamente distorcida é que os liberais defendem um Estado que garanta os interesses dos capitalistas. A idéia dos liberais é de um Estado que garanta contratos que possibilitem o bom funcionamento de uma economia de mercado. Contratos que possuem informações claras e são acordados sem coerção necessariamente defendem os interesses de todas as partes envolvidas(ou elas não aceitariam os termos), assim, um Estado que garante contratos é um Estado que defende os interesses de todos e não de grupos ou indivíduos em particular.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Passagem do "Caminho da Servidão"

Estou lendo o Caminho da Servião, do Hayek. O livro é brilhante e deixa quem lê extremamente assustado(a pessoa fica ainda mais paranóica com socialismo). Uma passagem brilhante do livro:

"Os príncipios básicos do liberalismo não contém nenhum elemento que o faça um credo estacionário, nenhuma regra fixa e imutável. O princípio fundamental segundo o qual devemos utilizar ao máximo as forças espontâneas da sociedade e recorrer o menos possível à coerção pode ter uma infinita variedade de aplicações."


Vivemos em um período preocupante, onde se culpa o liberalismo pela crise e se defende uma maior participação do Estado na economia. Isso depende de coerção e gera ineficiência, certamente não é uma boa idéia.

O liberalismo não só é o modelo que garante eficiência, é também o único modelo moralmente defensável.