sexta-feira, 25 de julho de 2008

Impressões do Chile

O Marcelo foi pra Europa, o verdadeiro objetivo dele por lá é comer comida norte-americana. Eu estou no Chile(e também pretendo fazer o mesmo que ele quando chegar em Santiago, agora estou no Atacama). Passei poucas horas em Santiago, mas a impressão que a cidade deixa é de prosperidad e de modernidade. Aqui no norte do Chile, em um dos desertos mais secos do mundo, mesmo com o ambiente inóspito, eles parecem muito organizados. A exploração do turismo como fonte de renda parece ser muito competente.

A verdade é que o Chile é a economia mais rica(per capita) da América Latina, se não estou enganado. Isso é um feito, especialmente considerando que o Chile era muito menos valorizado pelos espanhóis que as outras regiões colonizadas e que está isolado do resto do continente pelos andes. Em comum com os chilenos temos o desgosto pelos próprios políticos, reclamações com impostos absurdos, temor renovado da inflação e o fato do Evo Moralles dizer para os bolivianos que somos imperialistas sanguinários.

A principal diferença me parece clara: os chilenos pararam de brincar com a economia antes de nós. Certamente foi esse o principal legado positivo deixado pelo governo de Augusto Pinochet, ele treinou os chicago boys que trouxeram noções modernas de condução de política econômica. Ter aulas com o Friedman faz a diferença. Isso foi no final dos anos 1970, o impacto foi notado a partir do final dos anos 80. Eles até tiveram inflação de dois dígitos nos anos 80, mas em um ano ela era menor que a brasileira foi em um mês.

Na minha opinião, o Brasil parou com as brincadeiras em 1994. Ainda que o gasto público continue um problema, sem inflação as coisas já melhoram muito. No Chile foram uns 10 anos até os efeitos começarem a aparecer de forma significativa, no Brasil pode ser que estejam começando. Um bom sinal é que nos dois países, mesmo presidentes de esquerda não mudaram de forma significativa a política econômica, é sinal de seriedade(claro que eu preferia presidentes liberais, mas não se pode ter tudo).

Ah, faltou falar do NAFTA, mas isso fica pra um proximo post.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Os estranhos preços poloneses

Estou viajando pela Polônia no momento.
Os preços (relativos) são muito estranhos.
Um litro de gasolina custa algo proximo a 5 reais
Um café também 5
Uma garrafa pequena de refrigerante 2.50
Um tabuleiro de xadrez muito bonito e bem trabalhado 20
Um Big Mac, a mesma coisa. God bless Mc Donald's

Tem muitas coisas interessantes pra se tirar disso. O principal é que estou de férias, logo não vou produzir coisas interessantes pq meu cerebro parou eu acho. Alguém pode se perguntar se produzo quando não estou de férias...
Enfim, hora dessas pego uns dados sobre o país e escrevo mais.

domingo, 13 de julho de 2008

Indios

Esses tempos eu estava em um almoço de família. Por alguma razão chegaram na questão dos índios, acho que pra irritar meu primo.
alguém falou que o Estado deveria limitar-se a dar saúde e educação para os índios.
Já eu acho que o Estado não deve dar nada. Índios pagam impostos?
É justo o Estado pagar a saúde e a educação de uma parte da sociedade sendo que essa parte da sociedade não paga por esses serviços?
Tem babosa pra que?

terça-feira, 1 de julho de 2008

RU

Hoje, saindo da dentista - que fica na frente do Santa Inês, na Protásio - vi uma lanchonete que oferecia o almoço do dia a R$ 3,80. A refeição era composta por estrogonofe, arroz, batata palha, salada e mais uns dois pratos. De imediato, lembrei do RU - a entidade da UFRGS que eu mais gosto de criticar.

Um almoço no RU sai por R$ 1,30. A refeição consiste, na maioria das vezes, de arroz, feijão, uma salada bem muquirana e uma guarnição no melhor estilo engasga-gato (batata cozida, por exemplo). Há uma carne - dura quando é bovina, miserável quando é peixe e seca quando é de frango - e alguma sobremesa (as pessoas ficam notavelmente felizes quando se trata de uma paçoquinha ou de uma goiabadinha, ambas de dimensões exíguas).

Naturalmente, o RU é subsidiado. De quanto é o subsídio? Eis um verdadeiro mistério. Já ouvi falar que os custo unitário excede R$ 4,00.

É bem verdade que eu não experimentei a comida da lanchonete de R$ 3,80. Mas eu dei uma olhada para o seu interior. Organizadinha e apresentável. Bem mais convidativa do que o RU (inclusive pelo cardápio).

Suponhamos que o custo unitário do RU seja de R$ 4,00. Neste caso, como o preço pago pelo estudante é de R$ 1,30, o subsídio por refeição é de R$ 2,70. Se este subsídio de R$ 2,70 fosse entregue diretamente ao aluno e o preço do RU subísse para R$ 4,00, os alunos continuariam almoçando lá ou então procurariam alguma opção mais interessante por preço semelhante nos arredores? (Poderiam rachar uma ala minuta no Tudo Pelo Social, por exemplo.)

Se um estabelecimento pequeno consegue obter lucro ao vender uma refeição por R$ 3,80, porque os custos unitários do RU, onde a produção tem ganhos de escala, são de R$ 4,00? Não seria bem mais socialmente vantajoso dar o subsídio diretamente ao aluno, para que ele pudesse escolher onde faz suas refeições?