sexta-feira, 27 de junho de 2008

O novo PSI argentino

A Argentina inova mais uma vez. Agora é a vez do processo de substituição de inflação. Toda a vez que o preço de um produto subir muito, ele será retirado da cesta que serve de base para o índice de inflação. Logo logo a Argentina vai apresentar deflação, na cesta: frutas velhas, máquinas de escrever, jornais da semana anterior...

Droga! a Argentina tinha de dar certo, seria um lugar legal pra fugir.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Eu, minha família, Bastiat e as modelos anorexicas

Minha família comentou sobre o Econosheet hoje no almoço. Isso me deixou feliz, é sinal de que nós temos leitores(ok, tem um pouco de nepotismo, mas vale). Comentaram sobre as postagens e, em dado momento, minha tia disse que certos agentes podem ter poder demais sobre o mercado, então, em certos casos, se justificaria a ação do Estado. O exemplo levantado é o caso das modelos, que estariam ficando anorexicas por exigência das empresas de moda. Para impedir isso, o governo espanhol pretende proibir desfiles de modelos com um IMC abaixo de 18(isso é medido por peso dividido pela altura ao quadrado). Isso seria uma intervenção estatal justificável.
Minha resposta lá foi meia-boca, pra isso que serve o Sheet, pra conseguir argumentar com calma. Tem gente que acha que "O Poderoso Chefão" tem todas as respostas, eu procuro as minhas no Bastiat. Claro que ele não acertou todas, mas a capacidade de argumentação dele era fantástica. Bastiat disse que o que diferencia um mau economista de um bom economista é que o primeiro só vê as conseqüências diretas das ações, enquanto o segundo observa as indiretas.
Bom, eu devo começar dizendo que não acredito que as empresas queiram modelos magras por simples maldade. A magreza tem uma função, modelos magras cabem em todas as roupas e, pelo que se diz, o caimento das roupas fica melhor(os estilistas devem acreditar que as roupas ficam muito melhor nos cabides do que nas pessoas). Se isso é verdade, eles não vão simplesmente deixar de contratar as modelos mais magras, o provável é que passem a fazer menos desfiles na Espanha. A proibição das modelos mais magras age como um "custo" extra nos desfiles. É como o governo colocar um limite de velocidade nas corridas para os pilotos não morrerem, um lugar que tiver isso provavelmente deixaria de ter corridas. Esse efeito é o que geralmente não se vê.
Dizer que o governo não deve proibir a magreza das modelos equivale a dizer que eu quero que as pessoas morram de fome? É evidente que não, eu acho que as modelos realmente são magras demais, e acho anorexia uma coisa terrível. Mas uma coisa é ser contra a anorexia, outra é achar que o governo tem meios para prevenir isso sem gerar distorções. A decisão sobre a magreza é da pessoa e ela não deve ser punida por parar de comer. A decisão de contratar modelos magras é das empresas, são elas que pagam os desfiles. Essas decisões não geram externalidades significativas(uma pessoa emagrecer não melhora ou piora a vida de outra), não há motivo para intervir nisso.
O argumento geralmente é "decidir emagrecer é ruim pra pessoa", bom, pessoas podem considerar tomar Coca-cola é ruim pra mim(gosto muito de coca-cola e de exemplos com ela), pode me matar mais cedo, eu sei disso e tomo do mesmo jeito, faço isso porque considero que o benefício de beber Coca-cola é maior do que os custos(o preço dela, o desprazer de engordar, possíveis doenças no futuro...), outras pessoas consideram o contrário e não bebem. Esse tipo de decisão depende de gostos pessoais, como os gostos são diferentes, é simplesmente impossível definir o que é bom ou ruim para uma pessoa. Quando o Estado decide tomar esse tipo de decisão pelas pessoas, limitando a liberdade de escolha delas, o resultado é, invariavelmente, uma queda no nível de bem-estar da sociedade. Pense no seguinte: se a tomada de uma decisão privada fosse ruim para a pessoa, essa decisão simplesmente não seria tomada. Mais um exemplo: muita gente pode pensar que eu deveria estar estudando ao invés de estar escrevendo esse post, será devo ser proibido de gastar tanto tempo postando?
Como evitar as mortes de fome? Certamente isso deve partir de decisões privadas. Uma das idéias é educação que parta das famílias para que suas filhas não deixem de comer. Certamente essa decisão não é causada unicamente pela indústria da moda, tanto que existem meninas anorexicas que não querem ser modelos, e a maioria das modelos não é anorexica. Anorexia pode ser considerada uma doença causada por assimetria de informação: as pessoas perdem a noção de como estão magras. Nesse caso é necessária a ajuda de profissionais da saúde. Outro fator que pode influenciar isso é a opinião pública. Nenhuma marca deve querer ser acusada de causar a morte de meninas por inanição ou ser associada à anorexia. Continuando com o paralelo dos acidentes de corrida, as escuderias da formula 1 decidiram limitar a potência dos carros e adotaram mais dispositivos de segurança. Foi uma decisão privada, não algo imposto. De maneira semelhante, as marcas que realizam desfiles poderiam acordar a não contratação de modelos anoréxicas.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Comentário sobre a lei de falências

De acordo com a lei de falências brasileira, o governo é quem tem o direito de chafurdar primeiro nos restos da empresa. Isso irrita muita gente.
Pensando "tecnicamente" o governo é a sociedade organizada (by A. Zimmermann, "alemão"). Então, o governo tendo direito de "ir" primeiro na verdade está se pagando a dívida da empresa com toda a sociedade.
No Brasil a sensação não é essa. Ou o governo é a sociedade desorganizada, ou uma sociedade (muito bem) organizada voltada para o roubo, da qual eu (infelizmente) não faço parte.
A irritação de muita gente tem algum fundamento.
É, bom e velho rent-seeking sempre à espreita...

domingo, 15 de junho de 2008

O divertido mundo dos blogs

Fui dar um olhada no blog do Mankiw e achei um post divertido.
Ele falando que foi ao cinema assistir Sex and the City. O post não tem nada demais. Divertido é ler esse tipo de coisa do cara que escreveu um livro que tu usa na faculdade, um professor em Harvard, alguém tão distante. Gosto do blog dele por isso, os melhores posts são sobre a vida pessoal dele. Legal saber o que essas pessoas fazem no final de semana.
Aos meus fiéis adoradores, logo começo a postar sobre minha vida pessoal.
É óbvio que estou brincando, não divulgo minha vida pessoal gratuitamente, escreverei uma biografia e ficarei rico!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Homenagem a J.M.Keynes

Keynes é considerado por muitos o maior economista do século XX, eu acho isso besteira, essa homenagem não é por isso, será explicada abaixo, mas primeiro devo falar um pouco sobre o autor.

Ele fez teorias heróicas, como a da demanda efeitiva, incentivou os governos a gastarem o que tinham, o que não tinham e mais um pouco. Aqui na América Latina, sua teoria inspirou intelectualmente a CEPAL, que fez teorias ainda mais heróicas, como o subconsumismo. Entre as escolas seguidoras do Keynes na atualidade, destacam-se os novos-keynesianos(que parecem ter abandonado a teoria enquanto era tempo, mantiveram o nome) e os pós-keynesianos, que são uma espécie de fã-clube da inflação.

Bom, a razão dessa homenagem é uma frase brilhante proferida sobre esse autor(calma, não é aquela imbecilidade sobre longo prazo):

"Marxian Socialism must always remain a portent to the historians of Opinion — how a doctrine so illogical and so dull can have exercised so powerful and enduring an influence over the minds of men, and, through them, the events of history."

terça-feira, 10 de junho de 2008

Lula Vs. Introdução à Economia

Lula fez um discurso defendendo a CSS, não a banda, o imposto.
O discurso era algo do tipo: nunca na história desse país... com o fim da CPMF eu não vi nenhum preço cair 0,38%.
1) Será que o Lula sabe calcular 0,38%?
1.1) será que ele lembrava de algum preço? Sabe comé que é né, alguns estudos fazem umas correlações entre...
1.2) Será que ele faz as próprias compras?
2) Será que com a CPMF os preços não estariam mais elevados?
3) Será que ele não sabe que o consumidor teve um aumento na renda real com o fim da CPMF? (na verdade o governo aumentou em "outras pontas" a tributação, mas fica a lógica...)
4) Será que ele não sabe que ao pagar menos impostos o contribuinte se sente menos roubado por essa máquina de extorsão?

domingo, 8 de junho de 2008

Eu choro quando vejo miséria

Pessoas costumam dizer que ficam muito tristes ao ver pobreza, sendo que elas tem dinheiro. Portanto, o comunismo seria uma solução (claro que as pessoas pensam em distribuir a renda alheia). Ou qualquer outro método de distribuição de renda forçada.
Bem, não comece a teorizar sem fatos. Vamos lá!

Esse gráfico nos mostra coeficiente de gini (X) e bem-estar (Y).
O interessante nesse gráfico é notar o seguinte:
Países com coeficiente de gini inferior a 0,5 e bem-estar superior a 70 são quase todos europeus, norte-americanos e asiáticos.
Países com coeficiente de gini superior a 0,5 são principalmente os latinos, desses países apenas a África do Sul apresenta bem-estar abaixo de 70.
Países com coeficiente de gini abaixo de 0,5 e bem-estar inferior a 70 são quase todos ex-colônias russas.

O que tiramos disso? Comunismo não é solução! Nem distribuir renda na porrada, é preciso ter renda pra distribuir (1/100= 0,01 100/100=1, mais claro agora?)

terça-feira, 3 de junho de 2008

Tragédia dos Comuns e Trabalhos em Grupo

A Teoria de Jogos provê uma boa justificativa para o fato de eu não gostar de trabalhos em grupo.

Independente da forma como os grupos são formados - se por sorteio ou afinidade entre os membros - esse tipo de tarefa resulta normalmente em um trabalho de péssimo qualidade ou em um bom trabalho às expensas de uma única alma caridosa, que sacrificou seu tempo em benefício dos demais.

Trabalhos em grupo são um caso de Tragédia dos Comuns:

A Tragédia dos Comuns é uma espécie de Dilema do Prisioneiro com um grande número de participantes. A deserção de cada indivíduo em particular afeta muito pouco o restante da coletividade, mas traz grandes vantagens para o desertor. Mas é justamente aí que está o problema: como cada um pensa que sua própria deserção tem pouco significado, todo mundo tende a desertar, o que faz com que a massa de pessoas desertando influencie significativamente o resultado de todo o grupo. No fim das contas, acontece o equilíbrio do sistema na situação em que todos desertam, de forma muito semelhante ao Dilema do Prisioneiro.

(Roubado Extraído daqui. Lembre que este é um post sobre Teoria de Jogos e Economia do Cotidiano e não sobre Economia e Meio Ambiente.

No caso de um trabalho em grupo, qualquer um dos componentes pode pensar que, como há várias pessoas empenhadas na tarefa, sua contribuição é prescindível e, portanto, seu esforço não é necessário para o êxito da equipe. Como esse pensamento deve ocorrer também aos seus colegas, é bem provável que a tarefa acabe caindo sobre os ombros de uma única alma altruísta ou, ainda, seja realizado de forma muito precária na última hora, momento em que todos pagam a conta por terem incorrido num caso de tragédia dos comuns.

O mais surpreendente é que ainda existam professores de Economia - que teoricamente deveriam conhecer um mínimo de Teoria de Jogos - pedindo trabalhos em grupos para seus alunos.